Como gerir o tempo de forma consciente?

Sofia Pereira // Novembro 28, 2023
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Gestão Consciente
Gestão Consciente

Tenha tempo para tudo o que é importante – faça uma Gestão Consciente do seu Tempo. 

Quantas vezes pensa ou verbaliza a frase: “Não tenho tempo”? Várias, eu sei. Respire, não é o/a único/a. Oito em cada dez pessoas são pobres. Não lhe falo em pobreza material (embora os últimos números nesta matéria sejam assustadores), mas, sim, em termos de tempo. A investigação fala-nos de uma epidemia de pobreza de tempo. Isto quer dizer que existem muitas tarefas e pouco tempo suficiente para a sua realização. Também eu sinto esta dificuldade. 

Agora, enquanto estou sentada a escrever este artigo, já surgiram na minha cabeça vários pensamentos relacionados com as tarefas que ficaram incompletas e aquelas que tenho de iniciar. Sei que, hoje, não as conseguirei realizar todas, mas tenho a certeza que conseguirei focar-me e concretizar aquelas que são realmente importantes. E escrever este artigo é uma delas. Gestão Consciente do Tempo é sobre isto: ter tempo para tudo o que é importante. 

É tudo uma questão de tempo. 

O primeiro passo, e essa é a minha proposta para este artigo, é que pare para refletir sobre três dos pressupostos da Gestão Consciente do Tempo. Ao longo do mesmo, vou desafiá-lo/a a parar e fazer várias reflexões. Preparado/a? Vamos a isso. 

A Gestão Consciente do Tempo resulta de uma equação da qual fazem parte vários elementos.

1. Contrariar o «modo piloto automático»

Já pensou na quantidade de coisas que perdemos pelo facto de a nossa atenção estar noutro lado e não focada no que estamos a fazer?

A ciência diz‑nos que:

  • o ser humano tem quase 40 mil pensamentos todos os dias, mas só consegue processar 3% de todas as informações com que é bombardeado;
  • o nosso cérebro, hoje, recebe cinco vezes mais informações por dia do que recebia há quarenta anos;
  • as pessoas passam 47% do tempo em que estão acordadas a pensar em algo que não é aquilo que estão a fazer.

Assustador, não é? 

Atualmente, na relação do homem com o tempo, ainda prevalece a cultura do fazer sempre mais, de quantidade em detrimento de qualidade. E é assim que entramos em modo piloto automático.

Quando estamos verdadeiramente presentes, a nossa experiência altera‑se de forma  inesperada. Pense agora em tudo o que passará a ver, ouvir, saborear, tocar, sentir, nas várias dimensões da sua vida se estiver, verdadeiramente, com atenção plena em cada momento. A dificuldade é que tudo isto só é possível se contrariarmos a tendência da nossa mente em viver no passado e no futuro. Quando agimos em piloto automático, perdemos a capacidade de viver o que está a acontecer no momento e de agir, conscientemente, perante as situações. Reagimos em vez de agir.

Agora pare e reflita:

Olhando para a sua experiência diária, pense em algumas das tarefas que realiza em modo piloto automático. O que ganharia se as realizasse de forma consciente? Escolha uma delas (comece pelas mais simples) e comprometa-se, durante a próxima semana, a executá-la de uma forma consciente. Esteja atento/a a tudo o que vê, ouve e principalmente a tudo o que sente nesta nossa experiência com a realidade.  

2. Identidade pessoal

A maioria das pessoas com quem trabalho refere que uma enorme parte do seu tempo é consumida pelas suas esferas profissional e familiar, sendo que apenas uma (muito) pequena fatia do seu tempo está reservada para a esfera pessoal. O que quer isto dizer? Que têm pouco tempo para se dedicar a atividades que nutram a sua esfera pessoal, tais como o exercício físico, a leitura, a espiritualidade, entre outras. Porquê? Porque estão sempre muito ocupadas e não encontram tempo para essas atividades. Também eu já fui essa pessoa.

Quero que pare aqui e retenha uma ideia muito importante: apesar da esfera profissional absorver grande parte do nosso tempo, nós não somos apenas profissionais. Nós desempenhamos vários papéis sociais em cada uma das esferas da nossa vida: pessoal, familiar e profissional. Eu, Sofia, sou mulher, mãe, esposa, filha, voluntária, consultora, para referir apenas alguns dos meus papéis sociais que são importantes para mim. E se estes papéis são importantes para mim, a minha satisfação com a vida é maior ou menor consoante o tempo que eu lhes dedico. 

