A mononucleose é uma infecção caracterizada pela tríade: febre, faringite e adenopatias (aumento do volume dos gânglios linfáticos). A doença foi inicialmente descrita em 1889, mas apenas adquiriu este nome em 1920. Sabemos que é provocada pela infecção pelo Vírus Esptein Barr (EBV) e que se espalha através de contacto íntimo entre pessoas susceptíveis, como, por exemplo, através do beijo, daí ser designada muitas vezes como a doença do beijo.
É um vírus muito comum. Estima-se que cerca de 90-95% dos adultos tenham anticorpos para este vírus.
Quais são os sintomas da mononucleose?
O EBV adquirido em idade jovem é normalmente subclínico, ou seja, assintomático. Menos de 10% das crianças desenvolvem sintomas, apesar de estarem altamente expostas a este vírus.
A incidência de doença sintomática aumenta na adolescência até à idade adulta, estando descrito um pico dos 15-24 anos.
Claro que pode ocorrer também em idade mais adulta e podemos também conviver com uma forma severa que obrigue a hospitalização, mas é muito incomum, aliás apenas acontece em menos de 2% dos casos.
Ainda não se tem bem certeza porque há esta diferença entre crianças e adultos. Existem várias hipóteses, porém encontram-se ainda em estudo.
Os sintomas desta infecção são: febre (em 98% dos doentes), faringite (em 95% dos doentes), adenopatia, muita fadiga e linfocitose atípica. A fadiga pode ser muito persistente (durar até 6 meses) e severa. Pode também existir odinofagia (dor de garganta) forte. E ainda antes destes sintomas muitas vezes surge um quadro de mal-estar geral, cefaleias e febre baixa.
Existem outras manifestações não tão comuns como o aumento do tamanho do baço (podendo mesmo existir ruptura); erupções cutâneas e, muito raramente, meningite e encefalite.
A morte ocorre em < 1%, principalmente em razão de complicações (o que é raríssimo).
Como acontece a transmissão?
Pode ser transmitido de pessoa a pessoa uma vez que é eliminado nas secreções salivares em níveis elevados por um período prolongado, em média durante 6 meses. Pode mesmo durar décadas na orofaringe. Esta foi a razão pela qual se chama doença do beijo.
Como é feito o diagnóstico de mononucleose?
Podem ser feitos exames de sangue (testes de anticorpos heterófilos) para confirmar o diagnóstico.
Após ser infectado com o vírus ele pode incubar durante 30 a 45 dias, sendo que nas crianças este tempo de incubação pode ser menor.
Qual é o tratamento?
Não existe tratamento específico. Recomenda-se repouso e analgésicos, como acetaminofeno, e medicamentos anti-inflamatórios não esteróides, que podem ajudar a aliviar a febre e a dor.
Qual o impacto da mononucleose no fígado?
O aumento do tamanho do fígado (Hepatomegalia) pode acontecer, havendo também sensibilidade à percussão hepática. A função hepática pode também estar alterada, sendo que uma amigdalite com este achado analítico sugere o diagnóstico de mononucleose infecciosa.
Existe mononucleose crónica?
A infecção EBV é muito comum, o vírus vai permanecer no hospedeiro toda a vida e vai ser disseminado de forma intermitente e assintomática a partir da orofaringe.
A recuperação dura quanto tempo?
A mononucleose infecciosa é uma doença autolimitada. A fase aguda dura cerca de 2 semanas. Normalmente 20% dos pacientes podem voltar à escola ou ao trabalho numa semana e 50% em duas. Sendo que a fadiga pode persistir por várias semanas a meses.
“Já tive mononucleose. Posso vir a ter outra vez?”
Não. Pessoas que tiveram a doença, irão desenvolver anticorpos contra a mesma, pelo que não a voltam a contrair.