Em 2020 só quero amar e ser amada pelos meus

Fátima Lopes // Janeiro 4, 2020
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Um início de ano inesperado…

Na manhã de 01 de Janeiro, estava a preparar um texto sobre a entrada neste novo ano para partilhar aqui convosco, quando recebi um telefonema da minha filha. O Brownie tinha desaparecido. Sem conseguir terminar o texto que estava a preparar, seguiu-se uma grande angústia e uma experiência bastante forte em termos emocionais. 

Muita coisa me passou pela cabeça.

Eu estava muito longe do local onde o Brownie tinha desaparecido, mas dirige-me para lá imediatamente para conseguir tratar do que era necessário, para além de tudo o que a minha filha já estava a fazer. Chegada ao local, dirigi-me ao posto da GNR e informei que tinha havido um avistamento ali na zona. A seguir parti para as buscas em todas aquelas terras circundantes à zona em que desapareceu.

Nunca tinha pensado no impacto que teria em mim um problema com o Brownie.

Enquanto chorava, que foi o que mais fiz naquele dia, pensava que o Brownie é, sem dúvida, um membro desta minha nova família: eu, os meus filhos e ele. Isto é tão verdade, que nunca tinha parado para pensar como seria a nossa família sem ele. E, aquela ausência e principalmente o total desconhecimento do que lhe teria acontecido, onde estaria, a ideia de ele estar em sofrimento, deixou-me completamente desesperada. 

Foi um sofrimento imenso.

Sou uma pessoa que, mesmo nas situações mais delicadas, consegue manter o sangue frio e ser decidida. No entanto, perante o desaparecimento do Brownie, foi com grande esforço, que consegui manter a capacidade de pensar e fazer o que me parecia acertado. O facto de não parar de chorar, dificultava as minhas habituais competências. O coração pregava-me rasteiras e eu tinha dificuldade em levantar-me.

Porquê? 

Durante a viagem de carro pensei no motivo porque isto estava a acontecer logo no primeiro dia do ano. Perguntei-me o que me estaria a mostrar esta situação? O que é que eu poderia aprender com tudo isto? Lembro-me de fazer todas estas perguntas e de as partilhar com a minha amiga Carla, que me acompanhou sempre, e de lhe dizer que tudo tem um sentido de acontecer. Temos sempre algo a aprender com as situações com que nos deparamos. Eu não sabia o que tinha acontecido ao Brownie, acreditava profundamente que ele ia aparecer, mas perguntava-me o porquê disto tudo. 

A verdade é que depois de toda a experiência passada, de chegar lá, de passar todas aquelas horas nas buscas, de voltar sem resposta nenhuma, cheguei a casa e tive ainda de confortar o meu filho. Lidar com a sua tristeza, o seu sofrimento e as suas lágrimas, fez com que todas estas questões teimassem em permanecer na minha mente. 

Reflecti bastante durante a noite.

Apercebi-me que, nos últimos tempos, a vida me tem empurrado cada vez mais para uma conclusão: realmente o que mais importa são os sentimentos, as emoções, as nossas e as dos outros, aquilo que as pessoas, os animais, nos fazem sentir. É aquilo que quando amamos e somos amados faz eco no nosso coração. E esta situação com o Brownie, aumentou ainda mais esta que tem sido uma tomada de consciência recorrente nos últimos tempos. 

Cada vez mais olho para a minha família e percebo que eles são o mais importante. Cada vez mais olho para os meus amigos do peito, e percebo que são o mais importante. Cada vez mais sinto que o amor que tenho por mim é o mais importante. Todo este amor que sinto por aqueles que amo e que eles sentem por mim, tem um valor incalculável. Nenhum dinheiro no mundo, nenhum bem, nenhum poder, são tão valiosos como este amor que sentimos por nós e pelos outros. 

O ano entrou e em dois dias já aprendi muitas coisas.

O trabalho é importantíssimo, conseguirmos fazer as nossas coisas também, concretizar os nossos projectos igualmente. Mas, o mais importante é aquilo que faz o nosso coração vibrar, sentir-se vivo, intenso, forte. É aquilo que nos dá vontade de abraçar e ser abraçados. Esta situação com o Brownie, fez-me sentir isto de forma ainda mais forte.

Por isso, quando soube que ele tinha aparecido e exactamente onde desapareceu, agradeci. Agradeci e agradeço um milhão de vezes a Deus e a Nossa Senhora, porque acredito que nos ajudaram. A fé revelou-me uma vez mais, a sua força imensa. Conseguir encarar tudo isto como uma aprendizagem, fez-me crescer e ser mais forte.

Acima de tudo reforcei uma decisão que já tinha tomado na noite de 31 de Dezembro de 2019: aquilo que eu mais quero em 2020, é amar e ser amada pelos meus.

Agora decida você o que quer deste 2020. 

Nota: Fotografias por Verónica Silva

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