O dia 25 de Abril é um dia que deveria ser dedicado à reflexão sobre o que é isto de viver em liberdade.
Vivemos 48 anos de ditadura. Somamos 48 anos de liberdade, desde a revolução dos cravos em 1974. Já contamos mais dias em democracia do que em ditadura.
Os mais antigos, ainda se recordam do que era viver em ditadura, impossibilitados de manifestar opiniões diferentes do regime ou pensarem pela sua própria cabeça. Lembram-se também do que era viver sempre com a sensação de estarem a ser espiados. Os pides oficiais e os não encartados, conhecidos como “bufos”, que sem que ninguém lhes pedisse, tomavam iniciativa de denunciar quem não alinhasse com o regime, fazendo com que as pessoas vivessem altamente condicionadas e limitadas.
Isto hoje parece-nos pouco real, principalmente se não vivemos esta realidade e apenas temos conhecimento dela pelos relatos dos outros. O que não podemos deixar que aconteça, é dar esta realidade por garantida.
O mundo e a história, estão cheios de exemplos de casos, onde a liberdade de um povo se perdeu a partir do momento em que chegou ao poder alguém com uma ambição desmedida e incapaz de pensar no bem coletivo. Estamos a viver esta realidade com a guerra na Ucrânia e temos de estar muito atentos ao que se passa noutros países e em Portugal também.
Os extremismos são sempre um perigo.
As posições que passam por categorizar os cidadãos por níveis, são altamente ameaçadoras. Qualquer pessoa que aposte em clivagens e construa barreiras entre os seres humanos, nunca, mas nunca deveria chegar ao poder.
O poder é para quem tem consciência do valor da liberdade e tudo faz para a respeitar e preservar, fazendo do seu mandato uma oportunidade para estabelecer pontes entre as pessoas e melhorar as suas vidas. Isto sim é o papel de um governante sério.
Qualquer coisa diferente desta, não é cumprir o papel de governar um povo, mas, sim, o exercício egoísta de quem quer simplesmente alimentar o seu ego para se sentir poderoso.
Tenhamos todos consciência da benção que é termos e vivermos em liberdade.
Mas tenhamos também a noção que somos os guardiões da mesma e que “a liberdade de cada um termina onde começa a liberdade do outro” (Herbert Spenser, Pensador).
Nota: Fotografia por Verónica Silva