Este artigo é sobre a forma como a moda afeta o mundo dos vinhos. E não é pouco! Neste ramo há muitas coisas que podem estar na moda: a casta da moda, a região da moda, o enólogo, o país, vinhos com ou sem madeira, a marca, o tipo de rótulo e tantos outros detalhes.
Há uns tempos, estava eu numa conversa de circunstância, daquelas que depois de eu explicar ao que me dedico rapidamente resvalam para a temática dos vinhos. A pessoa que eu tinha acabado de conhecer comentou a certa altura que os vinhos que mais gostava eram os da casta Chardonnay, claramente a querer evidenciar os seus gostos internacionais adquiridos numa temporada em Nova Iorque. Ora eu, depois desta informação, arrisquei adivinhar que essa passagem pelos EUA teria sido há 10 ou mais anos… e acertei! É que o Chardonnay esteve na moda no mercado Americano por essa altura.
Por cá, a moda mais óbvia a que assistimos recentemente terá sido a do vinho rosé. Não sendo uma novidade para ninguém, de repente começámos a ver muito mais rosés! Todos os produtores alargaram as suas gamas e, nos supermercados, foram-lhe dedicadas prateleiras inteiras.
Atualmente, arrisco dizer que o Dão está na moda! É, e sempre foi, uma região com grande potencial. Mais do que isso, já com provas dadas. Ainda assim, ficou com visibilidade reduzida ao lado do Douro ou do Alentejo. Mas de repente desapareceu a vergonha de dizer que se gosta do Dão. Que o Dão é a região favorita, que é um espetáculo e sabe-se lá o que mais! E as castas do Dão! O Alfrocheiro, o Jaen e o Encruzado, de repente parecem ser as castas melhores do mundo que estavam injustamente esquecidas… As modas são assim.
Em conclusão, eu diria que é normal e desejável que exista este fenómeno. É assim que a industria se reinventa, que damos atenção a pormenores outrora ignorados, que introduzimos novos hábitos. E ainda bem que existem sempre os arrojados que apostam numa nova casta ou região quando o mercado parece apontar o contrário. Sim, todos seremos um pouco fashion victims… e então?!