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Pai: Recomenda-se o seu consumo diário!
- Mesmo que seja pouco chefe, o pai é o melhor amigo das crianças. É de fácil utilização, pode estar sempre á mão (em última instância, à distância de um clique), e tem um período de garantia ilimitado.
- O pai é um brinquedo fácil de manusear, de acordo com as regras da CEE… E é recomendado para todas as idades.
- O pai não deve ser guardado em local frio, hermeticamente fechado, e fora do alcance das crianças.
- O pai pode ser desmanchado, por todas as crianças, porque a sua utilização é segura e a sua “montagem” é fácil… Mesmo sem manual de instruções.
- O pai é ergonómico e deve ser acondicionado, sem cuidado, nos braços das crianças. Quanto mais intimidante o pai pareça mais rótulos de frágil deve ter.
- O pai, quando faz birras, é um adversário temível e, às vezes, para não perder, torna-se o dono da bola. Nesses momentos, o pai não deve senão ser guardado em posição horizontal, porque fica mais ao alcance… dos ímpetos paternais das crianças.
- O pai que não chora, que não “perde a cabeça”, ou que não brinca pode ter “defeito de fabrico”… ou requer instruções quanto à sua melhor “utilização”.
- O pai ‘rabugento’ é uma criança que nunca pôde dizer aos seus pais: «quando for grande faço tudo aquilo que quiser». De preferência, deve agitar-se… antes de se “usar”.
- O pai que, quando joga, se deixa perder, não é pai, mas batoteiro.Deve ficar três vezes sem jogar.
- Quando a mãe, em vez de ralhar, diz a uma criança: «vou dizer ao teu pai!», à escala dos pesos e das medidas das crianças, equivale a duas “tareias” (a ameaça temível da do pai, e a da consciência dolorosa de, em vez da mãe, ter uma irmã mais velha que quando está aflita chama pelo encarregado da educação).
- O pai que se esforça por ser bom pai é esforçado… mas não é pai.
- O pai que acha que as crianças só gritam (quando brincam) foi uma criança de controlo remoto. Deve ser reciclado no seu azedume e reconvertido na criança que não foi.
- O pai sempre certinho está, geralmente, dentro do prazo de validade, mas requer alguns cuidados dos seus utilizadores, nomeadamente quanto ao perigo de explosão.
- A infinita paciência das crianças é um ‘dadbag’ com que o pai, em geral, vem equipado. Em caso de colisão frontal é de extrema utilidade, e tem uma garantia anti-corrosiva que, provavelmente, pode ir até à adolescência.
- O pai em excelente estado de conservação é pai à prova de choque e, ultrapassando todas as garantias, é pai para sempre (o que, em verdade, talvez seja a mais inestimável qualidade da sua utilização).