Perpetuar as receitas da família

Fátima Lopes // Janeiro 22, 2025
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receitas da família
receitas da família

Como sabem, tenho um gosto especial pela cozinha. Acho que faço pratos saborosos, mas são invariavelmente simples. Não tenho conhecimentos – e, talvez, nem competência – para uma cozinha hiper elaborada e cheia de requinte. A minha mãe foi, e continua a ser, a minha mestre entre os tachos.

Tinha 11 anos quando aprendi a cozinhar, numa época em que, felizmente, aprendíamos tudo bastante cedo, o que só elevava o nosso grau de independência.

 A minha mestre tinha paciência para explicar e, quando as coisas não corriam bem – o que aconteceu muitas vezes –, fazia críticas construtivas, destacando os aspetos em que eu tinha melhorado. Isso fez com que nunca desanimasse nem me inibisse de lhe fazer perguntas. Ainda hoje, quando tenho dúvidas, ligo à minha mãe.

A verdade é que, quando aprendemos receitas com os nossos familiares, elas ganham um valor especial. 

Há receitas que achamos que só eles sabem fazer bem ou que têm uma forma distinta de as preparar. 

De há dois anos para cá, muito por influência do meu companheiro, temos tentado aprender as receitas da família, para que nunca fiquem esquecidas ou perdidas. Não só as anotamos num caderno, como, sempre que é possível, vamos ver como são feitas e praticamos com os “mestres”. O arroz doce da avó paterna do Jorge, a avó Lucinda – que, embora já tenha partido, passou a receita na perfeição para a minha sogra e agora para o Jorge. A marmelada do meu pai, o doce de tomate da minha mãe, o arroz de cabidela da minha sogra. Estas e muitas outras receitas que queremos aprender para continuar a perpetuar na família.

A cozinha pode unir ainda mais as famílias, porque nela as partilhas são quentes e saborosas, como a comida. 

Cada vez mais sinto que cozinhar é um ato de amor e que os sentimentos que colocamos nos ingredientes ditam muito do resultado final. A minha mãe, por exemplo, desde que foi avó, aprimorou ainda mais a sua arte na cozinha. Especializou-se em sopas, e todas elas são maravilhosas! A mim, ninguém me demove da certeza de que o amor pelos netos aperfeiçoou as suas capacidades gastronómicas.

Sempre que vou a casa de familiares que amo, sinto no ar o cheiro que só tem a comida daqueles que nos querem muito bem. 

Por tudo isso, vale a pena investirmos tempo a aprender as receitas das nossas famílias e praticá-las com os mestres até que sejam eles a dizer: “Está muito bom”. É um bonito desafio para 2025.

Nota: Fotografia por Verónica Silva

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