As hormonas desempenham um papel fundamental na saúde da mulher, atuando como mensageiros químicos que regulam diversas funções do organismo ao longo de toda a vida, mesmo antes do nascimento. Bem-vindos ao fascinante e complexo mundo das hormonas!
O que são hormonas?
As hormonas, de um modo geral e de forma simples, podem ser definidas como “sinais” químicos libertados por glândulas endócrinas para a circulação sanguínea, atuando em tecidos distantes ao ligarem-se a recetores específicos para regular diversas funções corporais. Além de atuarem à distância, algumas hormonas exercem efeitos no local onde são produzidas. Ou seja, para a maioria das hormonas, existe um sistema de regulação homeostática de feedback positivo ou negativo. Daí a designação: “Equilíbrio hormonal”.
Além das glândulas endócrinas, outros tecidos também possuem função endócrina. Por exemplo, o tecido adiposo (gordura) e o intestino atuam como verdadeiros órgãos endócrinos, sintetizando e libertando hormonas. Só o tecido adiposo segrega mais de 400 hormonas!
O papel do eixo hipotálamo-hipófise
Dentro do complexo e fascinante corpo humano, existe o mundo das hormonas. Quase tudo é regulado por inúmeras hormonas. A glândula hipofisária orquestra a integridade do sistema endócrino através de sinais centrais hipotalâmicos e sinais periféricos. Assim, o eixo hipotálamo-hipófise é o grande maestro. Este eixo inclui:
- Hipotálamo – Hipófise – Suprarrenal: tem um papel central no stress associado à sobrevivência e também o no metabolismo, imunidade e função cardiovascular;
- Hipotálamo – Hipófise – Tiroide: regula o desenvolvimento, crescimento e metabolismo celular mediado pelas hormonas tiroideias;
- Hipotálamo – Hipófise – Gónadas: desempenha um papel central na puberdade, função reprodutora e fertilidade, controlando a gametogénese e a produção de hormonas sexuais; Isto sem esquecer que a reprodução também é influenciada por fatores genéticos, nutricionais, do ambiente e sócio-económicos;
- Hipotálamo – Hipófise – Mama (eixo lactótrofo): produz a prolactina, essencial para a produção de leite durante a gravidez e lactação, podendo também desempenhar um papel na função imune;
- Hipotálamo – Hipófise – Hormona de Crescimento (eixo somatótrofo): controla o crescimento na infância e regula o metabolismo energético e a composição corporal durante toda a vida.
E porque não podemos falar sobre tudo… vamos escolher apenas um assunto dentro de um eixo. A Menopausa!
A menopausa é uma fase natural da vida da mulher, marcada pelo fim da menstruação e do potencial reprodutivo. Geralmente ocorre entre os 45 e 55 anos, sendo diagnosticada após um ano sem menstruação espontânea. Esta transição é acompanhada por diversos sintomas que podem afetar significativamente a qualidade de vida.
Os sintomas da menopausa variam de mulher para mulher e podem incluir:
- Sintomas vasomotores (afrontamentos): calor súbito, sudorese intensa e palpitações;
- Alterações de humor: irritabilidade e insónia;
- Atrofia urogenital: prurido, dispareunia (dor nas relações sexuais) e desconforto;
- Incontinência urinária e infeções urinárias recorrentes;
- Osteoporose: diminuição da densidade mineral óssea;
- Diminuição da proteção cardiovascular.
Terapêutica Hormonal de Substituição (THS)
Muitas mulheres questionam-se: “Devo fazer ou não terapêutica hormonal de substituição (THS)? O que é a THS? Quais os seus benefícios?”.
A THS é um tratamento eficaz para aliviar os sintomas da menopausa e prevenir complicações a longo prazo. Consiste na administração de estrogénios isolados ou combinados com progesterona, dependendo da presença ou ausência de útero. Pode ser administrada através de comprimidos, géis, adesivos transdérmicos ou preparações vaginais.
Antes de iniciar qualquer tratamento, deve falar com o seu médico. Este tratamento é individualizado, considerando sempre os riscos e os benefícios para cada mulher. Existem contraindicações e riscos potenciais que devem ser avaliados cuidadosamente pelo seu médico de forma individual e responsável.
Os principais benefícios da THS incluem:
- Alívio dos sintomas vasomotores: fogachos e suores noturnos;
- Melhoria da qualidade de vida sexual: alívio da secura vaginal e dor durante o ato sexual, aumentando a satisfação sexual;
- Prevenção da osteoporose: previne a perda de massa óssea e reduz o risco de fraturas por osteoporose na pós-menopausa, especialmente em mulheres com menos de 60 anos;
- Melhoria dos sintomas genitourinários: alívio da secura vaginal, dor durante o contacto íntimo e infeções vaginais recorrentes;
- Possível redução do risco de doenças cardiovasculares: há evidências de benefícios cardiovasculares quando a THS é iniciada na transição menopáusica ou nos primeiros anos após a menopausa;
- Potencial melhoria do humor e redução da depressão;
- Melhoria da qualidade do sono, sobretudo em mulheres com suores noturnos;
- Possível redução do risco de neoplasia colorretal.
Assim, a THS representa uma abordagem estratégica para restaurar o equilíbrio hormonal, promovendo bem-estar, vitalidade e qualidade de vida nesta nova fase de vida da mulher e é possível realizá-la de forma segura desde que de forma individualizada, pesando riscos e benefícios, sempre com acompanhamento médico especializado.