Definitivamente os animais fazem, cada vez mais, parte integrante das novas famílias “multi-espécie”. Assim temos, a par dos humanos, os animais que com eles coabitam e aos quais são atribuídos direitos semelhantes aos do resto da família: alimentação de qualidade apropriada ao seu estado físico, espécie, raça e idade; cuidados médicos preventivos e curativos; atividades lúdicas com recurso a brinquedos cognitivamente interessantes e educativos; cuidados de higiene adequados, que incluem o pêlo, a pele, os ouvidos, as unhas e os dentes; educação adaptada, com recurso a treinadores, escolas de treino e creches caninas, no caso específico dos cães, peças de vestuário adaptadas, que os protegem dos rigores do inverno.
Numa sociedade em mudança, em que as relações sociais assumem novos contornos, existindo de forma distorcida e exagerada nas redes sociais, mas cada vez mais insuficiente na forma presencial, os animais domésticos, sobretudo o cão e gato (mas também pequenos mamíferos, aves e alguns répteis) assumem uma importância inquestionável na coesão da família, na sua nova conceção.
Famílias monoparentais, idosos isolados, adolescentes problemáticos, crianças sem irmãos, são os principais beneficiários destas novas relações multi-espécie. Mas qualquer pessoa, em qualquer idade, condição social, estado civil ou local de residência, poderá, igualmente, beneficiar com esta relação. Na prática, como se revelam estes benefícios?
Quais são os benefícios resultantes do convívio com animais?
. Nos idosos, promovem o exercício físico e a estimulação cognitiva, através da necessidade de serem cuidados, alimentados e acarinhados.
O simples ato de acariciar o corpo de um gato, ou mesmo de um cão, obriga à movimentação das mãos, muitas vezes artríticas, para além do bem-estar psicológico, resultante da libertação de endorfinas, que são neurotransmissores responsáveis pelo bem-estar mental. O facto de terem que sair para passear o cão, estimula o exercício físico e melhora os relacionamentos sociais com vizinhos que encontram nestes passeios. Para além de tudo isto, sentirem-se úteis, necessários e amados por um ser vivo, melhora a autoestima, reduz a solidão e aumenta o sentimento de “pertença”. Nas novas sociedades, em que os filhos trabalham muitas horas, muitas vezes longe dos pais, ou mesmo noutros países, a solidão sénior é um grave problema, que, sem dúvida, pode ser amenizado, introduzindo um animal no dia-a-dia destas pessoas.
. Nos jovens os animais significam, sobretudo, companheirismo e entretenimento.
Muitos sentem-se sozinhos, excluídos, marginalizados em relação aos outros congéneres, ou porque não encaixam nos estereótipos mais comuns dessas idades, ou porque não se revêem nesses mesmos estereótipos. Sobretudo os adolescentes, enfrentam muitos desafios, físicos e psíquicos, e é exatamente nesta idade que têm uma maior necessidade de fazerem parte “do grupo”, de se sentirem “incluídos”. Um corpo sempre a mudar, as hormonas descontroladas, o amadurecimento físico que nem sempre acompanha o psíquico, a verdadeira montanha russa emocional, torna esta faixa etária uma das mais vulneráveis em todos os sentidos, refletindo-se grandemente na saúde mental. Mais uma vez, a ligação afetiva a um cão ou gato, proporciona entretenimento e diversão, tendo a sua quota parte de responsabilidade na redução do tempo de exposição a ecrãs. A tarefa de passear um cão no exterior, promove o exercício físico, a atividade lúdica ao ar-livre, facilita as relações sociais, desenvolve o sentido de responsabilidade e empatia com outros seres vivos, e melhora a autoestima.
. As crianças encontram nos seus animais de estimação a companhia que muitas vezes os progenitores, assoberbados com tarefas laborais ou domésticas, não lhes conseguem disponibilizar.
A vida na cidade, a redução drástica do número de filhos por casal, a distância física em relação a familiares, a reforma cada vez mais tardia dos avós, a impossibilidade de permitir que crianças brinquem livremente na rua, leva ao isolamento e, este isolamento, não permite um correto desenvolvimento intelectual, uma vez que somos seres sociais. A alteração destes fatores passaria por profundas reformas sociais, que não me parecem viáveis no contexto atual. Assim sendo, é inegável o papel positivo dos animais de estimação no crescimento emocional destas novas crianças, atenuando alguns dos resultados destes mesmos fatores. Também o tempo curto de vida destas espécies, torna possível que a criança assista a todas as fases da sua existência: o nascimento, infância, juventude, adulto, sénior e mesmo a morte. Toda esta vivência é, ela mesma, uma aprendizagem, em relação ao que significa ser um ser vivo no planeta Terra. E o ser humano é, também ele, um ser vivo neste planeta.
. Os adultos, mesmo sendo a faixa etária menos vulnerável, também retiram benefícios destes relacionamentos. Ou simplesmente porque gostam de dar e receber afetos (cães e gatos são pródigos nesta arte), ou porque gostam de chegar a casa, depois de um dia cansativo, e encontrar um ser feliz por os receber.
Acariciar o pêlo de um cão ou um gato é altamente relaxante e consegue, de alguma forma, baixar a pressão arterial. Em fases mais complicadas, como a perda de um ente querido, um divórcio, uma doença grave, perda de emprego, saída dos filhos de casa, ou emigração, os animais representam, mais uma vez, uma conexão com a vida, que pode parecer, naquele momento, um fardo difícil de suportar. A responsabilidade que existe em cuidar de outro ser é, muitas vezes, aquilo que os mantém conectados com a realidade e os afetos que retiram desta relação pode ser a diferença entre desistir ou não o fazer porque, afinal, ainda fazem falta, ainda são importantes para alguém.
No geral, os animais de companhia, sobretudo cães e gatos podem fornecer um importante apoio emocional.
A sua capacidade de demostrar afeto, detetar e responder às emoções humanas, sem julgamento, estarem simplesmente presentes, torna-os muito importantes em momentos de fragilidade psicológica.
Estudos revelam que a interação com animais pode reduzir o stress fisiológico, redução, esta, quantificável recorrendo a medições das hormonas relacionadas com o stress, no sangue humano, como por exemplo, o cortisol, que tende a ter níveis mais baixos em pessoas que usufruem desta interação. Assim sendo, não é de duvidar da importância que poderão ter na melhoria, ou mesmo na cura, da doença do século: a depressão. Claro que não o será, em todos os casos, mas podem ser uma importante ferramenta a considerar quando se elaboram planos médicos de tratamento.
Habilite-se a ganhar um dos três exemplares do livro “As três vidas de Luana”, de Célia Palma:
Para se habilitar tem de:
- preencher o formulário abaixo com os seus dados;
- seguir a página de Facebook do Simply Flow;
- seguir a minha página de Facebook;
- seguir a página de Facebook da Manuscrito.
Pode participar até dia 13 de Setembro de 2024.
Os vencedores – seleccionados aleatoriamente através do Random.org. – serão anunciados no dia 16 de Setembro de 2024.
Boa sorte!
—-
Giveaway encerrado!
Vencedores:
- Conceição Alves, Póvoa de Santa Iria;
- Maria de Fátima Falcão Lopes, Penafiel;
- Bárbara Costa, Freamunde.
Parabéns e boas leituras!