O fim do ano é, com certeza, uma altura de grande reflexão. Uma época em que se faz introspecção sobre como foi e não foi o ano que passou, sobre quais as metas que foram alcançadas e se faz também uma breve reflexão sobre as coisas que não correram tão bem como desejaríamos, mas que nos deixaram mensagens de vida e aprendizagem. Mas, porque o divórcio se inclui tanto nestas reflexões?
O que pretende para o novo ano?
Este é também um momento de planeamento e organização, onde devemos perceber o que se deseja concretizar nos próximos 12 meses. Para tal, é crucial idealizar o que se pretende, bem como o que é necessário materializar, pois só assim as mudanças acontecem.
Naturalmente, há nestes dias uma maior motivação para se tomarem grandes decisões, tais como o divórcio. A época festiva é também uma fase em que as famílias tendem a passar mais tempo juntas. Isto pode ser positivo. Porém, se já existe algum conflito, a probabilidade é que este se intensifique, gerando “overdose” do outro.
Esta é a altura de repensar na sua vida.
Com os filhos de férias, as emoções associadas ao Natal e ao final de ano, para além de outras questões, parece que há maior probabilidade de os ânimos se alterarem e que se perceba que realmente a relação não parece funcionar, dando inclusive a perceção de que já nem existe amor. No entanto, com a mesma rapidez com que surge a ideia de divórcio, levantam-se as incertezas. Tais como, questões de logística necessárias de discutir e que levam a adiamentos: “Com quem os filhos passarão o Natal? Como se irá reorganizar a família?”.
Passadas as épocas festivas, surgem então as resoluções de início do ano. É a altura em que como repensamos a nossa vida, conseguimos perceber aquilo que não nos faz bem ou que não nos realiza. Mas, será assim tão simples? Já tentámos todas as hipóteses? Refletimos qual a necessidade de mudança do “Eu” na relação?
Antes de avançar para uma decisão, pense: será que já tentou todas as hipóteses?
Muitas casais adiam esta resolução em prol de não afetar a dinâmica familiar, principalmente quando existem filhos. Do meu ponto de vista, e enquanto terapeuta que acompanha famílias há cerca de 20 anos, seria mais prudente fazer primeiro terapia de casal ou familiar, tendo em vista o desenvolvimento pessoal e melhoria de comunicação. Uma vez que na maioria das famílias, este é o motivo de discórdia.
Sendo assim, peço sempre aos meus pacientes que reflitam sobre as seguintes questões:
- “O que os fez apaixonar por aquela pessoa?”;
- “De 1 a 10, quanto o outro ainda tem essa caraterística?”;
- “O que pode fazer para ajudar a recuperar isso?”;
- “O que está na sua mão?”.
Sabemos que em alguns casos o divórcio pode ser um evento traumático para as crianças, existindo uma desestruturação da sua base quando não resolvido de forma positiva.
Reflita bem e argumente consigo próprio.
O início de um novo ano permite compreender o que se quer na vida e o que não se quer. É com estas reflexões e fantasias que a motivação e força para se mudar de vida desperta. É o combustível para dar cor à vida. Porém, reflita bem e argumente consigo própria/o. Nem sempre aquilo que idealizamos é o melhor para nós.