Os adolescentes e a saúde mental

Neide Urbano // Abril 10, 2025
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A adolescência era tradicionalmente vista como o período de transição entre a infância e a idade adulta, mas atualmente é mais considerado um período de múltiplas transições. Este período de transições, uma espécie de segundo nascimento, é uma época em que o adolescente já não é uma criança nem ainda é um adulto, mas partilha de alguns dos desafios, privilégios e expetativas de ambas as épocas.

As alterações emocionais e comportamentais na adolescência e as perturbações mentais que ocorrem nesta fase evolutiva são, pela sua frequência, impacto social e dificuldade de tratamento, um problema importante para os Serviços de Saúde Mental.

Aproximadamente 20% dos adolescentes têm uma perturbação clinicamente diagnosticada. De entre as crianças e adolescentes que apresentam perturbações psiquiátricas apenas 1/5 recebe tratamento apropriado. Cerca de 50% das doenças mentais que se manifestam ao longo da vida têm o seu início na adolescência. É, portanto, essencial uma política de prevenção e informação desde a infância de forma a evitar algumas condições que levam à elevada existência de psicopatologia nesta faixa etária.

O normal e o patológico na adolescência:

  • O que são considerados sintomas normais?

Surgem associados ao desenvolvimento psicológico da criança, tendo como características: 

  • São transitórios;
  • Pouco intensos;
  • Restritos a uma área da vida do adolescente;
  • Sem repercussão sobre o desenvolvimento.
  • O que são considerados sintomas patológicos?
    • São intensos e frequentes;
    • Persistem ao longo do desenvolvimento;
    • Causam grave restrição em diferentes áreas da vida do adolescente;
    • Com repercussão no desenvolvimento psicológico normal;
    • Desadequados em relação à idade (por exemplo, ansiedade de separação dos adolescentes em relação aos pais);
    • Associação de múltiplos sintomas.

Quais os sinais de alerta a que os pais devem estar atentos?

  • Desinteresse por atividades que apreciava anteriormente;
  • Alterações do sono ou apetite (em falta ou em demasia);
  • Andar quase sempre irritado e agressivo;
  • Isolamento social;
  • Abuso de substâncias psicoativas (álcool, tabaco, cannabis, etc.);
  • Pessimismo;
  • Dificuldade em projetar-se no futuro;
  • Pensar ou tentar-se auto-agredir ou suicidar;
  • Humor deprimido ou irritável.

Que adolescentes estão mais em risco?

  • Comportamentos disruptivos, como episódios de agressividade ou fugas de casa;
  • Histórico de consumo de substâncias psicoativas;
  • Antecedentes de abuso (físico, sexual ou psicológico);
  • Vítimas de bullying;
  • Exposição à violência, suicídio ou autolesão de terceiros.

Quais os tratamentos disponíveis para adolescentes em risco? 

O tratamento dos adolescentes em risco e com sinais de alerta requer habitualmente intervenção psicológica (Terapia Cognitivo Comportamental, Terapia Familiar, …).

Se forem identificados sintomas patológicos, deve-se encaminhar para um médico Psiquiatra da Infância e da Adolescência que fará o diagnóstico e avaliará se é necessário associar psicofarmacologia. Dois princípios muito importantes a ter em conta quando se medica um adolescente são: só quando necessário e menos é melhor.

Estar atento e agir o mais rápido possível pode determinar o sucesso do tratamento.

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