A liberdade de simplesmente ser

Fátima Lopes // Agosto 5, 2019
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Este mês escolhi para o Simply Flow, o tema liberdade. Escrevi há pouco tempo sobre a liberdade de pensamento, mas desta vez resolvi escrever sobre a liberdade que, para mim, é tão importante quanto a de pensamento: a liberdade de ser

A liberdade de ser.

Conversando com pessoas de gerações e níveis académicos e sociais diferentes, percebo que ainda há uma dificuldade generalizada em ser quem queremos ser, respeitando aquilo que a nossa intuição e o nosso coração nos dizem. Não me refiro tanto à parte profissional, embora também essas escolhas são muitas vezes feitas com motivos que, para mim, não são os mais válidos.

Liberdade para aprender e arriscar.

Recordo-me sempre do momento em que tive de escolher o curso a seguir e muita gente tentou convencer os meus pais a dissuadir-me do curso de Comunicação Social. “Estás a condenar a miúda ao desemprego. Há poucos órgãos de comunicação em Portugal! Para que é que lhe vai servir o canudo?” Felizmente os meus pais, que sempre entenderam que as filhas deviam ter liberdade de ser o que quisessem, respondiam: “Este é o sonho dela. Tem todo o direito a sonhar e a tentar. Se desistir agora vai ficar sempre com a dúvida, se teria tido sucesso no que queria. Tem de experimentar e arriscar”. E, assim foi. 

A vida deu muitas voltas durante e depois de terminar a licenciatura, mas aos 25 anos estreava-me como apresentadora. Em Novembro deste ano cumpro as bodas de prata da minha profissão. Ainda bem que lá em casa se era livre para escolher e ser, mesmo quando aos olhos dos outros era “errado”. 

Liberdade como direito!

Mas, o tema profissional é até o mais simples, nestas questões da liberdade de ser. Tudo se torna mais complexo quando em causa estão características da nossa personalidade, valores, objectivos e prioridades. E, ainda mais polémico se torna quando a pessoa simplesmente sente que tem o direito de ser feliz. Aí a mentalidade tacanha, retrógrada, cheia de falsos moralismos, leva muita gente a desistir, a ficar pelo caminho. 

No outro dia uma senhora, que tinha ficado viúva há 2 anos, confidenciava-me que nunca tinha sido feliz num casamento com mais de 30 anos. Disse-lhe que, então, estava na altura de aproveitar da melhor forma esta fase da vida. Escolher o que lhe apetecia fazer, viver o que lhe fazia sentido e ser a mulher alegre que dizia ter deixado adormecida quando casou com um homem prepotente e autoritário. Como resposta obtive: “Nem pensar! Já viu o que as pessoas vão pensar de mim!? Se de repente chego alegre, feliz, falo à vontade, saio!? Nem pensar!” O que dizer disto? Desta desistência de ser ela própria? Só para supostamente agradar aos outros? Porquê? Para quê? 

Liberdade de ser, condicionada pelos outros, não!

Façam as vossas escolhas: de vida, de amor, de trabalho, de oportunidades, de viagens, até de férias. Liberdade de ser, condicionada pelos outros, não! A menos que queira escolher não ser feliz. E, não há mal nenhum nisso. Tem é de reconhecer e aceitar que não se escolheu. Que prescindiu da sua liberdade de ser para agradar aos outros.

Nota: Fotografia por Verónica Silva.  

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