Nos últimos meses, a terra voltou a tremer em Portugal. Primeiro no Algarve, depois no centro do país. Foram sismos pequenos, mas que nos relembram uma realidade incontornável: os terramotos não são apenas parte da história. Podem acontecer a qualquer momento, aqui em Portugal.
A questão não é se vai acontecer, mas quando. E o problema é que continuamos a viver como se fosse sempre um problema dos outros, como se a ajuda fosse imediata, como se bastasse ligar para o 112 e esperar que alguém resolva.
Os primeiros segundos são decisivos
Num sismo, os primeiros segundos pertencem-te. E fazem toda a diferença.
Se souberes o que fazer — baixar, proteger e aguardar — aumentas muito as tuas hipóteses de sair ileso. Baixa-te para reduzir o risco de queda, protege a cabeça e o pescoço de objetos que possam cair e aguarda até que o abalo termine. Evita correr para fora de casa ou usar elevadores durante o sismo, pois isso pode aumentar o risco de ferimentos.
Identifica previamente os locais mais seguros em tua casa:
- Locais seguros: cantos de paredes-mestras, junto a móveis de grande volume e robustos.
- Locais perigosos: perto de janelas, espelhos, candeeiros, móveis não fixos ou feitos de materiais frágeis.
Os primeiros minutos são cruciais
A tua única ajuda imediata será quem estiver ao teu lado: família, colegas, amigos.
- Sabem o que fazer?
- Têm um plano?
- Um ponto de encontro?
- Um telemóvel com bateria?
- Uma lanterna?
Além disso, é fundamental que saibam prestar primeiros socorros. Saber como parar uma hemorragia, realizar manobras de reanimação ou simplesmente agir com calma e eficácia pode fazer a diferença entre a vida e a morte. Ter alguma formação em técnicas de sobrevivência e primeiros socorros não é um luxo — é uma necessidade. No meio do caos, quem tiver esse conhecimento pode ser a única esperança para quem precisa de ajuda.
E nas primeiras horas?
Se houver ajuda, ela virá primeiro dos teus vizinhos:
- Quem tiver água.
- Quem tiver mantimentos.
- Quem souber prestar primeiros socorros.
- Quem mantiver a calma.
As equipas de socorro — bombeiros, proteção civil — só conseguirão intervir em força depois de 24, 48 horas ou mais. E isso, se os acessos estiverem desimpedidos.
Por isso, deves estar preparado para sobreviver pelo menos 72 horas sem apoio externo. Isso significa ter uma mochila de emergência com itens essenciais, tais como:
- Água (pelo menos 1 litro por pessoa por dia);
- Alimentos não perecíveis (como enlatados e barras energéticas);
- Rádio a pilhas para te manteres informado;
- Lanterna com pilhas extras;
- Kit de primeiros socorros;
- Medicamentos essenciais;
- Apito para sinalizar a tua localização;
- Cópias de documentos de identificação.

Verifica regularmente os artigos do teu kit e substitui-os se estiverem fora de prazo ou em mau estado. Lembra-te: todos devem saber onde se encontra o kit.

Preparação é tudo
A verdade é esta: estamos muito pouco preparados. Achamos sempre que há tempo. Mas o tempo é agora.
- Cria um plano familiar: define um ponto de encontro fora de casa e assegura-te de que todos sabem como desligar os abastecimentos de água, luz e gás.
- Prepara um kit de emergência: inclui provisões essenciais para dois a três dias.
- Torna a tua casa mais segura: evita atravancar os espaços e prende prateleiras à parede.
- Sabe como agir no momento certo: identifica os locais mais seguros e os mais perigosos da tua casa.
São gestos simples, mas que podem salvar vidas.
Não se trata de viver com medo. Trata-se de viver com consciência e responsabilidade.

Portugal vai voltar a tremer. E tu, vais continuar parado?
Saber mais sobre preparação: Plano de preparação para sismos | Quake
O que devemos aprender com o que aconteceu em 1755: Blog | Quake
Nota: Todas as imagens foram cedidas pelo Quake – Museu do Terramoto de Lisboa (Portugal)