O prazer sexual e na vida tem sido um tema negligenciado no universo feminino. Hoje essa realidade está a mudar. Cada vez mais mulheres estão a dedicar-se ao seu desenvolvimento pessoal e a ganhar uma nova visão acerca da intimidade.
Na fase em que ganha consciência, é comum escutar da mulher:
Como é que só agora pus-me em primeiro lugar?”
“Nunca me senti merecedora de prazer”
“Não é estranho eu ter chegado a esta idade sem saber o que gosto na intimidade?”
Como se fosse a única pessoa no mundo que perdeu este “barco”. Não é e, de seguida, vamos ver como isto aconteceu e o que fazer.
Não nos educaram para o prazer.
A maioria das mulheres foi educada para cuidar dos outros, ser amorosa e “guardar-se” para o bom homem (aquele com quem casasse). Já adulta, devia estar sempre disponível para satisfazer as necessidades do parceiro na intimidade.
É muito bom contribuir para o bem-estar das nossas pessoas queridas. Porém, o que não reparamos é que não nos incentivam a cuidar de nós e que sejamos cuidadas também.
Culpa e vergonha não combinam com prazer!
Apresento-lhe as duas principais emoções da sexualidade feminina: a vergonha e a culpa. Assim não há mesmo prazer que resista e o desinteresse sexual instala-se.
Não acumule, por favor, mais esta culpa. Lembre-se que foram crenças adquiridas e que pode mudá-las.
Costumo dizer que tudo parece programado na sociedade para nos fazer sentir culpa. Ora vejamos: é mau dizer “não”, é mau ter celulite, é mau deixar os filhos na creche para ir trabalhar, é mau ter tido vários parceiros, é mau “dar nas vistas”, é mau não pintar os cabelos brancos… Aff, depois disto tudo ainda sentimos culpa por estarmos cansadas e só nos apetecer dormir.
Já a vergonha é mais profunda e geralmente é sentida por mulheres que, devido à educação, religião ou abuso, foram reprimidas e agredidas.
O sexo está associado a experiências pouco agradáveis.
Imagine que o gelado era uma sobremesa amarga e com textura áspera. Deixava de ser uma tentação e passava a não pensar mais nele, certo?
Precisamos entender que o mesmo acontece com a libido. Quando uma grande parte das mulheres não desfruta de orgasmo na relação sexual a dois ou desfruta mas só com a estimulação do clítoris, é natural que o sexo desapareça do pensamento.
Isso não significa necessariamente que tenha um problema, mas com certeza que o contexto não é favorável. Há que considerar se se trata de um estilo de vida sobrecarregado, do ritmo apressado do parceiro, da má comunicação entre os parceiros e inseguranças ou da falta de conhecimento da sua anatomia e das zonas de prazer do seu corpo.
Pronta para começar a escrever um novo capítulo da sua história íntima?
Deixo-lhe algumas sugestões:
. Encare o prazer como algo que merece
Reflicta acerca daquilo de que se priva, adia para um “momento especial” ou não aceita porque não é suposto.
Comece a libertar-se por aí, permita-se absorver o que a agrada e sinta o quanto a faz sentir bem. Isso já é permitir-se à libertação da vergonha ou culpa do prazer sexual.
. Perceba o que faz bem à sua libido
A sua libido não está “morta”, está apenas adormecida. Contudo, não espere que ela funcione como um botão que pode ligar e apagar.
Sem que tenha noção, a sua libido é como uma calculadora que vai aferindo se as condições são propícias ao seu despertar. Tudo entra nesse cálculo: o quanto se sente vista e apreciada pelo parceiro, se se sente apoiada na divisão das tarefas, o estilo de sedução da outra pessoa e a confiança que lhe transmite; se não encobre a sua sensualidade; se alimenta a sua imaginação erótica, se dorme bem e leva um estilo de vida saudável.
. Abra o coração e converse
A origem da palavra intimidade em latim é “em, dentro”, ou seja, mostrar e partilhar o que trazemos dentro e do que somos feitos.
Construir intimidade passa pela conversa de mente e coração abertos, seja com a pessoa com quem se relaciona sexualmente, seja com amigas ou com colegas. Não é desapropriado, é saudável.
O novo capítulo da sua história íntima, aquele em que desperta a consciência sexual, vai pedir-lhe que derrube crenças antigas, que cure feridas emocionais e que aprofunde o autoconhecimento.
O final, já sei qual é: vai sentir-se empoderada e vibrante. Os detalhes da história, esses ficam consigo!