Propósito, paixão e relações no trabalho: Como alcançar o equilíbrio?

Ana Tapia // Dezembro 2, 2024
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Propósito, paixão e relações no trabalho
Propósito, paixão e relações no trabalho

O ingrediente mais importante na fórmula do sucesso é saber como se dar bem com as pessoas.” 

Theodore Roosevelt

Como melhorar as relações profissionais e descobrir o seu propósito e paixão no trabalho? A sua resposta a esta questão certamente é diferente da de muitas outras pessoas. Porém, há alguns dados científicos, fornecidos por milhões de pessoas, que comprovam o seguinte:

  • A sua felicidade depende largamente da qualidade das relações que tem na sua vida. – E, assim é, a qualidade das relações que tem com as pessoas com quem trabalha, onde ocupa pelo menos 8 horas da sua vida, é um fator fundamental não só para o seu bem-estar como para a sua saúde. Quem o diz, não sou eu, mas, sim, os resultados do maior estudo realizado durante cerca de 85 anos para identificar o que contribui mais para uma vida feliz1;  
  • É mais feliz no trabalho do que no seu tempo livre. – Fatores que contribuem para isso consistem em realizar o seu trabalho com um sentido de propósito e com concentração total no mesmo. É isso que o torna verdadeiramente gratificante e apaixonante. Pelo menos esta é a conclusão de uma investigação que abrangeu várias pessoas, culturas e países2.

Se a qualidade das relações que tem na sua vida e o sentido de propósito no trabalho são assim tão importantes para a sua saúde, bem-estar e felicidade, então o que deve fazer?

A resposta a esta questão passa por um trabalho de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal, que influencia a aplicação de algumas das estratégias apresentadas, que poderá sempre experimentar e que passarei a explicar de seguida.

Quando não podemos mudar uma situação, somos desafiados a mudar a nós mesmos”.

Vitor Frankl3

Estes aspectos são recorrentes em muitos dilemas, estados de ansiedade, depressão e conflitos interpessoais que acompanho em consultas:

  1. Reconheça a importância da sua comunicação e comportamento em qualquer relacionamento;
  2. Saiba que embora não possa modificar o comportamento dos outros está ao seu alcance alterar o seu;
  3. Compreenda que comportamento gera comportamento, ou seja, a sua atitude pode incentivar ou não a reação da outra pessoa para consigo.

4 Dicas para melhorar as suas relações profissionais: 

  1. Aprenda a escutar

Os orientais dizem que temos duas orelhas e uma boca para aprenderemos a escutar mais e a falar menos. O “ouvir com atenção” o que o outro diz para compreender o seu ponto de vista e não estar sempre à defesa, interrompendo, contra-argumentando para se defender, mas, sim, com o intuito de descobrir o que pode existir de comum entre si e a outra pessoa, e não o que os divide ou separa.

  1. Descubra o poder da empatia 

Para manifestar empatia precisa de colocar-se no lugar da outra pessoa, compreender a sua perspectiva (mesmo que seja oposta à sua) através de perguntas (como, por exemplo: “Como estás a ver esta situação?”; “O que estás a sentir é o quê?”) e manifestar o seu apoio (dizendo, por exemplo: “Entendo que não está a ser fácil para si”; “Se estivesse nessa situação reagia também assim”).

  1. Aplique o poder da compaixão

Ao manifestar empatia está a sentir, de alguma forma, o estado emocional da outra pessoa. Ela sente-se compreendida, mas é como se o sentimento dela ficasse consigo e começa a sentir o problema do outro como se fosse seu. Mais eficaz do que a empatia é a compaixão. A diferença é que, apesar de se colocar no lugar do outro, não fica a carregar a sua dor, consegue ter uma melhor perspectiva da situação e, ao mesmo tempo, há uma vontade e/ou disponibilidade para ajudar .

A neurociência fornece-nos um dado importante que é o seguinte: enquanto a empatia estimula as zonas do cérebro associadas à dor, a compaixão ativa as áreas do cérebro associadas ao prazer. O que significa que na compaixão a pessoa consegue simultaneamente satisfazer as suas necessidades e as do outro.

