O que é um gato?

Célia Palma // Agosto 8, 2021
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O que é um gato? O título deste artigo pode até parecer-lhe estranho. Mas, a verdade é que muito existe para conhecer sobre estes animais de estimação. Adorados por muitos, temidos por outros, os gatos são fascinantes e aqui ficam algumas informações e curiosidades sobre estes amigos de quatro patas. 

O gato é um mamífero, ou seja, desenvolve-se no útero materno, alimentando-se exclusivamente de leite, após cerca de 63 dias de gestação, tendo o corpo coberto de pelo. Nasce completamente indefeso, dependente dos cuidados maternos para sobreviver, uma vez que tem os olhos e as orelhas fechados, sendo, portanto, cego e surdo. O olfato é o único sentido que o liga ao mundo exterior e é por ele que se orienta em direção ao mamilo da progenitora. 

As fêmeas são multíparas e, como tal, dão à luz ninhadas de 3 a 6 gatinhos, em média. Por volta das oito semanas de idade, inicia-se o desmame. Por esta altura, os gatinhos são muito ativos e brincalhões, ensaiando, nestas brincadeiras, estratégias de caça. A presença materna e dos irmãos até esta altura (no mínimo) é de extrema importância para o seu desenvolvimento psicológico harmonioso, uma vez que é nesta fase e através destes  relacionamentos que aprendem a controlar a dentada, a interação social e os comportamentos normais para a espécie.

Um gato precisa de aprender a ser gato, para se poder relacionar bem com o mundo. 

Ou seja, humanizar não significa que venha a ser mais dócil. Pelo contrário! Se não aprendeu a ser gato, nunca poderá ser outra coisa. Acabará por evidenciar comportamentos deslocados, tantas vezes incómodos, como, por exemplo, o não controlar a força da dentada ou não evidenciar sinais de aviso, antes de arranhar ou morder.

Um gato dispensa muito tempo a cuidar da higiene. 

A sua língua tem espículas na superfície, o que lhe confere uma textura áspera, semelhante a uma escova, ideal para manter a pelagem saudável, livre de impurezas, brilhante e sem pelo morto. Um gato saudável manter-se-á irrepreensivelmente limpo, desde a ponta das orelhas, à ponta da cauda, dando especial atenção às unhas, que mantem limpas e afiadas, removendo as camadas mortas, com os dentes. Nas zonas onde não chega diretamente, mesmo com todas as suas habilidades de contorcionista, utiliza as patas da frente, humedecendo-as com saliva e passando-as na cabeça, orelhas e pescoço, em movimentos repetitivos e meticulosos, conferindo ao pelo reflexos luminosos.

A anatomia dos gatos

Têm, no total, cerca de 250 ossos, estando 10 % localizados na cauda, que desempenha um papel fundamental no equilíbrio. A coluna vertebral é composta por 7 vértebras cervicais, 13 torácicas, 7 lombares e 18 a 26 coccídeas, unidas por músculos e não ligamentos, o que lhe dá a flexibilidade e agilidade que o caracteriza, conseguindo saltar a uma distância equivalente a 5 vezes o seu comprimento. Não tem clavícula óssea, mas, sim, cartilagínea, de pequeno tamanho, que lhe permite uma notável precisão nos saltos e lhe dá uma elasticidade que possibilita a passagem por zonas estreitas, para além de poder alargar a passada durante a corrida, conseguindo atingir os 50 km/h.

As suas orelhas podem mexer-se de forma independente, proporcionando-lhe uma audição direcionada. Tem uma capacidade auditiva notável, devida à anatomia do seu crânio, com grandes câmaras de ressonância, que lhe permitem ouvir sons 3 vezes mais agudos que o ser humano. É também a anatomia do seu ouvido que lhe permite orientar as patas em direção ao solo, quando em queda livre. Qualquer mudança na posição do corpo ou cabeça, causa transmissão de impulsos nervosos para o cérebro, que informa o corpo, de modo a que este se reposicione.

Tem 5 dedos nos membros anteriores e quatro nos posteriores, sobre os quais o gato se apoia, com unhas retrácteis, ou seja, que o gato consegue recolher ou expor, conforme a sua necessidade. A possibilidade de as esconder, assim como as suas almofadinhas plantares, permitem-lhe ser tão discreto e silencioso nos seus movimentos.

O comportamento destes felinos

São mais ativos ao crepúsculo (amanhecer e entardecer). Como tal, a sua visão é mais necessária nestes momentos de luz menos intensa, estando muito bem adaptados à visão noturna. A sua retina tem 6 vezes mais bastonetes que nos humanos, permitindo-lhe ver com nitidez em situações de pouca luminosidade. Mas em contrapartida têm menos cones, que são responsáveis pela visão com muita luz. A forma elíptica dos olhos, assim como as suas grandes córneas, possibilitam a recolha de luz e a sua concentração na retina, aumentando a capacidade visual em situações de crepúsculo. 

O seu olfato desempenha um papel fundamental na comunicação com os outros. 

