Há pessoas que têm mesmo de entrar na nossa vida, mas não podem mesmo ficar nela, se quisermos ser felizes. Esta é uma das muitas mensagens que podemos tirar deste meu novo romance “Fomos mais do que um erro”, onde Benedita, que vive um relacionamento tóxico, se vê confrontada com verdades que tenta ignorar com receio de ser abandonada pelo atual namorado. Um medo que está umbilicalmente ligado ao momento da infância em que fora abandonada pelo pai.
Neste livro procuro mostrar através de uma história de ficção, o impacto que os traumas, crenças ou experiências que tivemos ao longo da nossa vida, especialmente durante a infância, têm nos nossos relacionamentos.
Por vezes, julgamo-nos bem-resolvidos em relação ao nosso passado, mas se olharmos atentamente para a nossa vida, talvez consigamos detetar determinados padrões que se vão repetindo e que muito provavelmente estão associados a alguma crença que desenvolvemos depois de uma experiência negativa. No fundo, é o que Benedita nos vem mostrar através desta narrativa que se desenrola num ambiente idílico de herdade onde os cavalos e a vinha são o pano de fundo.
É também através desta nossa personagem principal, que vamos perceber que a vida tem formas muito peculiares de nos fazer crescer e evoluir.
Uma delas é colocar no nosso caminho pessoas que, com as suas características específicas, vão expor as nossas feridas, trazendo ao de cima as inseguranças e carências que nunca tivemos coragem de resolver. Essas pessoas são, muitas vezes, o nosso cônjuge, algum familiar ou simplesmente um colega de trabalho. Na verdade, elas são uma espécie de espelho que nos obriga a olhar para dentro. A tentação será, claro, culpá-las por serem isto ou aquilo, mas se olharmos com atenção, veremos que essas pessoas são o que são connosco porque nós o permitimos, toleramos e aceitamos. O que revela muito sobre nós e sobre a bagagem de problemas mal resolvidos que carregamos em silêncio.
É preciso começar a assumir as nossas responsabilidades. É preciso abrir o baú da nossa infância e encarar os monstros que deixámos lá esquecidos e é preciso parar de aceitar menos do que merecemos.
A Benedita é uma personagem inventada e a história que ela vive neste livro é uma mera invenção, mas se a leres com atenção, talvez percebas que estás a viver uma história parecida, e que é tudo menos ficção.