Começo por uma frase que todos já ouvimos mil vezes, mas que a sinto como absolutamente verdadeira: a minha mãe é a melhor mãe do mundo. Cresci rodeada pelo seu afecto e carinho. Sempre muito disponível, muito atenta e com uma capacidade incrível de me ler a alma. Quando era pequenina gostava de brincar com as minhas bonecas e integrar a minha mãe nas brincadeiras. A vida não lhe dava tempo para parar e ficar, simplesmente, a desfrutar aqueles momentos. Mas, ela arranjava sempre solução. Por isso, eu ia para a cozinha, levava as minhas três “filhas” e lá conversava com ela, que ia vestindo vários papéis.
Uma coisa que a minha mãe fazia e que eu adorava, eram vozes diferentes, conforme a personagem que ela interpretava. Eu apanhei-lhe o hábito e fiz aos meus filhos, exactamente, o mesmo. Tanto a Beatriz, como o Filipe pediam-me para que criasse as vozes dos bonecos e eu adorava. Além das boas memórias, resta um sonho que ainda não concretizei: dar voz a uma personagem num filme para crianças. Lá chegará o dia. Adiante.
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Minha mãe, meu anjo protector
Fui crescendo e no período que vivi em Moçambique, a minha mãe foi também o meu anjo protector. Devido às diferenças culturais e à minha imensa vontade de me integrar, passei por situações delicadas. Na escola, os meninos da turma não me aceitavam porque eu era branca. Passava os recreios sozinha, mas como estava muito habituada a partilhar tudo com a minha mãe, contei-lhe. Protectora, lá foi à escola pedir ajuda ao professor. A verdade é que uma conversa verdadeira com as crianças foi suficiente para ultrapassar as dificuldades. Passei por outras situações delicadas, em que a presença da minha mãe foi fundamental para um desfecho positivo.
De regresso a Portugal, a minha mãe continuou a acompanhar-me de forma muito próxima. Entre os meus 15 e os 18 anos, vivemos as duas sozinhas. A minha irmã foi estudar para Vila Real de Trás os Montes e o meu pai foi trabalhar para África, para que ambas pudéssemos tirar cursos superiores. Sem me aperceber fui assumindo o papel de protectora da minha mãe. Estudava, praticava atletismo, saía com os meus amigos, mas evitava dar-lhe as dores de cabeça típicas da idade. Achava que ela já tinha muitas preocupações e, por isso, não tinha o direito de lhe acrescentar outras. Tornei-me mulher cedo e à minha mãe devo este sentido de responsabilidade e o imenso respeito que tenho pelos outros. Tornámo-nos amigas e confidentes, e com ela pude sempre falar de todos os temas. Sem excepção.
A minha mãe é o meu porto seguro, a minha âncora, a minha grande referência como mãe.
Tal como ela, pelos meus filhos faço tudo. A grande referência da minha mãe foi a minha avó, a mulher com melhor coração que alguma vez conheci, dona de uma doçura, generosidade e compreensão únicas. Ficou-me registada a sua expressão de felicidade quando nos recebia ou dava um miminho aos netos. Aqueles olhos azuis acinzentados, continuam, ainda hoje, a aquietar a minha alma, em momentos de turbulência. É a ela, que eu e a minha mãe, pedimos ajuda, quando sentimos que as nossas forças precisam de ser renovadas. É esta passagem de testemunho de amor materno que recebi e que me faz olhar para a minha mãe com amor incondicional e uma eterna gratidão.
Amo-te muito minha mãe. Feliz Dia da Mãe para todos.