Nos últimos tempos, o Plano de Parto tem sido um dos assuntos mais debatidos na área da Obstetrícia. Mas, afinal, o que é um Plano de Parto?
Não existe uma única forma rígida e inflexível de construí-lo. E, não sendo obrigatório, deve elaborá-lo apenas se fizer sentido para si.
O que é um Plano de Parto?
O Plano de Parto representa um conjunto de preferências, reflexões e decisões. Contudo, não deve ser encarado como um conjunto de normas ou instruções obrigatórias. Ele traduz uma responsabilização da grávida e/ou do casal e deve ser respeitado sempre que possível. Ainda assim, é importante lembrar que nem sempre será possível cumpri-lo na íntegra.
A importância de ter um plano A e um plano B
É fundamental gerir as expectativas e compreender os vários fatores que podem interferir no momento do parto – que são muitos! -, incluindo as intercorrências, as decisões clínicas e o consentimento da grávida.
De facto, o parto em si é um evento de natureza fisiológica, mas também é um momento de grande vulnerabilidade. Como é altamente imprevisível, o Plano de Parto deve ser encarado como um ponto de partida e um reflexo das preferências daquela grávida e/ou casal.
Quando pensar no Plano de Parto?
Pode começar a ser pensado, idealizado ou discutido a partir das 28 semanas de gestação. Apesar de não haver propriamente uma regra,nessa fase já se vai estabelecendo o conceito de uma gravidez efectiva e há também tempo suficiente para esclarecer os diversos pontos e temas nas várias consultas.
Como criar o seu Plano de Parto
O Plano de Parto pode incluir todos os aspetos relativos ao parto e pós-parto que sejam importantes para a grávida e/ou o casal. Mas, para o elaborar, é necessário estar informada de forma concreta, completa e fidedigna. Dessa forma, será possível discutir as opções com os profissionais de saúde e conhecer alternativas e caminhos disponíveis.
O que pode incluir o Plano de Parto?
Aqui estão alguns exemplos do que pode ser abordado:
- O ambiente: Preferências sobre privacidade, acompanhantes e profissionais presentes;
- Procedimentos de admissão hospitalar: Tricotomia, clister de limpeza intestinal, canalização de veia ou uso de roupa própria;
- Período de dilatação: Liberdade de movimentos, ingestão de alimentos e número de toques vaginais;
- Intervenções médicas: Preferências sobre descolamento ou rotura de membranas, uso de prostaglandinas, oxitocina ou antibioterapia;
- Alívio da dor: Opções como bola de pilates, massagem, hidroterapia, aromaterapia, técnicas de relaxamento, epidural, entre outras;
- Monitorização fetal: Escolhas sobre a frequência e o método;
- Período expulsivo e primeiros momentos do bebé: Corte tardio do cordão, contacto pele-a-pele, início da amamentação e administração de vitamina K;
- Pós-parto imediato: Indicações para os primeiros cuidados após o nascimento.
Flexibilidade é essencial
O Plano de Parto deve ser personalizado e adaptado a cada mulher e/ou casal.
O que está refletido no Plano de Parto pode ser mutável, não só por motivos clínicos e imprevistos que aconteçam, mas também porque a vontade da grávida mudou por alguma razão. Devemos então deixar alguns apectos não encerrados em termos de reflexão, mas usar, sim, expressões como “se manifestar vontade” ou “quando solicitado”.
Benefícios do Plano de Parto
Encare-o como uma ferramenta valiosa para garantir uma vivência mais informada e consciente do parto. Ele ajuda a:
- Gerir expectativas, diminuindo medos e ansiedades;
- Promover um papel mais ativo no momento do nascimento;
- Ter uma experiência mais positiva e diminuir sintomas depressivos ou sequelas pós-parto.
O equilíbrio é a chave
O meio-termo é o ideal. Flexibilidade, bom senso, tranquilidade e confiança são palavras-chave para um Plano de Parto bem-sucedido. Deve ser um apoio importante, e não uma fonte de frustração, para que possa viver o momento do parto com serenidade e segurança.