Guia de cabeceira para pais desesperados

Bárbara Ramos Dias // Maio 20, 2021
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Guia de cabeceira para pais desesperados
Guia de cabeceira para pais desesperados

Sentes que há dias em que o teu filho te leva ao limite? Que não ouve o que dizes? Não desanimes. “Guia de cabeceira para pais desesperados” é um livro que foi escrito a pensar em ti. Escrito por mim, uma psicóloga que tem não uma, mas, sim, três doces pestinhas. 

Senti e percebi, através dos pedidos de ajuda, que muitos pais ficaram desesperados na altura do primeiro confinamento. Foram muitos os telefonemas e as mensagens a pedir ajuda e também com simples desabafos. 

Guia de cabeceira para pais desesperados – 9 formas de educar através do eneagrama

O objetivo deste livro é ajudar-te a conhecer e compreender melhor a tua família através do eneagrama, uma ferramenta que estuda a personalidade, ensina-nos a valorizar os talentos e a desdramatizar os “desafios”, conseguindo, assim, um maior equilíbrio e felicidade familiar, com menos conflitos e discussões. 

Guia de cabeceira para pais desesperados

“Mas, se eles têm os mesmos pais e a mesma educação porque são tão diferentes?” 

Fácil! Porque têm diferentes personalidades, percepções, crenças, medos, energias e motivações. E é aqui que entra o eneagrama, que estudo a personalidade, dividindo sujeitos em 9 tipologias: Perfeccionista, Prestativo, Competitivo, Romântico, Observador, Questionador, Entusiasta, Controlador e Harmonioso. Mas, atenção, é importante lembrar que, primeiro, não somos números, nem robots, somos pessoas com todas as nossas individualidades. E, segundo, as crianças encontram-se em desenvolvimento psicológico, pelo que vão evoluindo nos seus comportamentos, talentos e pontos a melhorar. 

Agora, imagina, com a ajuda desta fantástica ferramenta, conseguires melhorar a comunicação com os teus filhos, deixares de gritar de manhã à noite, conseguires ditar as regras, bem como todos os desafios que nós, pais, passamos regularmente.

Desde que o eneagrama entrou na minha vida que tudo começou a fazer muito mais sentido.

O eneagrama fez-me repensar os meus relacionamentos familiares, laborais, sociais e até comigo própria, tendo tido grande impacto na minha qualidade de vida. A comunicação e a interação com os outros passou a ser um processo mais consciente e eficaz. 

Cá em casa somos todos diferentes, mas complementamo-nos. Uma casa cheia: eu sou tipo 7 (Entusiasta), a Francisca 6 (Precavido), o Vasco 8 (Controlador) e o Vicente 3 (Competitivo), o que é divertido gerir e educar.

Aprendi a lidar com os meus filhos de forma diferente, a perceber melhor os seus talentos, motivações, medos e aspetos a melhorar. Motivá-los para estudar e para cumprirem as tarefas passou a ser bem mais fácil. A comunicação melhorou e as discussões diminuíram apenas porque nos compreendemos. Ou seja, agora conseguimos colocar-nos “no sapato do outro”. Resultado: maior harmonia em casa. Claro que somos uma família normal, onde também existem discussões, mas o certo é que conseguimos comunicar melhor. 

Testemunhos: 

. Pedro, 13 anos – Tipo 8, Confrontador

Num ato de desespero, depois de ter partido a Playstation do meu filho, a saltar de salto alto em cima dela até a partir, procurei a Bárbara. 

Todos os dias havia discussões e gritaria. E tudo por causa dos jogos. Ele ficava agressivo comigo e com pai quando nós o mandávamos fazer alguma coisa e parar de jogar. Tentámos tudo: desligar a Internet, esconder cabos, etc.. Nada funcionou. Estávamos desesperados. Ele dava cabo de nós. Não aguentava muito mais tempo.

Já sem muita esperança, e porque tivemos boas referências, procurámos a Bárbara. Após avaliação com eneagrama, percebemos a sua personalidade e passámos a lidar com ele de forma muito diferente, valorizando os talentos, não admitindo agressividade connosco e o principal, não cedendo a quebrar as regras e os limites. São poucas as regras, mas sem cedência. Regras firmes, com momentos de colo e atenção.

A Bárbara ensinou-nos que os pontos fortes dele são a autoconfiança e a frontalidade. Os pontos a melhorar são a teimosia, a raiva e a impulsividade.

Basicamente o que fizemos foi transformar a agressividade dele em afeto. Como? Dei-lhe um abraço num dia de discussão e perguntei: “Porquê essa dor toda? O que se passa? Posso ajudar-te? Não precisas dessa raiva… Não precisas de ser o mais forte da família”. E ele vergou e chorou descontroladamente. 

Como desarmei o seu braço de ferro, ele não me levantou mais a mão, nem a voz. Acabou o medo, e por isso acabou a tormenta. O mal foi que quando ele era pequeno achávamos muita piada a ele ser mandão e levantar a mão, mas depois, na adolescência, isso não tem piada absolutamente nenhuma.

Atenção, como diz a Bárbara, não existem receitas mágicas, a mudança não é imediata e depende da nossa persistência. Claro que ele ainda testa os limites, claro que tenta, mas como nós já agimos de outra forma, ele também o faz. Chegamos a ter dias tranquilos, sem discussões. 

Teresa 

. Família Marques

Procurei a Bárbara para melhorar o relacionamento da minha família. Sou separada do pai dos meus filhos e há quatro anos que estou com outra pessoa. Nesse sentido, pedi à Bárbara que fizesse a avaliação de cada um de nós e nos ensinasse a lidar melhor uns com os outros. 

O meu companheiro é tipo 5 (Observador), tem uma inteligência superior à média, é responsável e precisa de espaço para estar sozinho e reservado. Eu sou o oposto, temperamental, distraída, dinâmica e criativa, mas muito cabeça no ar, tipo 7 (Entusiasta). 

O meu filho mais velho, o Guilherme, é muito parecido comigo, daí haver discussões constantes. Um dos princípios que a Bárbara me ensinou foi a balizar as regras, ou seja, devem ser poucas, mas firmes. Explicar que “este ato vai ter esta consequência”. O Guilherme adora karts e é muito bom nisso. Assim, em combinação com a Bárbara, incentivei-o nos karts, mas só se tivesse boas notas na escola, caso contrário saía. Fizemos uma tabela no Excel com as notas dele, em comparação com a média da turma, e planeámos o estudo e as explicações. O objetivo mínimo era 14 valores. O que é certo é que ele mudou o comportamento na escola e em casa, porque tinha o incentivo dos karts.

O mais novo, o Francisco, é mais direto, faz tudo para agradar, está sempre disponível para tudo e todos, mas tem dificuldade em pedir ajuda. Temos estado a trabalhar no sentido de ele começar a olhar para si mesmo. O surf tem sido um desbloqueador espetacular.

Graças a esta ferramenta e à Bárbara, temos tido cada vez mais momentos tranquilos e divertidos em família. O mais importante é respeitarmos os limites uns dos outros. E dar espaço para o meu companheiro estar no canto dele sozinho de vez em quando tem sido um grande fator de mudança. 

Margarida 

Nota: Fotografias por Verónica Silva

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