Muitos de nós continuamos sem saber onde encontrar este tipo de amor. Pior do que isso, muitos de nós nem sequer o procuramos ou, então, procuramo-lo, insana e incessantemente, nos lugares errados. Mas, este é um amor que ninguém nos pode dar. Como podemos desejar ter autoestima, num corpo onde o amor por nós mesmos é inexistente? A resposta a esta pergunta é simples: não podemos.
O amor-próprio é o pilar da nossa autoestima, autoconfiança e autoconhecimento.
Sem ele, não conseguimos desenvolver estas dimensões da nossa vida e aproveitar tudo o que elas nos podem oferecer. O descaso connosco mesmos, com os nossos sentimentos, vontades e pensamentos — que caracteriza a falta de amor-próprio — tende a adoecer-nos, a esgotar os nossos recursos emocionais, psicológicos e físicos, e a submeter-nos, muitas vezes, a relações abusivas, a lugares e pessoas que nos adoecem ainda mais.
O amor-próprio contribui para uma vida mais leve em todos os sentidos.
Ele atrai relações interpessoais saudáveis, oportunidades, sucesso profissional, felicidade, novos amores e muito mais. Afinal, a pessoa que se ama sabe exatamente o que é bom para si e como deve agir para satisfazer as suas necessidades.
Por que temos dificuldade em praticar o amor próprio?
Apesar de conseguirmos amar os outros, cultivar o amor-próprio é uma tarefa bem difícil para a maioria das pessoas. Isto pode resultar de vários fatores, como, por exemplo, nunca ninguém nos ter ensinado a amar-nos e a cuidarmos de nós, uma educação rígida, traumas, medos, entre outros. Mas, de uma forma ou de outra, a dificuldade de praticar o amor-próprio está sempre relacionada com a falta de consciência para a necessidade deste ato para connosco. Mas, se o fazemos com os outros, por que acreditamos não ser necessário fazê-lo connosco?
Como podemos ter uma boa autoestima, abandonar um passado problemático, converter relações abusivas em relações saudáveis e de reciprocidade, se não nos amamos?
A falta de amor-próprio pode resultar na descrença do merecimento, fazendo-nos acreditar que não merecemos ser plenamente felizes. Para mudar este hábito, é necessário passar por uma transformação pessoal, que, por sua vez, esbarra em muitos obstáculos. Infelizmente, muitas pessoas ainda preferem manter-se na sua zona de conforto, mesmo que isso não seja saudável. Viver na autocrítica, na falta de esperança, na negligência consigo mesmas resulta em infelicidade e insatisfação permanentes, impedindo que as mudanças ocorram de facto.
Por isso, não basta apenas querer amar-se; é preciso escolher desenvolver o amor-próprio e continuar a persistir nessa escolha todos os dias, mesmo quando surgem defeitos ou falhas, que vão sempre ocorrer em alguns momentos, tal como acontece com as pessoas que amamos. Não as amamos menos nem as destratamos nos dias em que erram ou falham.
O amor-próprio é o maior amortecedor para os dias em que caímos. Ele ampara, suporta e levanta. Temos de nos agarrar a ele, como se fosse uma tábua de salvação.
Lembre-se de que ninguém é perfeito e todos nós estamos sujeitos a erros. No entanto, muitas vezes, quando cometemos uma falha, por menor que seja, o coração acelera e o estômago fica embrulhado. Isto basta para nos lembrarmos de todos os erros do passado e reforçarmos ainda mais a nossa descrença no merecimento. Nesses momentos, é comum que, em vez de nos tratarmos com amor, nos destratemos. Surge a autocrítica em força, os piores pensamentos sobre nós mesmos e, por vezes, até palavras duras ditas em voz alta. Aí, é importante lembrar que as falhas e os erros impulsionam o nosso crescimento pessoal. Foram eles que nos permitiram, hoje, tomar decisões mais acertadas.
Amor-próprio é acolhimento.
Por isso, perdoe os seus erros, pare com as palavras agressivas dirigidas a si mesmo e com atitudes inadequadas a seu respeito. Assim, perceberá o quanto será mais fácil manter a sua atenção no presente e continuar. Porque o amor-próprio é combustível.