É possível prevenir a Degenerescência Macular da Idade (DMRI)?

Eugénio Leite // Setembro 30, 2024
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DMRI
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A Degenerescência Macular da Idade (DMRI) é uma das principais causas da perda de visão na terceira idade. É uma doença degenerativa e progressiva que afeta a área central da retina, a mácula, levando à perda da visão central devido ao “envelhecimento” da mácula, a zona mais sensível da retina.

Em Portugal, esta patologia atinge mais de 300 mil pessoas e, por ano, surgem cerca de 3 mil novos casos de DMRI. Este facto deve-se ao aumento da esperança média de vida, tornando o diagnóstico e o tratamento precoce essenciais na sua prevenção e tratamento.

Quais são os fatores de risco?

Geralmente, a causa mais comum é o envelhecimento, mas esta é uma condição que pode ser agravada por outros fatores de risco, tais como: tabagismo, colesterol, hipertensão e radiação solar. A visão fica turva (sem foco e nitidez) e vai piorando com o tempo.

Esta doença atinge cerca de 30 milhões de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). 

Em muitos locais, é ainda desconhecida. Por exemplo, 80% dos brasileiros nunca ouviu falar da DMRI, o que é alarmante. Esta falta de informação, extensível a muitos outros países, leva a um enorme descuido no controlo periódico da visão. Afeta 10% da população acima de 65 anos de idade, de acordo com a Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo (SBRV). Costuma surgir a partir dos 50 anos e manifesta-se sob dois tipos ou num tipo misto dos dois tipos.

Tipos de DMRI

Existem predominantemente duas formas de DMRI: a forma “seca” e a forma “húmida”. Embora atingindo um número mais reduzido de doentes, a DMRI “húmida” é a responsável pela maioria dos casos de cegueira relacionados a esta doença. Nas situações de DMRI “húmida”, há aparecimento de vasos sanguíneos anormais (neovascularização) que acabam por rebentar, dando origem a hemorragias e cicatrizes no fundo do olho. Existe ainda a forma mista, cuja evolução e gravidade vão depender da forma predominante.

Causas 

Esta é uma doença resultante de anos de descuido dos princípios de uma vida saudável e preventiva, quer sob o ponto de vista de hábitos alimentares, tabágicos, alcoólicos ou de exercício. Não esquecer outras patologias, como hipertensão arterial, colesterol, triglicerídeos, lipídios ou fatores medicamentosos.

É possível prevenir?

A retina destruída pela DMRI não é recuperável, e a perda de visão é permanente. No entanto, já existem tratamentos que impedem ou retardam a progressão da doença. Os tratamentos disponíveis vão desde a utilização de antioxidantes, injeções intra vítreas de antiangiogénicos ou corticosteroides até à cirurgia para remoção de membranas neovasculares e à fotocoagulação por laser.

Embora os dados clínicos ainda não comprovem inequivocamente alguns resultados existentes, a prevenção da DMRI consiste basicamente em evitar os fatores de risco, principalmente o tabagismo e o álcool, controlar fatores de risco como colesterol, triglicerídeos ou lípidos elevados, adotar uma dieta rica em vegetais de folhas verdes e pobre em gordura, usar óculos escuros com filtros UV e consultar regularmente o oftalmologista.

O que nos mostram os estudos já existentes?

Vários estudos têm mostrado que o fator hereditário explica parte da DMRI, mas ainda não há muita informação sobre a proporção do peso da genética e do tipo de hereditariedade. Testes de alimentação feitos com uma população de portadores de DMRI têm indicado que uma dieta rica em verduras, especialmente folhas verdes, pode ser benéfica para evitar o desenvolvimento da DMRI. Suplementos nutritivos como a zeaxantina e a luteína também estão a ser testados para a DMRI, nomeadamente o estudo AREDS. Ainda que as pesquisas não tenham indicado um benefício comprovado dos antioxidantes para evitar a DMRI ou evitar a sua progressão, os investigadores alertam para que se evitem doses exageradas de medicamentos antioxidantes, uma vez que estudos já comprovaram efeitos secundários das grandes doses sobre os doentes.

Em suma, a DMRI é uma patologia dependente da idade, mas com um forte componente resultante de descuidos alimentares, falta de exercício, hábitos tabágicos ou fatores endócrinos, cuja fatura se pagará décadas mais tarde. 

Adotar um estilo de vida saudável ao longo da vida é essencial para prevenir esta doença.

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