Brancos das Uvas Tintas

André Pinguel // Abril 20, 2017
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A ideia de um vinho branco ser feito a partir de uvas tintas provoca sempre em mim alguma surpresa e curiosidade. Gosto da dualidade implícita e indissociável, quase como um desafio ao que seria suposto.

Não é um método novo, não é uma ideia mais arrojada de um produtor que gosta de arriscar. Pelo contrário, algum dos vinhos brancos mais conhecidos e mais caros do mundo, são feitos a partir de uvas tintas e contam já com séculos de colheitas. Estou naturalmente a pensar na produção clássica de Champanhes feitos a partir da uva Pinot Noir, a que se chamam Blancs de Noir.


Os pigmentos que conferem a cor tinta aos vinhos estão presentes na película da uva. Assim, depois da prensagem é preciso que o mosto fique em contacto com as películas para extrair cor destas. Se pelo contrário o mosto for imediatamente separado das películas, fermenta e torna-se vinho sem nunca obter a cor tinta.
A exceção está nas castas tintureiras que apresentam pigmentação também na polpa, e por isso dão origem a vinhos com maior concentração de cor como por exemplo o Alicante Bouschet, muito utilizado em grandes vinhos do Alentejo.

Para ilustrar tudo isto com casos reais, deixo duas sugestões que me agradam muitíssimo! Vinhos muito bem feitos, pensados para serem brancos mas que nasceram de uvas tintas, e que superam expectativas.

Da região de Palmela, vem o Pegos Claros Blanc de Noirs, feito a partir da uva Castelão.

Do Alentejo, pela mão da Adega Ervideira, chega-nos o Invisível que além do feliz nome oferece uma prova de alta qualidade.

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