Com a chegada do outono começam também dias mais ventosos, com árvores a desfolhar e jornadas que progressivamente serão cada vez mais chuvosas e frias. Estas variáveis podem trazer consequências a nível ocular que importam prevenir.
Vamos dividi-las nos principais grupos:
. Conjuntivite alérgica
A primavera e o outono são as estações do ano mais propícias ao desenvolvimento de alergias. No caso específico do outono, os alergénios, provenientes essencialmente das árvores, apresentam maior concentração de manhã, o que explica a quantidade de olhos lacrimejantes, pruriginosos e vermelhos que surgem nas primeiras horas após sairmos de casa. Dado que nem sempre é possível evitar estes alergénios com que nos cruzamos ao sair de casa (embora possamos tomar medidas como conduzir com as janelas fechadas), é importante recorrer à lubrificação artificial com lágrimas, de modo a efectuar uma “limpeza” da superfície ocular e assim diminuir a sua concentração junto da conjuntiva. No caso de se instalar uma conjuntivite alérgica, que muitas vezes se acompanha de outras patologias alérgicas, como a rinite, os antialérgicos orais podem não ser suficientes. Regra geral, são necessários antialérgicos tópicos, de uso ocular e de prescrição médica.
. Conjuntivite infeciosa
Embora não seja a época do ano em que se verificam mais conjuntivites, o facto de podermos ter conjuntivites alérgicas, ou apenas algum prurido devido à maior concentração ambiental de alergénios mencionada acima, leva inevitavelmente a uma maior manipulação dos olhos com as mãos. E sabemos que esta é a principal via de transmissão de agentes infeciosos. Por isso mesmo, a melhor forma de prevenir conjuntivites infeciosas é evitar o contacto das mãos com os olhos. Daí a importância de recorrer a lágrimas artificiais, preferencialmente sem conservantes e, portanto, sem toxicidade ocular, sempre que sentirmos vontade de “coçar os olhos”.
. Olho seco
À medida que o outono avança, o ambiente torna-se mais frio e recorremos cada vez mais a fontes de aquecimento no carro, em casa, no trabalho, nos transportes públicos, etc.. Isto leva a uma maior evaporação das lágrimas dos olhos. Para evitar a necessidade de usar tantos substitutos lacrimais, devemos desviar os fluxos de ar quente dos nossos olhos, direcionando-os para outra direção. É também muito importante reforçar a ingestão de líquidos para manter todas as superfícies mucosas hidratadas, o que evita não só problemas oculares, mas também pulmonares ou otorrinolaringológicos.
. Trauma ocular
Com a queda das folhas secas e o vento, não é raro ocorrerem traumas oculares com pequenas partículas de folhas ou com os bicos aguçados destas. Além de poder provocar pequenas feridas e úlceras na córnea, também pode causar infeções, não só bacterianas, mas também fúngicas, por vezes de elevada complexidade. Nestes dias mais ventosos, os óculos são uma excelente proteção.
. Agressão dos raios UV
Apesar de estarmos no outono, ainda temos bons dias para usufruir da praia e de atividades ao ar-livre. E, embora os dias possam não estar tão quentes, podem ainda ocorrer níveis altos de radiação UV (no início do outono a radiação UV, especialmente no sul de Portugal continental e nas ilhas, atinge frequentemente o nível 7 numa escala de 1 a 10). Daí que, ao nos expormos ao sol, pelo menos no primeiro mês de outono, o uso de óculos de sol seja fortemente recomendado, prevenindo assim doenças como o desenvolvimento de cataratas ou o envelhecimento cutâneo periocular.
Cuide da sua visão
De resto, devemos aproveitar tudo o que o outono nos traz de bom, cuidando sempre da nossa visão, para podermos desfrutar das magníficas cores outonais da melhor forma possível.