Nos últimos 3 anos tenho recebido inúmeros convites para dar palestras sobre variadíssimos temas. Uns mais relacionados com as questões da comunicação, outros com os temas da saúde e bem-estar. Curiosamente nos últimos meses, grande parte das palestras é sobre a minha história a nível profissional.
Algumas pessoas conhecem uma parte do meu trajeto, mas raras são as que têm conhecimento dos muitos degraus que tive de subir para ter sucesso em Televisão, de todo o trabalho feito para me manter no ar, quase ininterruptamente, durante 27 anos e menos ainda as que conhecem o que têm sido estes últimos 3 anos, em que me reinventei por completo.
Curiosamente, é este período mais recente da minha vida que suscita maior curiosidade. Talvez por não ser fácil nem comum, recomeçar aos 52 anos e sem um plano B.
Quando explico como comecei a reorganizar-me e a orientar-me, as dificuldades que tive, os desafios, vejo no rosto de quem me ouve, que a maior parte me percebe e outros, mais do que perceber, sonham com a mudança.
Ouvir uma figura pública falar das dificuldades, dos medos, da humildade que é preciso ter para abrir um novo capítulo da nossa vida profissional, pedindo muitas vezes ajuda, provoca reações interessantes em quem ouve.
No final das minhas palestras, deixo sempre espaço e tempo para que quem está na plateia possa fazer as perguntas que quiser e algumas delas repetem-se sempre, esteja eu onde estiver.
“Como tive coragem de deixar um trabalho onde tinha tanto sucesso e uma vida confortável? Como é que expliquei à família e amigos essa decisão? Por onde comecei a reorganizar-me já que tinha saído dos programas diários em Televisão sem quaisquer planos? Se não tive medo de falhar? E se não tive medo de arriscar? Que recursos fui buscar para conseguir ter sucesso neste novo caminho? Tendo trabalhado tanto anos em Televisão a entrevistar convidados na primeira pessoa, como me sinto agora a partilhar conhecimento com as empresas? Como equilibro o tempo da família com o tempo do trabalho?” Esta pergunta nunca falha. A verdade é que com todas estas questões acaba por se gerar um diálogo muito rico e participativo e isso é super saudável.
Hoje em dia partilhamos pouco e na partilha da nossa experiência e na escuta activa do outro está sempre uma oportunidade.
Gosto que estes momentos sejam informais para que se quebre o gelo e todos possam tirar partido do que é falado. Aposto na proximidade com as pessoas como uma ferramenta valiosa e uso a minha história profissional para motivar e desafiar quem me escuta, a fazer as perguntas certas para perceber se está feliz e realizado ou não. Se acha que consegue sê-lo na empresa/trabalho em que se encontra ou se está na altura de mudar.
De uma coisa tenho a certeza: estas palestras são oportunidades de crescimento para todos. Para mim e para quem me ouve. Porque não há duas empresas iguais e todas as pessoas vivem realidades diferentes.
É por isso que hoje me sinto feliz por entrar no mundo das empresas e descobrir as pessoas que as compõem. E são elas a maior riqueza.
Nota: Fotografia por Verónica Silva