  1. Estabeleça limites

Criar limites é o ponto de encontro onde pode amar-se a si mesmo e ao outro em simultâneo. Estabelece limites quando:

  • Segue as suas prioridades e não as compromete ao tentar corresponder às prioridades dos outros;
  • Define horários;
  • Dedica atenção ao trabalho enquanto está no mesmo e deixa de o fazer quando sai (inclusivamente não falar sobre o mesmo e desligar os canais de comunicação – mensagens, telefonemas, etc.; salvo situações particulares ou excepcionais);
  • Respeita o seu tempo de descanso e lazer, ao saber quais as necessidades que precisa de satisfazer para estar mais disponível para os outros, para ter um melhor desempenho, e sentir menos pressão (daquela que trava e não impulsiona); 
  • Tem um espaço exclusivo para trabalhar. Em caso de teletrabalho pode ser conseguido com pormenores decorativos ou alteração do espaço, que assinalam quando é o tempo de trabalho.

A ausência ou indefinição de limites é um fator gerador de conflitos entre as pessoas, ausência de bem-estar e stress de origem pessoal ou profissional (burnout)

Nada proporciona melhor capacidade de superação e resistência aos problemas e dificuldades em geral do que a consciência de ter uma missão a cumprir na vida.”

Vitor Frankl

Ter uma missão que oriente o sentido da sua vida e um propósito no trabalho implica descobrir de que forma a sua atividade profissional contribui positivamente, tanto para a sua vida como para a dos outros. Ao encontrar a sua missão, descobre também a sua verdadeira paixão.

Trabalhar com atenção concentrada, procurar formas de melhorar o desempenho para servir melhor os outros e compreender como o seu trabalho se insere num objetivo maior permite não só lidar melhor com o stress, como também enfrentar os desafios com maior leveza e motivação. Assim, encontrará a paixão no trabalho de forma mais natural.

O que precisa de saber para descobrir o seu propósito no trabalho?

  • “Como é que o meu trabalho contribui para os outros?”
    Pense no impacto que o seu trabalho tem na equipa, na organização, nos clientes e na sociedade em geral.
  • “O meu trabalho está alinhado com a minha razão de existir?”
    Questione-se sobre como a sua atividade profissional reflete a sua missão de vida. Seja empreender, contribuir para a evolução da sociedade, dar um exemplo ou proporcionar melhores condições para a sua família, o trabalho deve estar em sintonia com o objetivo fundamental da sua existência.

Quem tem um porquê suporta qualquer como.” 

Friedrich Nietzsche

Como encontrar aquilo que o apaixona, lhe dá energia, vontade e motivação?

  1. Experimente novas tarefas ou métodos diferentes.
    Explore formas de simplificar o seu trabalho ou aprofunde conhecimentos na sua área.
  2. Participe em novos projetos.
    Colabore em áreas ou iniciativas que lhe permitam desenvolver competências, descobrir interesses e ampliar horizontes.
  3. Garanta que os seus valores estão alinhados com o trabalho.
    Identifique o que realmente valoriza – integridade, inovação, ética, aprendizagem contínua, autonomia, liberdade ou pragmatismo – e procure refletir esses valores nas suas atividades.

A importância das relações e da paixão no trabalho

Melhorar as relações profissionais requer o desenvolvimento de competências como a comunicação eficaz, a compaixão e a capacidade de estabelecer limites saudáveis.

Descobrir o propósito no trabalho exige encontrar uma finalidade que vá além das necessidades básicas e que o realize a ponto de continuar a fazê-lo, mesmo que não fosse remunerado. Já a paixão no trabalho implica compreender os seus valores, motivações e aprender a trabalhar sem obsessão.

Ao alcançar este equilíbrio, será capaz de liderar-se a si mesmo e de ser o mestre da sua própria vida.

  1. O maior estudo sobre a felicidade e saúde realizado durante cerca de 85 anos pela Universidade Harvard, acompanhou várias pessoas de vários estratos sociais, situações e profissões. Concluiu-se que o fator que mais interferia na saúde e bem-estar era a qualidade das relações que tem na sua vida e estas, inclusivamente, afetam a saúde e até o número de anos que vive!
    ↩︎
  2. Mihály Csíkszentmihályi no livro “Flow” (Fluxo),  fruto de uma investigação em várias culturas e países. ↩︎
  3. Vitor Frankl foi um psiquiatra judeu que sucedeu ao lugar de Sigmund Freud. Foi um sobrevivente de um campo de concentração e o que o ajudou a sobreviver foi encontrar um propósito para a sua existência – Sobreviver para se reunir com a família.
    ↩︎

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