Inalado pelas narinas, o ar chega aos cornetos nasais, onde células nervosas o transformam em impulsos químicos que atingem o cérebro, numa área específica para o efeito, que nos gatos é muito superior à do ser humano. O gatinho desenvolve este sentido a partir do segundo dia de vida e é por causa dele que se orienta em direção ao mamilo da progenitora. Mais tarde servirá para reconhecer o seu território e o dos outros, identificar o sexo dos seus congéneres, o seu estado reprodutivo, decifrar as mensagens odoríficas por eles deixadas e detetar a presença de predadores. Tendo um paladar um pouco rudimentar, o olfato desempenha um papel fundamental na escolha dos alimentos. É por isso que é tão difícil disfarçar um medicamento em qualquer alimento, por muito mais apetecível que ele seja.

Vivem no “mundo dos odores”. 

As feromonas são substâncias químicas, produzidas nas glândulas exócrinas, cuja principal função será a de comunicar odorificamente com indivíduos da mesma espécie. As suas principais funções são: detetar o cio das fêmeas, identificar invasores do seu território, tranquilizar, detetar situações de ansiedade, expressar bem estar. Cada uma destas feromonas é produzida numa diferente zona do corpo e possibilitam a comunicação à distância, tão importante para animais sobretudo solitários, que evitam o conflito direto. Vivendo os gatos no “mundo dos odores”, esta é uma muito importante forma de apreender o mundo, permitindo as relações sociais sem que tenha, efetivamente, que existir contacto visual ou físico. É por esta razão que são, tantas vezes, apelidados de seres associais. Simplesmente as relações sociais que mantêm são, muitas vezes, invisíveis aos olhos humanos.

Os bigodes ou vibrissas são prolongamentos dos pelos, mas mais compridos e duros do que estes. Localizam-se entre a boca e o nariz e servem para a transmissão de vibrações a células nervosas que existem na sua base. Estas vibrações detetam variações na pressão do ar, quando este se desloca em torno de objetos ou estimulado pela movimentação de algo. Permite-lhe, portanto, detetar o movimento das presas ou evitar objetos fixos, mesmo que na obscuridade.

São caçadores natos. 

Para tal, patrulham grandes áreas, em busca de presas. Quando o nosso gato doméstico se ausenta para vaguear pelos quintais vizinhos, está simplesmente a repetir os rituais de caça dos seus antepassados. Dado este histórico, não é difícil compreender a importância da proteína na sua alimentação. Caçar significa presas e presas querem dizer carne. Mas, sendo normalmente ingeridas inteiras, o seu conteúdo intestinal será, ele também, ingerido e com ele as pequenas quantidades de hidratos de carbono presentes na alimentação das vítimas. 

As gorduras presentes nos músculos das presas são, também, importantes para a nutrição equilibrada dos gatos. Como tal, são indispensáveis na sua alimentação as proteínas e gorduras de boa qualidade, de origem animal, vitaminas e minerais em quantidade adequada e pequena percentagem de hidratos de carbono

Todo o seu trato digestivo é adaptado à sua condição de carnívoro. As suas necessidades em nutrientes são, sobretudo, proteicas. Mesmo a energia que as suas células precisam provêm da degradação das proteínas, assim como da gordura. Digerem mal os hidratos de carbono, uma vez que evoluíram no sentido de obter toda a energia que precisam através da digestão das proteínas. Se fornecidos em excesso, conduzem à obesidade e diabetes. A taurina é um aminoácido que o gato precisa de ingerir, uma vez que não o consegue produzir através do metabolismo das proteínas. Só é encontrado em quantidade suficiente exclusivamente nas proteínas de origem animal. É essencial para o coração, visão e reprodução. Também não conseguem utilizar a vitamina A de origem vegetal, só a presente nas vísceras das presas. 

O gato tem apenas cerca de 500 recetores gustativos, o que é muito pouco, se compararmos com os 9000 que possui o ser humano. Em contrapartida, têm cerca de 70 milhões de células olfativas, enquanto o ser humano tem cerca de 5 milhões. Como tal, é fácil deduzir que as suas escolhas são baseadas no aroma e não no sabor.

O antepassado do gato doméstico era um caçador solitário e territorial. 

Mas o atual, é bastante mais flexível, podendo adaptar-se a vários estilos de vida e grupos sociais. Separa-os séculos de adaptação ao convívio com os humanos, no sentido em que ambas as partes saíram beneficiadas. 

Os gatos aprendem por imitação, observação e experiências vividas. 

Em seguida selecionam, processam e retiram tudo aquilo que interessa à sua sobrevivência.  A sua memória é bastante desenvolvida e como tal, podem guardar recordações de experiências anteriores e reagir em conformidade com a aprendizagem feita. 

A sua evolução seguiu um percurso que o afastou um pouco das suas origens, sofrendo uma lenta adaptação ao seu novo estilo de vida. Mas a sua proveniência continua marcada na sua essência, nas suas atitudes, na sua forma de reagir perante determinados estímulos, sobretudo em situações novas ou que considere ameaçadoras. É por tudo isto, que deveremos tentar compreender (e não julgar) todas as suas atitudes à luz daquilo que carrega na sua memória genética. Compreender é o primeiro passo para prevenir problemas!

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