Com o progressivo regresso a uma vida dita “normal”, depois de dois anos de pandemia, há coisas básicas que desaprendemos.
As máscaras foram durante este período, uma espécie de segunda pele.
Não podíamos ir a lado nenhum sem elas. Não tínhamos permissão para entrar, onde quer que fosse, se não estivéssemos devidamente protegidos pelas mesmas. Isto foi-nos levando a alterar o comportamento, em coisas tão simples como a postura da nossa cabeça, enquanto caminhamos.
Sem darmos conta, adoptámos o hábito de olhar muito mais para o chão do que era habitual antes da pandemia.
Não é que baixar o rosto e olhar para o chão, aumentasse o nosso índice de proteção em relação ao vírus. Só que o fazíamos inconscientemente e sentíamo-nos mais protegidos do contacto com pessoas. O chão oferecia mais segurança que o olhar de um ser humano, que podia estar infetado sem saber.
Sorrir passou a ser algo difícil e menos frequente.
Quantas vezes vi pessoas a fazer fotos com máscara e quando alguém pedia para que sorrisse, respondia: “Não vale a pena. Estou de máscara. Não se vê”. Eu procurei sorrir sempre e sensibilizar quem estava à minha volta, que era importante continuar a sorrir. Até porque os olhos alteram-se quando sorrimos e sorriem também.
Agora que as máscaras perderam protagonismo, temos uma sensação estranha de estarmos mais expostos.
Quando caminho na rua e mexo o rosto livremente procurando absorver tudo à minha volta, sinto que há muito não vejo aquele cenário ou aquelas pessoas. O que não é verdade.
O sentimento é de redescoberta.
O mesmo se passa com o sorriso. Deixá-lo livre e solto é extraordinariamente bom. Tão bom que às vezes pareço uma criança que gosta de experimentar coisas novas e, por isso, sorri só porque sim.
Reaprendam a sorrir.
Façam disso uma prioridade e seja qual for o desafio que a vida vos está a colocar agora, ficará seguramente mais fácil.
Nota: Fotografia por Verónica Silva