Decidi que Novembro seria dedicado ao tema da resiliência porque, em boa verdade, ser resiliente é aquilo que nos é pedido cada vez mais e em doses muito grandes! E quando comecei a pensar no que é que eu queria transmitir, pensei: vou começar precisamente pelo significado da palavra resiliência no dicionário porque talvez nos ajude a orientarmo-nos para o que esta característica significa e qual a importância que pode ter nas nossas vidas.
O que significa resiliência?
Encontrei o seguinte: “Resiliente – que é capaz de retomar a sua forma original depois de sofrer impacto ou deformação; que tem elasticidade”. E isto é uma explicação dentro da física.
A explicação dentro do sentido figurado é a seguinte: “Resiliente – que tem a capacidade de recuperar após um revés ou de superar situações de crise, adversidade ou infortúnio; que é flexível”. Achei que era importante detalhar tudo isto, todas estas definições da palavra resiliência. Porquê? Porque a verdade é que o ser humano não retoma a sua forma original depois de sofrer um impacto ou deformação. E o bom desta definição é que percebemos que a pessoa resiliente é aquela que depois de sofrer um impacto ou deformação, tem a possibilidade de integrar essas vivências e experiências, sejam elas positivas ou menos positivas, e com isso evoluir. Portanto, ela não vai retomar a sua forma original, vai, sim, ganhar uma outra forma, mais capaz, mais forte e também com mais competências.
Qual é a chave da resiliência?
Eu diria que a chave da resiliência está, precisamente, no outro significado da palavra no dicionário:
Resiliente é quem tem a capacidade de recuperar após um revés ou de superar situações de crise, adversidade ou infortúnio.”
Uma pessoa resiliente é no fundo alguém que, depois de ter enfrentado muitos desafios, muitas situações inesperadas, que a marcaram, que a fizeram sentir sem chão, sem referências e até sem perspectivas, foi em busca daqueles pequenos fragmentos que a ajudam a reconstruir a esperança, a confiança e a fé – para quem a tem, para outros, quem sabe, uma descoberta. E tudo isto de forma a conseguir superar a situação vivida, apesar de todo o sofrimento associado.
Cada pessoa tem as suas experiências de vida, mas existe um ponto que marca a diferença: decidirmos se numa determinada situação complicada queremos focar-nos no problema ou na solução.
Onde está o seu foco: no problema ou na solução?
Essa é a primeira ferramenta para conseguirmos ultrapassar as situações e podermos desenvolver a nossa resiliência. É parar para analisar a situação com a qual nos deparamos e fazer uma pergunta simples: “Qual é o meu foco – o problema ou a solução?”.
Há sempre recursos. Há sempre respostas.
Quando nos queremos focar na busca de uma solução, imediatamente ganhamos uma clarividência e uma capacidade de analisar as coisas de uma forma diferente. Depois é perceber que, seja qual for a situação, há sempre recursos e há sempre respostas. Existe sempre alguma porta ou janela que não vimos anteriormente.
Algumas vezes temos dificuldade em ver desta forma, quando se tratam de questões relacionadas com a saúde. Mas, mesmo em relação à nossa saúde, podemos escolher ser pacientes conscientes ou inconscientes, mais participativos ou menos participativos no processo de cura. Há uma parte importante que está nas nossas mãos e que tem a ver com a prevenção. Depois vem a entrega que pomos na resolução do problema. Cumprir os tratamentos e procurar as soluções que nos fazem mais sentido, revela proactividade e resiliência. E, como sabem, associados a diferentes problemas de saúde, surgem relatos de verdadeiros milagres. Coisas que aconteceram que ninguém percebe como. Coisas sem explicação. E os milagres são isso mesmo.
Eu acredito que as pessoas que têm uma atitude muito positiva e construtiva, que são focadas na solução, são pessoas muito mais resilientes e que conseguem os tais resultados mágicos que ninguém consegue explicar bem.
Ser resiliente é ter dentro de si as ferramentas para enfrentar uma situação.
É ter a capacidade de se recuperar depois de um revés qualquer. É quando o mundo desaba ao nosso redor e mesmo assim nós conseguimos levantar-nos. Porque resiliência é uma competência que nos ajuda a lidar com pressões, stress, situações adversas. É uma competência que anda muito a par e passo com a gratidão porque a pessoa resiliente é a pessoa que não dá espaço a que a zanga e a raiva se instalem e ocupem o espaço todo. São pessoas que não vivem na vitimização. Pensam naturalmente que as situações acontecem por alguma razão, com algum propósito. E que o necessário é olhar em frente e ir em busca de soluções. A pessoa resiliente é a pessoa que aceita e que muitas vezes consegue até agradecer algumas situações complicadas que viveu, porque percebe que a partir daí houve ganhos e houve crescimento.
Como desenvolver a nossa resiliência?
Fase aos tempos que estamos a viver e aos tempos que se avizinham, temos mesmo de desenvolver esta competência.
5 Dicas para desenvolver a resiliência:
- Foque-se na solução e não no problema;
- Procure distanciar-se em relação à situação que está a viver de forma a colocar-se no papel de observador e conseguir ver todas as variáveis que, eventualmente, lhe estejam a escapar;
- Tire uns minutos por dia para respirar bem, para se ligar a si mesma/o, para ouvir o que diz o seu coração e a sua intuição. E, claro, seguir essa mesma intuição;
- Não ceda ao medo. Pense que para tudo há uma solução. Como a minha mãe diz: “Só para a morte é que não há solução”;
- Rodeie-se de pessoas que sejam positivas e que a/o ajudem a aumentar a capacidade de reagir proactivamente às situações. Afasta-se das pessoas tóxicas que não vão aumentar a sua resiliência, mas, sim, criar o padrão da vitimização.
Há sempre noite, mas também há sempre dia.
Independentemente da situação menos boa que esteja a viver, lembre-se há sempre noite e há sempre dia. Nada dura para sempre. Nem o bom, nem o mau. Por isso, para o que está viver com certeza que há uma outra solução. Olhe à sua volta e veja a quem pode pedir ajuda. Veja quem são as pessoas que estão realmente dispostas a dar a mão. Oiça-as. E provavelmente juntando as mãos vai encontrar a esperança que precisa para continuar mais forte e mais capaz. Porque aquilo que não nos destrói torna-nos mais fortes. E as pancadas da vida podem ser apenas isso mesmo, pancadas da vida para que fiquemos mais robustos.
Nota: Fotografia por Verónica Silva