Super-mulheres: ficção ou realidade?

Sofia Pereira // Março 7, 2023
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Sente que os dias de trabalho são longos, mas insuficientes para fazer face a tantas tarefas? Sente que a sua família fica sempre para segundo plano, restrita aos fins de dia, sábados e domingos? Sente ainda que os dias passam, transformam-se em semanas, meses e até anos, e continua a não ter tempo para si? Então este artigo é para si. 

Vivemos num mundo de ritmo cada vez mais acelerado. 

No trabalho, a pressão por resultados é cada vez maior. As pessoas desdobram-se nas suas funções e o volume de informação é tão grande que chega a assustar. Os dias de trabalho são cada vez mais longos e não são suficientes para dar conta de todas as tarefas. 

Na vida pessoal, a saúde é, quase sempre, posta de lado. Há muito pouco tempo livre para o desporto e para se dedicar a tarefas que trazem algum prazer e realização pessoal. As refeições fast-food, grande parte das vezes, substituem as refeições saudáveis. Os projetos pessoais são substituídos por necessidades mais urgentes. A família acaba, por vezes, por ficar em segundo plano, restrita aos fins de dia, sábados e domingos. 

Este cenário pode parecer extremo, mas, atualmente, é a realidade de muitas pessoas. 

O ritmo frenético do mundo atual 

Vivemos numa cultura de pressa, com a perceção non-stop do mundo, em que as esferas da vida pública e privada se confundem, que traz o trabalho para dentro de casa e em que os limites entre a vida pessoal e a vida laboral são muitas vezes difíceis de definir. 

Na relação do homem com o tempo, ainda prevalece a cultura do fazer sempre mais, de quantidade em detrimento de qualidade, que faz transparecer a noção de incapacidade de fazer um bom uso do tempo. Identifica-se com este cenário? Fique tranquila: não é a única. 

O presente está cada vez mais acelerado e tentamos acompanhar esse ritmo, muitas vezes até à exaustão. Mas será que não existe uma alternativa para esta realidade? Será que é possível ter uma vida mais equilibrada, que inclua tempo para si, para a sua família e para o seu trabalho? 

Equilíbrio entre as esferas de vida pessoal, familiar e profissional 

Sou otimista em relação à possibilidade de a nossa sociedade viver em equilíbrio. Acredito que é possível atingir a harmonia entre as exigências inerentes às diferentes esferas da vida, tendo plena consciência de que estas exigências variam de pessoa para pessoa, atendendo a que somos todos pessoas com valores, vivências e expectativas diferentes. Acredito, ainda, que esta transição para uma vida mais consciente já está a acontecer, embora lentamente. 

Mas antes de avançar, quero clarificar este conceito de «equilíbrio» que lhe falo. 

Equilíbrio entre a vida pessoal, familiar e profissional: eu sei que pode parecer-lhe um desafio quase impossível de alcançar. 

As oito horas de trabalho diário, previstas por lei, transformam‑se frequentemente em dez ou doze e, mesmo quando já não estamos a trabalhar, os pensamentos sobre o trabalho surgem constantemente na nossa mente. E depois segue‑se o nosso segundo trabalho a tempo inteiro, não é? As tarefas domésticas são uma responsabilidade extra quando chegamos a casa, havendo ainda mais exigências para quem tem filhos, com as suas múltiplas atividades e solicitações. Os níveis de stresse das famílias atuais podem ser enormes. 

Para muitos, o equilíbrio entre as nossas três esferas da vida surge associado à representação de uma «vida perfeita», muito potenciada pelas revistas, séries, filmes e, ultimamente, redes sociais que nos mostram imagens idílicas, onde se tem tempo para tudo, em que o stresse e a ansiedade são inexistentes. 

O conceito de equilíbrio subjacente à Gestão Consciente do Tempo é aquele que resulta da harmonia entre as exigências inerentes às diferentes esferas da vida. 

