A palavra sucesso encerra em si múltiplos significados e emoções. A sociedade actual impõe-nos que tenhamos um hiper sucesso em tudo, alimentando as comparações tóxicas e tantas vezes feitas de forma ignorante.
A comparação de sucessos ainda não é feita com a ajuda de nenhuma fórmula matemática. Logo depende da cabeça de quem avalia, tantas vezes limitada e cheia de preconceitos vários.
Comparar um casamento falhado com um casamento aparentemente feliz, uma relação tranquila entre pais e filhos e uma relação mais tumultuosa, um trabalho com resultados líderes e um outro onde não se está no pódio. A vida e os profissionais com que tenho trabalhado na área da psicologia e do desenvolvimento pessoal, ajudaram-me a encarar o sucesso de outro modo.
Encarar o sucesso de outro modo
Para mim há sucesso sempre que consegui fazer diferente e melhor do que na vez anterior. São micro vitórias, pequenos avanços, que me fazem sentir mais habilitada para os vários desafios da vida e mais capaz.
Quando depois do segundo divórcio me perguntaram em entrevistas se sentia que tinha falhado, a resposta foi não. Aqueles anos trouxeram muitos momentos felizes, muitas memórias boas, muito crescimento, muitas experiências únicas que valeram a pena. Logo, para mim foi algo com sucesso que durou o tempo que fez sentido.
O mesmo se aplica quando me questionam se sinto que o “A Tarde é Sua” já não é um programa com sucesso. Para mim é e de que maneira. Pode ainda não liderar tantas vezes quanto gostaria, mas é um programa de sucesso. Porque está bem feito, tem óptimos conteúdos, entrevistas profundas e continua a desafiar-me e a dar-me gozo fazer. Eu sou feliz a apresentá-lo, logo para mim é um projecto de sucesso.
Felizmente posso entrevistar à minha maneira, com os meus valores, que são incorruptíveis e com profundo respeito pela vida das pessoas. Quantas vezes chego a casa muito mais rica do que saí, por causa de um convidado? Se isto não é sucesso, então é o quê?
O verdadeiro sucesso
Dou-vos um exemplo recente e que me marcou muito. Isabel, mãe da Nonô, fazia chegar cannabidiol a Portugal, dentro de um peluche, para poder tratar a sua filha. Hoje já vem de Espanha, de forma legal. Esta mãe lutou e luta para provar que não é verdade aquilo que um dia alguns médicos lhe disseram: que no caso da Nôno não havia nada a fazer e que ela ia ser sempre assim. Uma criança totalmente dependente, sem qualquer evolução, numa contagem decrescente para um desfecho trágico. A Isabel não aceitou. Estudou, lutou, arriscou.
Hoje a Nôno está muitíssimo melhor. Esta mãe celebra cada micro sucesso da sua filha. A Nôno já anda? Ainda não, mas já põe os pés no chão. Já fala? Ainda não, mas já diz algumas palavras. Já come tudo sozinha? Ainda não, mas já come os pedaços de fruta partida colocada num prato à sua frente. Já pede para brincar? Ainda não, mas já brinca com a ajuda da família e dos terapeutas. E acima de tudo, já sorri e muito. Isto é sucesso? Sem dúvida! Este é o verdadeiro sucesso.
Nota: Fotografia por Verónica Silva