O nascimento de um bebé tem tanto de fantástico como de avassalador. De repente, os pais têm alta da maternidade e deparam-se sozinhos com um ou mais bebés. E agora? Num mundo polvilhado de informação, é difícil por vezes distinguir o verdadeiro conhecimento da desinformação que pode confundir os novos pais.
É de extrema importância escolher um ou dois profissionais de saúde e confiar neles. Alguns assuntos têm por base evidência científica, enquanto outros dependem do bom-senso, mas não existem perguntas descabidas em pediatria; por isso, faça a sua check list e pergunte tudo o que lhe parecer relevante.
Eis algumas perguntas que podem surgir quando o bebé nascer:
– Quando deve ser visto o bebé em consulta após nascer?
Enquanto está na maternidade, o bebé é examinado diariamente até à alta. Depois, geralmente deve ser observado nos primeiros 10 dias de vida, exceto se houver alguma preocupação que implique uma consulta mais precoce, como o controlo do peso ou da icterícia.
– Quando deve receber visitas?
Esta é sempre uma decisão de cada família, sendo que as pessoas, desde a pandemia, andam mais conscienciosas. Como pediatra recomendo evitar visitas da família alargada até aos 15 dias de vida. As visitas não devem aparecer sem avisar, não devem ficar por muito tempo. Não devem aparecer doentes e não devem levar crianças pequenas que podem transmitir doenças. É sensato que as visitas evitem palpites ou que peçam para acordar o bebé.
– O bebé deve beber água?
O bebé não deve beber água enquanto faz leite materno ou fórmula artificial. A água existente no leite é suficiente para manter o bebé hidratado, sendo que a água deve ser iniciada aquando da introdução alimentar.
– E se eu não conseguir amamentar?
Não existem leites maternos “fracos”: existe sim quantidade ou não de leite suficiente e ainda boas ou más pegas na amamentação. Mais do que a decisão de amamentar, por vezes o mais desafiante é manter a amamentação, que se pretende exclusiva, caso assim a mãe consiga e deseje e o bebé cresça harmoniosamente, nos primeiros seis meses de vida.
Não conseguindo amamentar, os bebés poderão alimentar-se nos primeiros 4-6 meses de vida de fórmulas infantis em pó, que permitirão igualmente o crescimento e desenvolvimento adequados.
– Qual o melhor método de introdução à alimentação? Convencional ou Baby Led Weaning?
A introdução de alimentação tradicional com purés de sopa, fruta e papas tem dado lugar à chamada auto-alimentação ou Baby Led Weaning, um método alternativo em que a criança, de forma autónoma, explora e leva os alimentos à boca. Nenhuma das formas é mais correta do que a outra e deve ser escolhida aquela com que a família se sinta mais confiante, desde que a segurança esteja garantida. Mesmo na forma mais tradicional, a ideia é que o bebé vá progredindo nas texturas de modo que, pelo ano de vida, coma do tacho com os pais.
– O meu filho tem um ano e ainda não anda, é preocupante?
Se existem idades-chave para que as etapas de desenvolvimento se conquistem, elas não são estanques e enquadram-se num intervalo de tempo de normalidade, isto é: um bebé pode andar aos 9 meses, mas também pode só fazê-lo perto dos 18 meses e está tudo bem. Portanto, não andar aos 12 meses é perfeitamente normal.
– Quais são os sinais de alarme para contactar o médico assistente?
São vários os sinais de alarme de que um bebé pode não estar bem e, por vezes, esses sinais são subtis. Para pais de primeira viagem qualquer barulho pode ser angustiante e as rotinas ainda são escassas para entender o que é normal e o que não é. Um bebé com febre (temperatura rectal >38ºC), com gemido, sonolento ou muito irritado, que parece fazer pausas a respirar ou respira muito rápido, que está roxo ou pálido, que vomita ou que não quer comer, deve ser visto no médico.
Tudo é passível de ser perguntado ao pediatra e de ser respondido.
Poderá encontrar as respostas a estas e tantas outras perguntas no meu primeiro livro “Pergunte à sua Pediatra”.

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