Os mitos da fruta

Célia Dias // Agosto 14, 2024
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A fruta pela sua riqueza nutricional e pelo papel preponderante que exerce na saúde, deve, diariamente e de forma significativa, ser incluída na alimentação. Existe um provérbio que diz: “Onde entra o sol, não entra o médico”. Atualmente são muitos os estudos que evidenciam a mensagem deste provérbio e enfatizam a importância da fruta na nossa alimentação. No entanto, também já ouvimos algumas destas afirmações: “Não se deve comer fruta depois do almoço ou jantar”; “Não se deve comer fruta de estômago vazio que fermenta”; “A frutose é um açúcar prejudicial”; “A fruta engorda”. Vamos lá desmistificar estas frases.  

“Não se deve comer fruta depois do almoço ou jantar.”

Afinal, o que é realmente verdade? A ingestão de fruta no final de uma refeição pode ter vantagens. Por um lado, o teor de vitamina C de várias frutas – como o kiwi, a laranja, a papaia ou os morangos – tem um papel benéfico na absorção de ferro de origem vegetal presente na refeição (feijão, grão, pão, etc.), ou seja, quando consumido em conjunto aumenta a sua absorção. Noutra perspetiva como a fruta é doce, do ponto de vista sensorial, terminar a refeição com fruta pode ser algo que agrade à maioria das pessoas, evitando assim sobremesas doces.

“Não se deve comer fruta de estômago vazio que fermenta.”

Em relação à fermentação é a mais bonita história sem qualquer tipo de verdade. O ácido clorídrico presente no estômago torna o meio tão ácido que muito dificilmente qualquer processo de fermentação ocorreria, pois nenhuma bactéria conseguiria lá sobreviver. A não ser a Helicobacter pylori que consegue neutralizar a acidez do estômago e, assim, colonizar mais facilmente. Aquilo que fermenta é a fibra da fruta quando chega ao intestino, algo que acontece independentemente de quando e como a fruta for ingerida. É esta a fibra que possui vários benefícios para a nossa saúde como a melhoria do trânsito intestinal, diminuição do colesterol, prevenção da diabetes, de doenças cardiovasculares e do cancro.

“A frutose é um açúcar prejudicial.”

A frutose, o açúcar da fruta, é um dos mais recentes sacos de pancada devido aos alegados efeitos deletérios na nossa saúde. A frutose torna-se tão temida uma vez que é capaz de induzir algumas alterações menos positivas como o aumento dos triglicéridos, resistência à insulina e aumento dos níveis de ácido úrico. Mas, na realidade, a fruta é, sem dúvida, a fonte mais inocente de ingerir frutose. O problema é a ingestão que fazemos de frutose através das bolachas, bolos, refrigerantes, compotas, doces, frutos secos, uma vez que estes são pouco mais do que concentrados de frutose, preservando pouco ou nada da versão original das frutas no seu conteúdo de vitaminas, minerais, fibras, água e antioxidantes. 

Se a única fonte alimentar de frutose for a fruta, o consumo de 50 gramas diários de frutose não parece interferir com o controlo glicémico e com o perfil lipídico. É bastante fácil chegar a este valor apenas com fruta, três peças de fruta são o suficiente.

“A fruta engorda.”

É certo que a fruta contém açúcares e eles fornecem calorias, mas apesar disso, em igualdade de calorias, comparada com outros alimentos, a fruta produz maior sensação de saciedade e praticamente não contém gordura (à exceção do abacate, fruta rica em ácidos gordos insaturados com cerca de 10g de lípidos por 100g). A grande maioria da fruta apresenta um valor calórico relativamente baixo entre 30 a 80 calorias por 100g.

Coma antes, durante ou no final da refeição, coma fruta na altura em que lhe souber melhor. 

Nos sumos de fruta grande parte das vitaminas perde-se, uma vez que as vitaminas A e C oxidam em contacto com o ar. Opte sempre que possível por consumir fruta fresca.

Assim, mais importante que o momento da ingestão de fruta é focar-se para atingir entre 3 a 5 porções de fruta que deve consumir diariamente.

