O Cérebro, ondas cerebrais e stress - Parte 3

Rute Caldeira // Dezembro 20, 2016
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Nos textos anteriores, abordei a forma desordenada como funcionamos, quando estamos sob grande tensão e stress. Felizmente, tudo isto é contornável se estivermos atentos e conscientes aos sinais do corpo. Qualquer pessoa que fique atenta a si mesmo, consegue identificar quando o corpo apresenta tensão, quando a mente começa a ficar mais acelerada, quando o ritmo cardíaco aumenta e quando a respiração se torna ofegante ou superficial.

É importante aprendermos a estabilizar a mente e passarmos a ser o seu maestro. Trocar pensamentos negativos por pensamentos construtivos e harmoniosos, transformar a insegurança em segurança, transformar o pessimismo em positivismo, ir à rua apanhar ar, procurar ter contacto com a natureza, parar por uns 10 minutos para respirar calma e profundamente e nessa respiração observar como está cada parte do corpo, fazer uma breve autoanálise, entrar no momento presente colocando toda a atenção no ato de respirar, no batimento cardíaco e em todas as outras partes do corpo. Estas são técnicas simples que ajudam a reduzir as nossas ondas cerebrais, passando do estado beta, para o estado alfa (como pode rever na parte 1 deste texto).

Desta forma, permitimos que a nossa atenção saia de um pensamento obsessivo destrutivo para pensamentos mais leves, descontraídos e ordenados. Este é o estado de “ser” natural em que devíamos viver e não em estado constante de alerta e stress.

 

neurotransmissores

Para poder compreender ainda mais a fundo, como funciona e o poder que tem dentro da poderosa máquina chamada cérebro, vou deixar um exemplo, que explica facilmente como na nossa mente existe a todo o segundo a “lei” da causa-efeito. Ou seja, tudo o que pensamos e sentimos, tem um efeito imediato em nós. Quando temos um pensamento acompanhado de uma emoção entram em ação três agentes: os neurotransmissores, depois os neuropeptídeos e as nossas hormonas.

Por exemplo, se eu pedir que feche os olhos, que imagine uma rodela de limão na palma da sua mão, que traga essa rodela próximo do seu nariz e a cheire, de seguida imagine que traz essa rodela de limão para a sua boca. É um limão cheio de suco e você começa a saboreá-lo. Nesse preciso momento vai perceber que começou a salivar. O que aconteceu aqui foi muito simples, primeiro visualizámos o limão, fantasiamos que tínhamos um limão na mão e depois na boca, nesse momento o cérebro apressou-se a produzir alguns neurotransmissores que ligam a uma rede de neurónios, a qual cria imagens na nossa mente (representações mentais). Esses químicos estimulam então a libertação de determinados neuropeptídeos na corrente sanguínea e estes quando chegam às glândulas salivares, ativam o sistema hormonal, razão pela qual começamos a salivar como se efetivamente tivéssemos o limão na boca.

Este exemplo tão simples e tão prático, mostra que quando tornamos os pensamentos tão reais na nossa mente, o corpo começa a preparar-se para ter a experiência de saborear o limão. Eis o poder da ligação entre o corpo e a mente. Isto é precisamente o que acontece com os ataques de pânico, quando alguém se fixa no medo obsessivo de algo, numa insegurança, cria na sua mente a representação mental de que essa experiência que teme está a acontecer, a mente não consegue distinguir se está a acontecer ou não, porque efetivamente em termos mentais está. Nesse caso todo o corpo reage a uma grande sobrecarga de adrenalina, disparando o ritmo cardíaco e a pessoa perde o controlo das suas emoções, do seu corpo e de si mesma.

Na próxima semana, terá um texto e um vídeo que ensinará a fazer a respiração correta. A respiração é um medicamento natural e será uma das excelentes ferramentas, como a meditação, para ser o maestro da sua mente e equilibrar o seu ritmo de vida.

Rute Caldeira

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