As 8 principais perguntas sobre saúde ocular

Eugénio Leite // Maio 18, 2023
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Os olhos são a nossa janela para o mundo que nos rodeia e, consequentemente, motivo de preocupação, pois ninguém deseja ficar preso na escuridão. Assim, deixamos aqui oito perguntas comuns e pertinentes que múltiplas vezes fazemos a nós próprios. 

Comecemos pela questão mais pertinente que será seguramente esta:

1. Qual a nossa primeira opção para uma consulta: um oftalmologista ou um optometrista?

Inequivocamente, a resposta será sempre o oftalmologista e a explicação é simples e objetiva: o oftalmologista é o profissional mais bem preparado para lidar com a normalidade, mas sobretudo para detectar as alterações quando elas ainda não são perceptíveis e achamos que estamos bem. Um optometrista por formação tem duas opções, ou trabalha na vertente óptica – execução da preparação e montagem de lentes em armações – ou na avaliação dos erros refrativos como sejam miopia, hipermetropia, astigmatismo ou presbiopia, pois a sua formação em doenças oftalmológica é muito básica logo insuficiente. Em conclusão, deve consultar por rotina um oftalmologista e só numa urgência de precisar de repor uns óculos que se estragaram recorrer a um optometrista, e aqui chamo atenção que o deve fazer a um optometrista que não execute o seu exame dentro de uma óptica, pois há que distinguir a execução da refração, prescrição de uma graduação e a venda das lentes e armação.

E, ao responder a esta questão logo se levantam três outras questões, a saber:

  • Quando deve uma criança ser observada pela primeira vez?
  • Qual a periodicidade das consultas de oftalmologia?
  • Quais os sinais ou sintomas de alerta para a necessidade de anteciparmos uma consulta?

Analisemos, então, cada uma delas, até pela importância extrema destas no futuro da nossa visão.

2. Quando deve uma criança ser observada pela primeira vez?

Neste caso a resposta terá duas vertentes. Primeira vertente, a criança apresenta “olhos tortos” ao nascer ou nos primeiros meses, ou um pouco mais tarde se começar a aproximar os objetos dos olhos para os ver, aqui a resposta é de imediato. Devemos perceber o que está por detrás de tal situação para correção imediata, pois uma criança desenvolve o sistema visual até cerca dos 9-10 anos e se não o fizer ficará com uma visão diminuída, por exemplo, o chamado olho preguiçoso, para além de perder a noção da terceira dimensão. Obviamente, não esgotamos aqui os sinais ou sintomas de visão perturbada, logo os pais e educadores devem estar atentos a qualquer sinal que possa indicar que a criança vê mal.

Segunda vertente, tudo parece normal, olhos direitos, criança parece ver bem ao longe e perto, então entre os 12 e 18 meses deve fazer uma consulta de rotina.

3. Qual a periodicidade das consultas de oftalmologia?

Neste caso a resposta tem múltiplas facetas, e, assim comecemos pela mais simples, de quem vê aparentemente bem e não tem qualquer queixa. Nas primeiras duas a três décadas de vida, deve fazê-lo com periodicidade entre os 12 e 18 meses. E, a partir dos 40 anos, deve fazê-lo anualmente.

Num segundo caso, se houver doenças como miopia, hipermetropia, astigmatismo, insuficiência e convergência, glaucoma, retinopatia diabética, degenerescência macular de idade e estas só a título de exemplo, deve fazê-lo de acordo com a indicação do seu oftalmologista pois há inúmeros fatores em causa e só mesmo ele pode avaliar, e, mais ninguém.

4. Quais os sinais ou sintomas de alerta para a necessidade de anteciparmos uma consulta?

De uma forma simples, sempre e quando sentirmos que estamos a ver pior ou de uma forma diferente. Assim como se nos aparecerem sinais ou sintomas como: pontos negros flutuantes, visão turva, “remelo”, ardor ou comichão, perda brusca de visão, dor ocular, dificuldade em focar as imagens, as letras como que a saltarem quando lemos, dificuldade em lermos por períodos um pouco mais prolongados, ou seja, sempre que algo surgir diferente da nossa habitual visão ou “normalidade” do dia a dia.

E, como falamos de correção de erros refrativos, miopia, astigmatismo e outros, uma questão que se coloca, pois óculos todos podemos usar e em qualquer idade mas e lentes de contacto, será que também todos podemos usar?

5. Existe um limite de idade para usar lentes? “Tenho 60 anos. Devo ter algum tipo de cuidado adicional?”

É um mito, porque lida com a idade e talvez tenha surgido por causa da crença de que com a idade os olhos ficam mais secos. Isto combinado com a ideia de que muitos idosos necessitam de lentes bifocais pode ter levado muitos a acreditar que não existe alternativa para os óculos progressivos tradicionais.

Presentemente, já existem lentes de contato bifocais e multifocais, o que alarga o seu uso a todas as idades. Mas, alguns tópicos devem ser tidos em consideração, como seja a questão de ter olhos secos, o que muitas vezes resultará num uso de lentes desconfortáveis, número de horas excessivo ou frequentar ambientes inadequados, o que também pode tornar desconfortável o uso das lentes de contacto. Existem múltiplas marcas que oferecem lentes de contacto com diferentes características que ajudam a reter a humidade nos olhos e que se combina com a utilização de uma lágrima artificial adequadamente escolhida. Isso fez com que se pudesse aumentar drasticamente a idade de uso confortável e desfrutar dos benefícios das lentes de contato. A opção deverá ser sempre discutida com o profissional de saúde e levar em consideração as características dos olhos.

