Fez em janeiro três anos que lancei o livro “Viver a vida a amar”. Tinha passado por uma experiência muito forte, que foi a perda de voz durante um mês, que me levou a um período de reflexões profundas. Escrevi sobre um conjunto de temas, que me pareciam, e continuam a parecer, prioritários na vida e, de todos os textos, há um que me parece urgente partilhar algumas partes convosco neste mês de fevereiro, dedicado ao amor. Intitula-se “o amor- próprio é o grande combustível da vida”.
“Amor” é uma palavra muito poderosa. Quando o sentimos realmente, enche-nos o peito e às vezes parece bloquear-nos a respiração e até o raciocínio. Quando penso em amor, penso, antes de mais, no amor-próprio. Porque esse tem de ser soberano, o primeiro dos primeiros, o condutor da carruagem da nossa vida. Quando alguém não se sente capaz de se amar a si próprio, aniquila por completo a possibilidade de ser feliz. Sim, fixem esta ideia que repito muitas vezes aos outros, mas também a mim própria: acreditar em nós, amarmo-nos, é o primeiro passo para a nossa felicidade. Não podemos estar dependentes de um amor que venha de fora. Fazer depender a nossa felicidade de um amor por um homem ou uma mulher, do reconhecimento dos nossos amigos ou de um amor paternal, é um grande erro. E com isto não estou a dizer que não é importante amar os outros e sentir o amor dos outros. Claro que é! Mas a tua felicidade não pode depender desse amor que vem de fora. Tu és a nascente do teu amor.
Quando não temos amor por nós próprios, a nossa alma definha, apaga-se. É fácil identificar essas pessoas, porque não têm brilho próprio. São baças. Podem até passar o tempo com um sorriso nos lábios e conseguirem a boa disposição à sua volta. Mas isso não quer dizer obrigatoriamente que se amam. Muitas vezes, quando estão sós, é como se os holofotes se apagassem e pudessem finalmente despir o fato da pessoa sempre feliz e bem disposta. É aí que as fragilidades vêm ao de cima. É aí que o vazio, e consequentemente a tristeza, se instala.
Ao longo da vida tive de fazer um trajecto para descobrir o meu amor-próprio e tenho trabalhado interiormente para fazer crescer este amor e para descobrir tudo o que existe de positivo e de bonito dentro de mim. Se não sabe por onde começar, deixo-lhe uma sugestão simples mas, para mim, muito eficaz. Arranje um caderninho e intitule-o “Amor-próprio”. Habitue-se a registar diariamente as pequenas ou grandes coisas que fez, que disse, que sentiu. Mas não seja demasiado exigente consigo mesmo. Não ponha a fasquia tão alta que, de início, não seja fácil alcançá-la. Seja generoso, doce e paciente. E à medida que vai apreciando os pequenos tesouros que existem dentro de si, vai sentir o seu coração mais forte, a sua força anímica a multiplicar-se e os seus olhos a sorrir.
Ser capaz de dizer “eu amo-me” é a maior conquista da vida e significa abrir um caminho onde conseguimos viver os nossos maiores momentos de felicidade.