Os vinhos biológicos ainda despertam em nós, comuns consumidores, muitas perguntas e, às vezes, resistências. Desconfio que isto se deva ao facto de, não sendo um tema novo, ter sido objecto de várias actualizações nos regulamentos que o definem.
Assim, aqui ficam algumas perguntas e respostas que podem orientar a sua próxima ida a uma garrafeira.
O que são Vinhos Biológicos?
- Em Portugal e na Europa, são considerados vinhos biológicos os que são produzidos segundo o disposto no regulamento Europeu existente para este efeito. Basicamente não são permitidos fertilizantes, pesticidas, herbicidas, fungicidas ou fumegantes de origem química e sintética (químicos de síntese), não se permite o uso de antibióticos, reguladores de crescimento ou OGMs e a utilização de cobre tem limites máximos. Igualmente a quantidade de sulfitos adicionados, está muito abaixo do que se usa no vinho convencional.
Como identificar um vinho biológico?
- Legalmente o rótulo deve conter a expressão “vinho biológico” bem como o logotipo verde que o define.
- Além dos aspectos legais, muitos produtores optam por utilizar alguns elementos visuais que inspiram o consumidor a uma fácil percepção de estar perante um produto “bio”. A cor verde, a representação de uma joaninha, a imagem de vegetação, folhas, etc
São diferentes?
- As diferenças no tipo de produtos, ou nas práticas utilizadas nestes vinhos, não conferem por si só diferentes sabores, aromas ou texturas. No entanto facilmente percebemos que diferentes práticas na vinha e na adega conduzem a diferentes vinhos no copo.
- Um exemplo pode tornar a questão mais clara: Imagine que para fazer uma receita culinária de família, daquelas que já a avó preparava, era lançado o desafio de utilizar produtos de origem ou marcas diferentes, utensílios de cozinha novos, fornos, panelas e tachos, tudo diferente! Muito provavelmente o resultado não seria igual ao da sua avó… não seria necessariamente melhor, nem pior… mas sim diferente, embora a receita fosse a mesma.
Têm mais qualidade do que um vinho convencional?
- Não! Mas também não têm menos. O facto de serem ou não produtos biológicos não está directamente relacionado com a qualidade do produto final. Acho razoável falar de mais ou menos carácter, de maior ou menor perfil genuíno. Quanto à qualidade será avaliada por cada consumidor.
Fazem melhor à saúde?
- Também diria que não. Os vinhos convencionais comercializados no mercado estão sujeitos a apertadas normas alimentares que asseguram o seu carácter não nocivo para a saúde humana. A questão biológica deve orientar em nós uma preocupação ecológica com o equilíbrio do meio ambiente e da sustentabilidade do planeta.
São mais caros? Porquê?
- Nem sempre são mais caros, mas muitas vezes sim. As práticas ecológicas aumentam a fragilidade ao ataque de bactérias, fungos, insectos e outros organismos, bem como outras perdas tanto na vinha como na adega. Assim, facilmente percebemos aumentos dos custos de produção.
Onde Comprar?
- Estes vinhos têm vindo a ganhar importância nos hábitos dos consumidores e por isso também a ganhar espaço nas prateleiras das garrafeiras e supermercados de uma forma geral. No entanto, não são normalmente o argumento de venda principal e por isso encontram-se espalhados e misturados por entre todos as outras garrafas de vinhos convencionais.
- Valerá a pena destacar a garrafeira do Biomercado, na Avenida Duque Ávila, em Lisboa. São mais de 90 vinhos biológicos nacionais! Espalhadas por todo o território existem as lojas Celeiro, que também contam com uma oferta generosa.