A maioria das pessoas procura ajuda profissional – médicos, e/ou terapeutas – quando já existe algum tipo de desconforto, dor, disfunção. Ainda são poucos aqueles que procuram escutar o corpo antes de haver uma manifestação física.
Será que escutamos o que o nosso corpo nos está a transmitir? Os sintomas? As dores? Os desconfortos? Ou será que passamos à frente anulando esta voz interior, e dizemos para nós próprios:
- “Ah, isto não é nada! Já passa!”
- “É normal, é da idade!”
- “A minha mãe também tinha dores menstruais, saio a ela.”
- “É normal perder urina após o parto. Disseram-me que, com o tempo, o corpo vai ao sítio sozinho.”
E por aí adiante…
Sim, pode acontecer ter dores menstruais, perder urina após o parto, ter dores com a endometriose, ou com outra situação… O que não é suposto é continuarmos a sentir essas dores, esses desconfortos para sempre.
Não é suposto sentirmos dores de forma contínua.
Hoje em dia existem muitas respostas para ajudar a minimizar ou mesmo resolver estes sintomas. E parte desta resolução passa por aprendermos a escutar o nosso corpo.
Quando algo se manifesta negativamente ao ponto de incomodar é porque, muito provavelmente, existe também alguma emoção que está bloqueada. Como se algo estivesse a dizer: “Há qualquer coisa na forma como ando a viver a minha vida que é importante (re)ajustar, harmonizar”. E é aqui que a Terapia Pélvica pode ajudar.
E em que consiste a Fisioterapia Pélvica?
A Fisioterapia Pélvica – ou Terapia Pélvica – é cada vez mais conhecida e recomendada. Consiste em reabilitar a consciência e a harmonia interna do centro do nosso corpo, promovendo:
- a continência da urina, gases e fezes;
- o posicionamento correcto dos órgãos pélvicos (bexiga, útero, intestino);
- uma vida sexual saudável e com prazer, livre de dores e desconfortos;
- a ausência de dores/desconfortos na zona do abdómen, bacia (pélvis), períneo (músculos do pavimento pélvico) durante a menstruação, gestações, ou outras situações clínicas que as despoletem;
- a harmonia das pressões exercidas no abdómen e pélvis, provenientes da força da gravidade e da forma como respiramos, como fazemos esforços, como nos sentamos, mexemos (a nossa postura).
Além disso, é na pélvis que se encontram os órgãos principais que definem o nosso género (feminino/masculino). Portanto, quando há uma disfunção pélvica, é interessante questionarmos como anda a nossa ligação com a nossa mulher ou homem? Está ligada? Harmoniosa? Ou nem por isso?…
Como em tudo na vida, se apenas reabilitarmos as extremidades, a cura dificilmente se expande em equilíbrio e de forma harmoniosa pelo resto do corpo. Porém, ao reabilitarmos o centro do corpo, a cura vai-se expandir chegando a todas as zonas do nosso corpo de forma equilibrada, harmoniosa e duradoura.
Como reabilitar a consciência e a harmonia interna do centro do nosso corpo?
Nas situações em que já existe alguma disfunção, é preciso começar por avaliar a zona pélvica, como se avalia qualquer outra parte do nosso corpo. O objetivo é perceber qual a função que está em desarmonia e/ou que nunca funcionou como era suposto.
Após esta avaliação inicial, é preciso perceber há quanto tempo existe esta disfunção. Isto porque o tempo é um fator muito importante para demonstrar há quanto tempo está o corpo a tentar compensar esta desarmonia, há quanto tempo o corpo está a arranjar estratégias para minimizar aquela disfunção, há quanto tempo o corpo está em modo defesa.
Depois é preciso entender até que ponto a pessoa está disponível para aprender a escutar o seu corpo. Ou seja, falando na áreas de atuação da Terapia Pélvica, é extremamente importante perceber se a pessoa está disponível para aprender a escutar a sua pélvis (bacia), o seu abdômen, os seus órgãos sexuais, os seus órgãos reprodutores, o seu ânus, e também a sua respiração e o seu coração. Até que ponto essa pessoa está interessada e disponível para se conectar com a sua Mulher, com o seu Homem. E é quando surge esse interesse, em se conectar, escutar, reabilitar que a viagem ao nosso interior começa.