E, muito importante, estas exigências variam de pessoa para pessoa, atendendo a que somos pessoas com valores, vivências e expectativas diferentes. É ainda suscetível de sofrer alterações ao longo da vida, de acordo com as diferentes etapas pelas quais vamos passando. Quem está agora a começar a sua carreira profissional procura um equilíbrio diferente de quem se prepara para entrar na reforma, assim como também não tem o mesmo significado para quem é solteiro e sem filhos e para quem integra uma família numerosa. Não se trata de um equilíbrio matemático (no qual o nosso tempo é distribuído, de igual forma, pelas três esferas de vida: pessoal, familiar e profissional), porque cada uma das nossas esferas da vida tem exigências diferentes. 

O que a literatura nos diz é que a esfera do trabalho tem sido considerada aquela que mais pode condicionar as restantes, uma vez que proporciona os recursos económicos necessários para a concretização dos projetos da vida privada, e essa pode ser a principal razão pela qual, hoje, o trabalho consuma uma percentagem crescente do nosso tempo, acabando por se impor. E este argumento, pode justificar o facto de se viver numa sociedade caracterizada pela competição excessiva, pela procura constante de ter, a pressa e a pressão diária de ser bem‑sucedido. Distanciamo‑nos do tão desejado equilíbrio quando a vertente profissional está em evidente vantagem no que diz respeito ao nosso tempo, e isto reflete‑se na nossa insatisfação para com o mesmo, pois quando comparado com as vertentes pessoal e familiar, acabamos por concluir que temos um reduzido grau de satisfação com a vida. 

As sete leis do equilíbrio 

  1. Existem demasiadas exigências que competem pelo nosso recurso mais limitado: o tempo. Viver uma vida mais consciente significa estar atento aos pormenores que lhe têm escapado, valorizar o essencial, apreciar os pequenos prazeres da vida. Contrarie o modo piloto automático; faça pausas conscientes ao longo do dia. Cada pausa é um momento só seu. Explore e desfrute da dádiva que é o seu tempo;
  2. Permita-se parar e refletir sobre o seu propósito e os seus valores. Estes irão permitir‑lhe uma comunicação consciente consigo e com os outros. O facto de não estar a viver de acordo com os seus valores reflete‑se nas suas emoções e, consequentemente, nos seus comportamentos, impactando negativamente o seu equilíbrio;
  3. A sua identidade não se define apenas pela sua esfera profissional. Permita‑se conhecer, valorizar e nutrir os vários papéis sociais importantes da sua vida. O equilíbrio entre as nossas esferas da vida é uma busca constante e desafiadora;
  4. Dedique tempo e atenção às coisas verdadeiramente importantes da sua vida. Conheça e respeite os seus ritmos e limites individuais. Refletir e reconhecer os seus limites é de suma importância. Lembre‑se de que é importante que estes estejam bem definidos e firmes, para que não desapareçam facilmente nem coloquem em causa os seus objetivos; 
  5. Ser conscientemente produtivo é atingir os seus objetivos e também usufruir de todas as experiências que lhe proporcionou essa concretização. É agir em vez de reagir. É ser em vez de fazer. Já pensou na quantidade de coisas que perdemos pelo facto de a nossa atenção estar noutro lado e não focada no que estamos a fazer? Quando estamos verdadeiramente presentes, a nossa experiência altera‑se de forma inesperada; 
  6. O planeamento consciente é a ferramenta mais poderosa para aumentar a sua satisfação com a vida. Permite‑lhe evitar as «cascas de banana» (sabotadores do tempo) e atingir a produtividade consciente. Economiza tempo que vai ser precioso para dedicar às tarefas mais importantes; 
  7. Aceitar que vive num mundo em constante alteração, onde existe o desconhecido e a mudança, é abrir a porta à oportunidade de experimentar algo novo. Flexibilidade e autocompaixão são imprescindíveis para o equilíbrio da sua vida pessoal, familiar e profissional. 

Super-mulheres: ficção ou realidade? 

Penso que ficou claro, na vida real não há super‑mulheres. A busca constante por ter mais, em fazer mais, só a afasta do essencial. É importante parar e pensar no que é realmente importante para si e investir o seu tempo aí. Ser em vez de fazer. Só assim conseguirá ter tempo para tudo o que é importante

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