A Gestão Consciente do Tempo incentiva‑o/a a centrar a sua atenção no tempo que dedica a cada uma das suas esferas da vida e respetivos papéis sociais, e ao seu consequente grau de satisfação com o mesmo. Estou mais ou menos satisfeito/a com a minha vida quanto maior ou menor for o meu sentimento de harmonia em relação ao tempo que dedico a cada uma das minhas diferentes esferas da vida. E é esta harmonia que pode conduzir a um sentimento maior ou menor de equilíbrio.

Tome nota: todas as esferas da vida se relacionam entre si e todas são  importantes. Todas necessitam de investimento do nosso tempo, para que possamos falar em harmonia, equilíbrio e consequente satisfação com a vida.

Agora pare e reflita:

Identifique quais os papéis sociais que são importantes para si, em cada uma das suas esferas de vida: pessoal, familiar e profissional. 

Agora, de 1 a 10 (em que 1 significa nada satisfeito e 10 totalmente satisfeito) avalie o seu grau de satisfação com o tempo que dedica a cada uma das suas esferas de vida e consequentemente a esses papéis sociais.

Esta tomada de consciência é de suma importância para a mudança.

3. Ritmos e limites individuais  

Um dia possui um número finito de segundos, minutos e horas. Há um limite para o que podemos consumir e produzir.

Todos temos ritmos diferentes para executar determinadas tarefas, que são diferentes dos outros. Para ilustrar o que lhe quero transmitir, pare agora a leitura deste artigo e realize o exercício que lhe proponho de seguida.

Procure uma folha A4 e use o cronómetro (pode ser o do seu smartphone). 

A instrução é esta: dobre a folha em 8 partes iguais e cronometre o tempo que demora a  realizar esta tarefa.

Já tem a folha e o cronómetro? OK, então 3, 2, 1… pode começar!

Quanto tempo demorou? 

Eu levei 15 segundos a concluir esta mesma tarefa. O/A leitor/a poderá ter demorado mais ou menos tempo. O que quero que retenha é que ambos concluímos a tarefa com sucesso, contudo, em tempos diferentes. Eu no meu ritmo e o/a leitor/a no seu. O seu tempo não é o meu, nem o meu é o seu. E temos que ter isto sempre presente na nossa vida, seja nas nossas esferas de vida pessoal, familiar e profissional, com todas as pessoas com as quais interagimos. 

Outro elemento importante para a Gestão Consciente do seu Tempo é reconhecer e respeitar os seus limites. Por norma, não nos é fácil comunicar de forma aberta aos outros que temos limites e muito mais difícil nos é transmitir‑lhes que sentimos que esses limites estão a ser ultrapassados. Mas explicar, de forma gentil e firme, os nossos limites permite alimentar uma relação equilibrada e de confiança para com o outro.

E quais são as consequências de vivermos sem limites e a um ritmo imposto por terceiros? Um ritmo que não é o nosso, que é o das solicitações dos outros? Stress, ansiedade, frustração, desmotivação são apenas algumas das repercussões a nível emocional. Porque viver sem limites enfraquece‑nos. Conduz‑nos à exaustão, à fadiga, deixando‑nos sem energia para nos dedicarmos ao que é realmente importante.

Agora pare e reflita:

Já alguma vez sentiu que o seu espaço estava a ser invadido e sem capacidade de resposta? Identifique uma ou duas situações em que tal aconteceu. O que faria diferente? 

Recapitulando:

  • Quando agimos em piloto automático, perdemos a capacidade de viver o que está a acontecer no momento e de agir, conscientemente, perante as situações. Reagimos em vez de agir.
  • Não somos apenas profissionais e, no tempo que nos resta, somos pais/mães, maridos/esposas, companheiros/companheiras, etc.. Desempenhamos vários papéis, que se distribuem pelas várias esferas da vida: pessoal, profissional e familiar e fazer uma Gestão Consciente do nosso Tempo é nutrir cada um destes papéis importantes, tendo presente que isto tem um impacto brutal no nosso grau de satisfação com a vida.
  • Todos temos ritmos e limites diferentes e devemos respeitá-los. É preciso mudar o paradigma, pois, na vida real, não há super‑homens nem super‑mulheres

A partir do momento em que tomamos consciência destes pressupostos torna‑se mais fácil fazer uma gestão consciente do nosso tempo, tendo em vista a procura do equilíbrio.

Na Gestão Consciente do Tempo o foco é colocado no que é importante, para si, nas diversas esferas da sua vida, naquilo que lhe dá prazer e tem significado, contribuindo, assim, para um aumento dos seus níveis de satisfação com a vida.

E, a partir de agora, o que escolhe fazer com o seu tempo?

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