Comprar os frutos da época é uma forma de obter toda a sua riqueza nutricional. 

Apresento de seguida duas frutas do verão: o figo tão apreciado pelos portugueses, e os mirtilos.

. Figo

A Figueira é uma árvore que se adapta à escassez da água e ao calor, o que faz do figo um fruto tipicamente mediterrânico. As áreas de maior produção são Algarve, Torres Novas e Trás-os-Montes.

Existem em Portugal 31 variedades e podem ser consumidos entre junho e setembro. 

Entre muitos benefícios, o figo apresenta apreciáveis quantidades de fibra o que o torna um alimento saciante e um ótimo snack entre as refeições. O potássio e as porções de ómega 3 e 6 que este fruto contém ajudam a reduzir a pressão arterial e, por consequência, o risco de problemas cardiovasculares.

1 Porção = 2 figos médios = 63 Kcal

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Salada de Figos em Camada Verde (almoço ou jantar)

Ingredientes (para 2 pessoas): 

  • 4 figos;
  • 50g de rúcula baby;
  • 50g de agrião baby;
  • Azeite q.b.;
  • Mel q.b.;
  • Pimenta q.b.;
  • Vinagre de sidra q.b.;
  • 2 colheres de sopa nozes picadas tostadas;
  • Queijo cabra chevre – 4 fatias;
  • Hortelã chocolate q.b..

Modo de preparação:

  1. Corte os figos em metades, coloque num tabuleiro de ir ao forno forrado com papel vegetal;
  2. Regue com um pouco de azeite e mel. Leve ao forno durante 10 minutos a uma temperatura de 170ºC;
  3. Coloque o queijo cabra cortado em fatias, regue com mel q.b. e gratine ou queime com maçarico;
  4. Coloque numa taça a rúcula e o agrião baby. Tempere com molho vinagrete, pimenta e flor de sal. Coloque os figos, as nozes picadas e o queijo cabra gratinado e termine a decorar com hortelã-chocolate.

. Mirtilos

Pequeno mas cheio de sabor, das suas propriedades nutricionais destacam-se os antioxidantes. Os mirtilos contém as antocianinas, um fitoquímico com efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios. São ricos em vitaminas B, C, ferro, cálcio, potássio, fósforo, magnésio, zinco, cobre e ácido fólico. Também possuem um teor considerável de fibras. Baixos em calorias e ricos em nutrientes, e com tantos benefícios para a nossa saúde, ganharam a fama de superalimento.

É fácil introduzir estes alimentos na nossa alimentação. Podem ser consumidos ao natural, em doces ou compotas sem adição de açúcar, incorporados em gelados, sobremesas ou adicionados no iogurte.

1 porção = 100g de mirtilos = 43 Kcal

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Panquecas de mirtilos (pequeno-almoço, lanche)

Ingredientes (para 12 unidades): 

  • 300 gr de farinha de trigo ou espelta;
  • 300ml de bebida vegetal de soja;
  • 200ml de iogurte de soja natural;
  • 150gr de mirtilos, em metades;
  • 3 colheres de sopa de açúcar mascavado;
  • 3 colheres de sopa de sementes de linhaça moída;
  • 1 colher de sopa de vinagre de maçã;
  • 1 colher de chá de bicarbonato;
  • 1 colher de chá de fermento em pó;
  • Óleo de coco  q.b. para untar.

Modo de preparação: 

  1. Misture numa taça os ingredientes secos: a farinha, as sementes de linhaça moídas e o açúcar mascavado;
  2. De seguida, adicione os líquidos: a bebida vegetal de soja e o iogurte. Misture bem com uma vara de arames;
  3. Por fim, acrescente à massa os mirtilos, o bicarbonato de sódio, op fermento em pó e o vinagre de maçã. Volte a misturar bem;
  4. Aqueça uma frigideira com um pouco de óleo de coco e forme as panquecas. Cozinhe em lume médio-baixo, durante 2 minutos de cada lado.

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