Os miúdos estão fartos de “Nãos”. “Não faças isso”; “Não digas isso”; “Não podes ir”; “Não podes ver”; “Não podes estar tantas horas ao telemóvel”; “Não batas no teu irmão”. Mas, nós, pais, também estamos exaustos. Por um lado, devemos explicar que não dizemos “não” só por dizer ou porque não gostamos deles. Por outro, cabe-nos reforçar que o “não” é para ser levado a sério. Não se culpe, o “não” só o vai ajudar a crescer e a tornar-se um adulto mais seguro. “Então, e o que fazer quando o meu filho começa a pedir para sair à noite?”, pergunta-me.
“Porque não posso sair à noite? Já tenho 15 anos.”
Quando estes adolescentes questionam os pais acerca disto, o que eles querem perceber é se os/as amigos/as podem sair porque é que eles não podem.
Eles sentem-se muito crescidos e independentes, facto que os leva a pensar saber tudo acerca do mundo que os rodeia. A questão é que se esquecem, ou desconhecem, os perigos que poderão ter de vir a enfrentar. Acreditam que são suficientemente capazes de lidar com todas as situações que o mundo tem para lhes mostrar. Aliás, estão ansiosos por provar ao mundo, e aos pais, que conseguem tudo sozinhos.
A autonomia é crucial na fase da adolescência.
Esta é uma etapa sensível, em que não devemos retirar-lhes toda a autonomia, sob pena de lhes causar uma quebra de autoconfiança que os pode prejudicar no futuro. Mas, por outro lado, também não podemos deixá-los trilhar o caminho sozinhos, pois sabemos que os perigos são muitos.
Vamos, então, dar-lhes liberdade com responsabilidade.
Já dizia o meu pai assim o dizia. Funcionou comigo e com minha irmã. É o que faço com meus filhos, e penso que também está a funcionar. Um/a menino/a de 14 ou 15 anos que seja responsável na escola, também pode começar a ter alguma liberdade. Caso contrário, na minha opinião, não terá responsabilidade para fazer as “coisas dos mais velhos”.
Quer dizer que os pais podem e devem apoiar momentos de liberdade social?
Sim, mas de forma gradual, controlada e segura. Pode começar por sair para ir almoçar com os/as amigos/as ao café fora da escola, ir ao cinema ou mesmo para uma ida à praia. Se nestas pequenas experiências cumprir todas as regras de segurança e ordens estabelecidas, então pode ir passando às fases seguintes. O mais importante é a maturidade e não a idade, no meu ponto de vista.
5 Dicas para falar com os adolescentes:
- Ter clareza no discurso;
- Usar frases curtas objetivas e sem rodeios;
- Falar a verdade com amor no coração;
- Não ter medo;
- Lembrar-se que está a fazer o melhor.
São muitos os pais que sentem algumas dificuldades em conversar com os filhos durante a adolescência, principalmente quando começa a surgir esta fase das “saídas com os amigos”. Assim, aqui ficam dois exemplos de diálogos para terem uma ideia de como abordar este tipo de assuntos evitando conflitos:
- Sei que já és responsável e consegues tomar conta de ti. E também sei o quanto é fácil no meio da conversa e da boa disposição cometermos alguns excessos que nos podem fazer não pensar da forma mais correta. Acredito que não vais fazer nada de mal, confio em ti. No entanto, há experiências que deves ter só com determinada idade. É por algum motivo que só se entra nas discotecas aos 16 anos. Todas as nossas ações têm consequências e mostram a nossa maturidade. Se ainda não tens idade para trabalhar (18 anos), ou mesmo conduzir mini car (16 anos), também não tens idade para ir a locais onde não podes deslocar-te sozinho/a, beber álcool, pagar os consumos que gostarias de fazer, nem tens idade legal para entrar. Lembras-te, no outro dia ficaste duas horas em casa sozinho/a e tiveste medo (estavas em tua casa, no teu espaço protegido), como podes ter maturidade para sair à noite para ambientes abertos ou fechados onde estão pessoas estranhas? Quem não quer, nem consegue por iniciativa própria pôr a mesa do jantar, também não pode ter a liberdade de consumir bebidas em estabelecimentos noturnos com o dinheiro dos pais. Lembra-te, liberdade, autonomia e independência são valores que vamos ganhando ao longo da vida, com o poder das nossas escolhas diárias.
- Sei que te custa muitas vezes quando não te deixo fazer o que tens vontade. Mas sabes, às vezes custa-me mais a mim do que a ti. Aliás, tenho a certeza que me custa mais, mas é para o teu bem. Um dia vais perceber isso. Quando te digo “não” é porque é necessário e não por não gostar de ti. É exatamente porque me preocupo contigo que às vezes tenho de o dizer. Por exemplo, quando quiseste escorregar pelo corrimão das escadas e a mãe disse que não, fi-lo porque vi que podias cair e magoar-te. O “não” foi para te proteger e isso também é amor. Quando querias gomas e eu não te comprei, disse-te que “não” porque sei que o açúcar em excesso faz mal. Além disso, se cada vez que me pedires alguma coisa eu te der, depois não irás dar valor a nada. Vais ver que assim darás valor a cada presente que te dão ou a cada momento especial vivido porque consegues saborear de outra forma. Quando te digo que “não”, há sempre uma explicação e, mesmo que te custe, isto também é uma forma de amor porque sei e acredito que estou a fazer o melhor para ti. Assim, só vais sair à noite quando perceber que tens maturidade e responsabilidade para isso.
9 Dicas para os pais lidarem com ansiedade:
Também existem inúmeros pais que ficam ansiosos quando os filhos chega a estas fases. Assim, aqui ficam também algumas dicas:
- Lembre-se que não há pais perfeitos;
- Não há culpa, todos erramos e temos a vida toda de pais para fazer sempre melhor;
- pensem antes de responder, pois muitas vezes uma má resposta gera discussão;
- Lembrem-se que vocês, pais, são os adultos;
- Sejam firmes, não cedam a “choradilhos”;
- Expliquem razões de forma simples e direta;
- Se está irritado/a, vá dar uma volta e não fale de cabeça quente;
- Cuide de si, só conseguimos estar bem com os outros se estivermos bem connosco próprios;
- Faça yoga, meditação, exercício diário. Cuide-se diariamente, pelo menos, 15 e verá que a ansiedade diminui muito.