Ninguém é feliz todos os dias. Comecemos por aí. Há alturas em que nos queremos esconder da dor, essa «malvada» que não nos larga o coração. Choramos, temos saudades, ficamos frustrados, desiludidos e desanimados. Tudo isso é verdade, e humano, diria eu. Mas o que seria se guardássemos a felicidade apenas para os dias extraordinários? O que seria das tantas oportunidades que temos nos dias que nos parecem todos iguais para dar uma gargalhada que nos enche a alma, para ter aquela conversa tão especial com a amiga de toda a vida, para darmos aquele beijo à pessoa que está ao nosso lado há tantos anos ou para vibrarmos com uma conquista dos nossos filhos? Gosto de pensar que, mesmo vivendo, como todos nós, numa correria, não perco estes momentos que, mais tarde, serão memórias bonitas, daquelas que contam a pessoa que fui sendo.
Ser Feliz nos Dias Normais é um livro de reflexões
Ser Feliz nos Dias Normais é um livro de reflexões sobre a minha vida, onde cabem momentos marcantes, como o dia do meu casamento, a perda dos meus avós, o nascimento dos meus filhos ou a saída do João Baião da RTP; como aqueles que nos preenchem a rotina, seja deitar os filhos depois de um dia de escola, apreciar a beleza do nosso bairro, o cheiro das flores a abrirem na primavera ou o conforto da nossa casa num fim de semana de chuva. Tudo isto faz parte de quem sou, dos meus dias banais e extraordinários, das memórias que estão sempre em mim e dos sonhos que continuam a espicaçar-me a vontade.

Neste tempo em que as redes sociais nos querem mostrar vidas perfeitas, em que tudo tem de ser em grande e nenhuma viagem ou jantar podem ser menos do que extraordinários, é refrescante reconhecer que tudo o que preciso para continuar a sorrir já me preenche os dias. Isto não significa que não queira mais, quero, pois! Mais conquistas, mais gargalhadas que me fazem doer a barriga, mais beijos nos meus filhos, mais histórias para contar na televisão que faz companhia, a minha casa há tantos anos. Mas neste «querer mais» há lugar para agradecer e apreciar o que tenho, o que já vivi e todos os afetos que me fazem sentir profundamente amada.
Somos mais parecidos do que podemos pensar
Ser Feliz nos Dias Normais é um livro que conta a minha vida, mas tenho a certeza de que ao lê-lo também vai sentir que é um bocadinho seu, seja ao recordar o amor que sentia pelos seus avós, as traquinices que fez com os seus irmãos ou os disparates que aconteceram na adolescência. No fundo, no fundo, somos mais parecidos do que podemos pensar. E foi por isso que quis terminar o meu livro com uma espécie de «diário dos seus dias normais», um convite para cada leitor ter consciência do que faz dos seus dias lugares felizes para se viver.
Nota: Fotografia por Neusa Ayres