Resolução de conflitos: O que é a Mediação Privada?

Danielle Secco // Outubro 8, 2024
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Mediação Privada
Mediação Privada

Em regra, quando uma relação está deteriorada ou é marcada pelo conflito, existe um grande desgaste emocional, perceções negativas e mazelas que se acumularam. Em consequência, tudo isto nos impede de ver saídas reais e possíveis que, apesar das circunstâncias, sejam boas para todos. Assim, quando nos desconectamos de alguém com quem um dia nos relacionámos – como acontece numa dissolução de uma união, por exemplo – dificilmente dialogamos como antes. Paralelamente a isso, as tomadas de decisão, extremamente necessárias nestes momentos, parecem insuperáveis.

No meio de tanto stress, deceção e tristeza, é preciso decidir onde será a casa de família, quais as responsabilidades de cada um, como serão as visitas dos filhos, continuarão a estudar na mesma escola, e tantas outras decisões. 

Geralmente, estes são apenas alguns dos temas a pensar, e a dinâmica que se costuma estabelecer é: “Um impõe e o outro cede. Se assim não funciona, então brigamos”

Por tradição, no ocidente, quando existe uma divergência, procura-se o auxílio do Estado (Poder Judicial) para decidir o futuro de uma relação arruinada. Seja uma relação de casal, familiar, de vizinhos, empregadores e empregados, etc.. Mas, será que não existe uma forma de, em conjunto, restabelecer a comunicação com quem, um dia, fez parte da nossa vida? Sim, existe, através da Mediação Privada.

O que podemos aprender com a Mediação Privada?

Com efeito, a Mediação Privada é uma opção extrajudicial que ajuda os cidadãos a gerirem os mais diversos tipos de divergências.

Por norma, os conflitos costumam ter uma grande carga emocional e, através da mediação, cria-se um ambiente seguro e imparcial. Deste modo, o objetivo é que todos os participantes possam expressar-se e ouvir abertamente o que cada um pensa. Mais do que isso, os participantes entram em diálogo e, no final, estão prontos a decidirem o que lhes faz sentido

Efetivamente, nos nossos conflitos e discussões, podemos implementar alguns dos princípios da Mediação Privada, para melhorar relações e gerir conflitos. Afinal, com o nosso comportamento, conseguimos influenciar o comportamento dos outros.

Desde logo, a premissa de base para gerir qualquer conflito é fazermos com que o outro se sinta ouvido, para que possamos dizer o que pensamos.  

Para isso, um primeiro passo é assegurarmos a confidencialidade do conteúdo da discussão. A par disso, é essencial comunicarmos de forma calma e sem acusações, para que o outro possa sentir-se seguro e dialogar sem limitações. Deste modo, existe um verdadeiro diálogo, em vez de vitimização e culpabilidade. 

Ao mesmo tempo, durante a construção de um diálogo, é preciso ouvir com abertura, interesse e atenção aquilo que a outra parte lhe transmite. 

Mais do que isso, há que tentar perceber as reais motivações e aquilo que é mais relevante para o outro. Ao reconhecermos essas motivações e prioridades, mais facilmente conseguimos que as nossas também sejam respeitadas.

Durante a troca de ideias, devemos procurar não interromper. Em alternativa, esperar pelo ponto final do outro e responder em seguida, de forma construtiva. 

Por fim, a imparcialidade surge de forma natural, sem esforço, pois passa-se a privilegiar um interesse de todos e não de um ou de outro. 

Precisa de ajuda? A mediação privada pode ser a solução.

Naturalmente, quando gerimos um conflito – seja com familiares, vizinhos, colegas, etc. – nem sempre conseguimos manter a calma e cumprir estes princípios, que são inerentes à mediação. Nesse caso, recorrer à Mediação Privada pode ser uma boa alternativa.

Na mediação propicia-se um ambiente de cooperação, assim como o tempo necessário para que as pessoas possam sentir-se confiantes para exprimir livremente o que acham relevante. 

Naturalmente, a confidencialidade é outro princípio importante. Ou seja, após assinado o termo de compromisso de mediação, nada do que se diz pode ser usado contra o outro. Além disso, os mediadores também não podem ser testemunhas contra ou a favor de nenhum dos envolvidos, caso avancem mais tarde para um processo litigioso.

Tal como a isenção, também a imparcialidade é outro princípio fundamental, uma vez que o mediador não sugere, não opina, não tem preferência, e não tem conhecimento prévio dos temas que estão em discussão.

Com os mediadores, a busca de uma solução decorre em conjunto com os participantes. 

Para além disso, o seu objetivo é que os participantes assumam a responsabilidade da discussão, e tomem decisões emancipadas e duradouras.

Mais do que uma solução específica, os encontros de mediação acabam por dar aos participantes ferramentas de diálogo que podem utilizar em muitas outras situações.

Sendo a mediação uma opção para desenvolver a capacidade de dialogar, permite ainda aprofundar relações e gerir melhor os conflitos. Em suma, os mediandos acabam por se sentir emancipados, e com maior preparação para decidir outros temas que surjam nas suas vidas, dali em diante.

Nota: Este texto foi escrito em Português do Brasil, por isso, podem existir algumas variações linguísticas em relação ao Português de Portugal.

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