Nos últimos anos, tornou-se possível realizar recomendações nutricionais e de estilo de vida de forma personalizada, com base em exames laboratoriais. Desde a descodificação do genoma humano, a combinação da análise das predisposições genéticas com exames de sangue, urina, saliva, entre outros, constitui a estratégia mais completa para identificar as reais necessidades nutricionais de cada pessoa.
Contudo, apesar de esta possibilidade estar ao alcance dos países mais desenvolvidos e poder reduzir substancialmente a despesa pública associada a doenças crónicas – como as cardiovasculares, metabólicas e oncológicas, que estão entre as principais causas de morte –, os investimentos em saúde pública continuam a privilegiar o rastreio e o tratamento, em vez da prevenção. Acredito que num futuro próximo, possam ser usadas estratégias de saúde pública mais focadas na identificação de desequilíbrios com o objectivo da prevenção primária de doenças crónicas.
Polarização alimentar e impacto na saúde
Ao navegar nas redes sociais e nos meios de comunicação, é possível constatar uma tentativa de polarização em termos de escolhas alimentares. Surgem tendências e formam-se grupos quase tribais, adeptos de regimes alimentares veganos, crudívoros, carnívoros e outros.
Na consulta de Otimização Metabólica é comum ver exames de pessoas que beneficiariam de um regime alimentar bastante diferente daquele que seguem. Por exemplo, em casos de carências severas e prolongadas de determinados nutrientes presentes exclusivamente em alimentos de origem animal, como a vitamina B12, a melhor estratégia seria integrar esses alimentos na dieta. Quando se detecta a falta de um nutriente específico, é provável que existam outras carências associadas, não detetáveis apenas pelas análises laboratoriais.
No caso da vitamina B12, por exemplo, se um vegano apresentar carência desta vitamina, é possível que também tenha carências de outros nutrientes essenciais presentes na carne, como a creatina, a carnosina e a taurina. Além disso, existem outros alimentos de origem animal onde a biodisponibilidade de vitaminas e minerais é muito mais exuberante do que no reino vegetal, como é o caso da vitamina A e do ferro, por exemplo. O inverso também ocorre: muitas pessoas que consomem baixíssimas quantidades de vegetais e frutas, necessitam de aumentar drasticamente o consumo deste tipo de alimentos para repor nutrientes mais exclusivos.
O papel dos exames laboratoriais na prevenção de doenças
Os exames laboratoriais permitem identificar lapsos na dieta e corrigir carências que, se prolongadas, podem levar ao desenvolvimento de doenças. Retomando o exemplo da vitamina B12, a sua deficiência severa e persistente está associada a patologias do sistema nervoso central, como a demência, e a problemas cardiovasculares, como o AVC e o enfarte, que têm taxas de mortalidade bastante elevadas nos países desenvolvidos. Por outro lado, também é comum observar nutrientes que se encontram em excesso, especialmente vitamina B6, devido a desequilíbrios da flora intestinal. Assim, a toma indiscriminada de suplementos de A a Z, pode agudizar esta tendência de excesso, levando a consequências várias, que podem incluir distúrbios neurológicos. Há que lembrar que os suplementos não são inócuos e devem ser recomendados por um profissional.
O futuro da nutrição de precisão
A nutrição de precisão pode revolucionar completamente a forma como nos alimentamos, ao integrar exames laboratoriais na definição da dieta e da suplementação ideais para cada pessoa. Após a realização dos exames, é essencial estar de mente aberta para introduzir os alimentos necessários à correção das carências nutricionais a longo prazo.
Os suplementos constituem um complemento importante, especialmente durante o período em que a pessoa ainda está a aprender a implementar os novos hábitos alimentares. Infelizmente, com o nosso estilo de vida actual, pode ser necessário tomar suplementos ao longo de todo o ano.
Personalização da nutrição e otimização do desempenho
A personalização da alimentação melhora a saúde, previne doenças e otimiza o desempenho físico e mental. A ciência nutricional avança para um modelo em que comer bem significa alimentar-se de acordo com as necessidades biológicas individuais, promovendo o bem-estar e a longevidade.
A interligação entre nutrição e exercício físico
A ciência do exercício segue um princípio semelhante ao da nutrição de precisão. Os exames de sangue, urina e testes genéticos fornecem informações valiosas para recomendações nesta área. Estas devem ser combinadas com a avaliação do profissional do exercício – que inclui mobilidade, equilíbrio muscular, força e resistência –, de modo a obter um plano de treino verdadeiramente individualizado.
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