A opção de não ter opção (ou a história de Telmo)

Ana Bispo Ramires // Maio 4, 2017
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A reportagem da TVI, sobre a vida de Telmo, um “menino das caixinhas” de Câmara de Lobos, exibida nos passados dias de 23 e 24 de Abril, ativou a curiosidade e a emocionalidade de uma enorme audiência que, sensibilizada com esta história, tomou-a como exemplo de inspiração.

Telmo é, acima de tudo, um modelo de superação.

De facto, crescendo num contexto completamente “hostil”, sem qualquer tipo de “pilar” de apoio externo, genuinamente capaz de prover proteção e segurança, assistimos a cada minuto a pequenas peças de um puzzle que culminam na constatação de que este “pequeno miúdo” possuía/desenvolveu ferramentas internas que promoveram a sua adaptabilidade a um meio tão agressivo.

A capacidade de se conectar com as suas próprias emoções, a capacidade de (aparentemente) perdoar e, acima de tudo, de saber pedir ajuda (quando o faz junto das professoras que passam a ser a sua família), são provavelmente, as principais responsáveis pela sua imensa capacidade em “criar” pilares por onde passa, criando relações de significado.

Mas Telmo é, também, e como tão bem referiu um dos repórteres, um caso onde existiam “as condições certas para tudo dar errado”… o que, decerto, sucedeu, a muitos dos seus amigos.

O caso paradigmático de Telmo é uma história que se tem repetido em muitos outros contextos, seja o desportivo ou o empresarial, onde… “meninos vindos do nada”… se transformam em “enormes” e inspiradoras personalidades que, pelo seu trajeto de superação, culminam em desempenhos de excelência e sucesso que, muito frequentemente, acabam por “derramar”/partilhar sobre os que lhes são mais próximos (ex: Companhia Dançando com a Diferença).


O que os distingue dos demais?

Certamente, um conjunto de variáveis e especificidades únicas das suas personalidades, contudo, quase todos partilham a mesma “certeza”:

“Não há outra opção para a minha escolha… ISTO (seja lá qual for a sua escolha) TEM QUE DAR CERTO.”

De uma forma, talvez até simplista, de facto muitas das alterações que gostaríamos que acontecessem na nossa Vida, tarde ou nunca se instalam porque, internamente, “ainda achamos que podemos escolher”… quando, na realidade, já não há escolha possível.

Esta “coisa” da perceção de escolha é, de facto, a nossa maior e mais eficaz ESTRATÉGIA de AUTO-BOICOTE porque, remete-nos sempre para aquele cenário fantástico de “amanha começo…”… empurrando-nos para uma vida perfeitamente “coartada”, onde nem sequer nos apercebemos que, já passaram tantos “amanhãs” que já andamos a colecionar anos!!!…

A ESCOLHA é HOJE, a ESCOLHA é ESTA! (porque é a que me aproxima do meu objetivo).

Este é o “mote”, este é o motor que faz com que estes jovens dirijam toda a sua energia para um único propósito, como se, não houvesse alternativa.

E, de facto, muitas vezes não há… mas, também… não há mesmo “problema” nenhum em não haver pois, só assim teremos “A” Energia necessária para concretizar.

Por isso, obrigada Telmo por seres mais uma história que nos aviva a consciência de que “a melhor opção é, frequentemente, não ter opção”! 

(pena sermos todos tão esquecidos)

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