Permitam-me deixar-vos aqui mais quatro ou cinco situações ou perguntas para vossa reflexão, a saber:

E, porque hoje vivemos numa sociedade altamente tecnológica e onde o uso de monitores que vão desde as enormes televisões aos minúsculos écrans de telemóveis, sobretudo este, é abusivo por todos pelo tempo que passamos à sua frente, temos a seguinte questão:

6. “Os meus olhos estão constantemente secos, ao ponto da sensação me causar grande desconforto ao longo do dia. Como é que o problema pode ser tratado?”

O olho seco é uma anormal lubrificação da superfície do olho que se manifesta quando as pessoas produzem lágrimas insuficientes ou com défice nalguma das suas camadas. É uma das queixas mais comuns e é facilmente confundido com outras doenças, tais como infeções ou alergias oculares.

Os sintomas frequentes do olho seco são: ardor, comichão, irritações, fotofobia, vermelhidão, visão turva, lacrimejamento, sensação de corpo estranho e incómodos para visão de perto e longe.

O tratamento do olho seco deve ser feito não apenas para o próprio bem-estar da pessoa, mas para não colocar em risco a integridade da córnea. O tratamento do olho seco varia de acordo com a sensibilidade do doente e deve ser baseado no diagnóstico efetuado pelo oftalmologista.

São várias as formas de tratar o olho seco que vão desde colírios, às lágrimas artificiais ou à oclusão da drenagem de lágrimas, retardando a saída do filme lacrimal. Outra forma de tratamento está dependente do diagnóstico da causa do olho seco.

Sabemos que 80% dos casos resultam da produção deficiente camada lipídica do filme lacrimal pelas glândulas de Meibomius. Um inovador laser E-Eye permite estimular as glândulas e regularizar o filme lacrimal, resolvendo em cerca de 87-92% e por períodos de 3 a 5 anos o olho seco. É uma resposta eficaz, comoda para o doente que deixa de haver a necessidade do uso permanente de gotas.

Mas, há pouco abordamos as crianças e os estrabismos (“olhos tortos”), assim desmistifiquemos algumas questões. 

7. É possível corrigir o estrabismo, mesmo que seja muito evidente?

Os diferentes tipos de estrabismos têm todos correção cirúrgica com índices de sucesso elevados, mas nem sempre total e convém dividi-los consoante a idade e causa.

Na criança a primeira medida do tratamento do estrabismo a ser tomada é a prescrição de óculos, caso haja necessidade. É o possível estrabismo acomodativo, cujo tratamento passa pela correção do erro refrativo (hipermetropia) através de óculos.

Se há ambliopia ou olho preguiçoso deve proceder-se ao seu tratamento com um oclusor sobre o olho com melhor visão para a estimular a visão do olho preguiçoso ou de acordo com a condição oftalmológica em causa.

Se o estrabismo se mantiver é necessário avançar para a sua correção através da cirurgia aos músculos oculares. De referir que o uso de óculos é independente da uma intervenção cirúrgica.

Nos adultos com o chamado estrabismo latente (forias), o procedimento passa pela prescrição de óculos, se necessário, e, pelos exercícios de ortóptica para tentar manter o alinhamento dos olhos.

Nas formas de estrabismo evidente no adulto a única opção passa pela intervenção cirúrgica para a obtenção da correção.

Se o estrabismo ocorreu pela perda de visão, esta terá de ser, primeiramente, corrigida e só depois se avança para a realização de uma intervenção cirúrgica se necessária. A correção dos erros refrativos é mandatória nestes doentes (óculos ou cirurgia).

A cirurgia para estrabismo deve ser realizada somente se houver indicação cirúrgica. No caso dos estrabismos paralíticos por doença ou traumatismo deve-se aguardar pelo menos 6 a 12 meses antes de se avançar para a cirurgia de estrabismo.

Em conclusão, no tratamento do estrabismo manifesto da criança as fases são, primeiro, corrigir o erro refrativo, segundo, detectar se existem ambliopias num dos olhos e instituir o tratamento (oclusão), terceiro, realizar o tratamento cirúrgico. A técnica cirúrgica será escolhida consoante o tipo de estrabismo em causa.

No estrabismo adquirido (paralítico) deve-se intervir cirurgicamente após tratamento médico com oclusão de um dos olhos para evitar a diplopia, durante pelo menos seis meses.

Um último tópico, a cirurgia de estrabismo não é possível de ser efetuada com tecnologia laser, ou seja, não existe qualquer técnica cirúrgica realizada com laser.

Uma das queixas mais frequentemente referidas na consulta é o aparecimento de pontos negros, e, assim clarifiquemos alguns aspetos:

8. “Vejo, com frequência, pequenas manchas negras a flutuar. Pode ser sinal de algum problema de visão? O que devo fazer?”

Não são mais que pequenas opacificações (flutuações) que se formam no vítreo (substância gelatinosa transparente que preenche o globo ocular) e percebidas como sendo manchas, nuvens, pontos ou teias de aranha. Na maioria das vezes são células que se agrupam e de pouca importância. Podem aparecer e desaparecer e, em geral, o paciente aprende a conviver com elas e quando necessário faz movimentos com os olhos fazendo com que as flutuações saiam do seu campo visual.

As flutuações ou miedsópsias podem ter diferentes origens conforme sua causa e magnitude. A flutuação pode ser um pequeno grupo de células, descolamento parcial ou total do vítreo, células de sangue flutuantes no vítreo ou células produto de uma inflamação intraocular.

As flutuações ou moscas volantes não têm tratamento específico. Contudo, se surgirem repentinamente e em grande número, podem ser sinais de graves problemas de retina, como rasgaduras e/ou descolamento de retina. E, nestes casos, deve-se consultar de imediato um oftalmologista.

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