Mágico, precioso, transparente, claro e sábio. Estes são apenas alguns dos muitos adjetivos que usaria para definir o meu melhor conselheiro – o silêncio.
Há quem fuja dele, há quem o considere sinal de solidão, há quem não o queira ouvir… E, há, também, quem corra demasiado no tempo, para ter tempo para um diálogo silencioso.
O silêncio tem um poder único e inigualável.
Tem tudo o que precisamos – tem a verdade, tem a mentira, tem o segredo para a ilusão criada atrás dos medos, tem a cura, tem a fé e, contém o bem mais precioso das nossas vidas, a nossa essência.
Deveríamos mergulhar neste “portal” diariamente, sabendo que precisamos dele como do ar para respirar… O silêncio é o caminho para a verdadeira natureza, quando paramos nele, sem resistência, nem pressas, paramos em nós. Afinal, qual a melhor forma de nos escutarmos e conhecermos se não a partir do silêncio?
Vivemos na correria, ansiosos por ver tudo, viver tudo, saber tudo, ter tudo e mesmo assim, parece que o vazio e a insatisfação não nos largam. Qual a razão? Não podemos sentir plenitude, não podemos realmente ver tudo, viver tudo e ter tudo se não sabemos quem somos a um nível verdadeiramente profundo.
A partir do momento em que comecei a praticar meditação, fui apresentada à magia do “não som”, inicialmente ele pode parecer ensurdecedor, mas depois… Depois ele passa a ser o teu melhor amigo, o teu melhor conselheiro, na verdade o teu grande mestre.
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Que benefícios nos traz o silêncio?
Quanto a mim, o maior deles é o poder da escuta activa. Atualmente, somos bombardeados com tantos “ruídos” que nos esquecemos de ter longas conversas com quem está ao nosso lado desde o início até ao final da nossa vida – nós mesmos. Sabemos escutar os outros, ouvir a rádio, a televisão e até a conversa dos vizinhos do lado, mas não sabemos escutar a nossa voz interna que tanta coisa tem para nos contar.
A escuta activa pode ser praticada a qualquer hora e em qualquer lugar.
Ao caminhar numa floresta, numa praia, num jardim, numa rua movimentada, ao cozinhar, andar de bicicleta, carro, eu posso praticar essa escuta activa, mergulhando no que está a acontecer dentro de mim, mesmo tudo – cada pensamento, cada emoção, cada memória. Se permanecermos nesse estado o tempo suficiente, o que está “a mais” começa a dissipar-se, o pó começa a sair para dar lugar à clareza.
Quando treinamos este diálogo interno tornamo-nos muito mais conscientes do ego, dos medos que nos limitam e que não passam de ilusões, das inseguranças que fazem parte da mente e não da nossa natureza. Praticar o silêncio diariamente e mais do que uma vez por dia, leva-nos para as perguntas fundamentais que nos trazem respostas imprescindíveis, perguntas tais como:
- O que me está a mover neste momento, o medo ou o amor?
- Ao que estou a dar voz – ao ego ou à sabedoria?
- Qual a razão que me leva a subir “determinada montanha” – o eu que se deseja realizar, ou o eu que quer receber os aplausos do mundo exterior?
- Ao fazer “isto” (uma tarefa ou atividade qualquer) estou a fazer por obrigação ou de essência?
Estas são perguntas a que damos voz a partir do silêncio, e o facto de nos abrirmos para escutar a essência da verdade, a essência da nossa natureza, faz de nós seres muito mais conscientes, calmos, amorosos e verdadeiros.
Todos os dias, escolhe passar pelo menos 15 minutos numa escuta interna activa, fica aí, contigo, sem pressa, sem querer controlar o que surge e aceitando tudo o que vem… Ao final de uma semana percebes que te conheceste mais em 7 dias, do que num ano de vida em que pouco ou nenhum tempo tiveste contigo.