Como muitos de vós sabem, temos um quinto elemento na família aqui em casa: o nosso Brownie. Um cão que está connosco há oito anos e que amamos e cuidamos verdadeiramente. Quem tem animais de estimação e o coração no sítio certo sabe que criamos com eles uma ligação fortíssima, que nos leva a fazer tudo para que estejam bem e felizes.
Uma das rotinas diárias é passeá-los. Nós conseguimos passear o Brownie três vezes por dia, o que é ótimo. O Brownie continua a ser um cão brincalhão e vivaço e, sempre que se encontra com outros cães, não perde a oportunidade de correr e saltar até que as forças lhe faltem.
Passeios com a devida segurança
Eu não gosto de soltar o Brownie em sítios que não estejam devidamente pensados para isso. Se estiver no campo, num local aberto e sem o risco de aparecerem outros cães, aproveito para o deixar em liberdade, para que possa fazer as suas buscas e escavações. No Alentejo, é onde estou mais à vontade para isso.
Quando estou em Lisboa e sou eu a passeá-lo, só o solto nos parques para cães, porque têm regras e só podem ser usados por animais que sejam pacíficos e convivam bem com os outros. É raro encontrar aí dog walkers, mas penso que se percebe porquê.
O encontro inesperado
Um destes dias, uma amiga nossa foi passear o Brownie para uma zona de Lisboa com grandes espaços verdes. Passeou-o sempre à trela até que encontrou um parque para cães. Como estava vazio, soltou o Brownie para que corresse à vontade.
Eis que surge um Pitbull, sem trela nem açaime, como a lei obriga para cães de raças potencialmente perigosas, acompanhado por uma jovem. O que se passou a seguir foi muito rápido. Os dois cães começaram a correr juntos e o Brownie levantou as patas na direção do outro cão, para brincar, como é normal. Só que o Pitbull não interpretou o gesto da mesma forma e atacou de imediato o Brownie, numa cena violenta.
A coragem da nossa amiga
A rapariga que acompanhava o Pitbull não era a dona, mas sim uma dog walker, sem qualquer experiência ou autoridade sobre o animal. Vendo o Pitbull decidido a acabar o que tinha começado, a nossa amiga pôs a vida em risco e segurou o cão pelo dorso. Com os nervos e a adrenalina, ganhou uma força que não era dela. Acabou por conseguir levantar o Pitbull e libertar o Brownie.
A jovem limitou-se a gritar e lá conseguiu pôr a trela no cão que estava sob a sua responsabilidade. A nossa amiga pegou no Brownie ao colo, que se estava a esvair em sangue, e atou-lhe um pano que tinha no carro à pata. Procurou desesperadamente na internet um hospital veterinário aberto àquela hora da manhã e seguiu em grande velocidade.
O tratamento e a recuperação
O Brownie foi muito bem socorrido e tratado. Teve de fazer análises por causa da imensa perda de sangue e ser visto por um médico cirurgião, pois todas as mordidas tinham sido na pata, que já tinha uma enorme cicatriz de quando ele esteve desaparecido e ficou preso numa armadilha. Felizmente, a recuperação tem sido muito boa e, em breve, o Brownie terá alta.

O dono do Pitbull responsabilizou-se, consciente de que o seu cão não podia passear sem trela nem açaime. A nossa amiga ficou muito traumatizada com o que viveu. Quando se apercebeu do que aconteceu, percebeu que, para salvar o Brownie, pôs a sua própria vida em risco. Agora, temos de a ajudar a superar este episódio, que podia ter acabado muito mal para todos.
Nota: Fotografia destaque por Verónica Silva