E se lhe dissessem que o seu prazer importa?

Tamar // Junho 28, 2022
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O prazer sexual e na vida tem sido um tema negligenciado no universo feminino. Hoje essa realidade está a mudar. Cada vez mais mulheres estão a dedicar-se ao seu desenvolvimento pessoal e a ganhar uma nova visão acerca da intimidade.

Na fase em que ganha consciência, é comum escutar da mulher: 

Como é que só agora pus-me em primeiro lugar?”

“Nunca me senti merecedora de prazer”

“Não é estranho eu ter chegado a esta idade sem saber o que gosto na intimidade?”

Como se fosse a única pessoa no mundo que perdeu este “barco”. Não é e, de seguida, vamos ver como isto aconteceu e o que fazer. 

Não nos educaram para o prazer. 

A maioria das mulheres foi educada para cuidar dos outros, ser amorosa e “guardar-se” para o bom homem (aquele com quem casasse). Já adulta, devia estar sempre disponível para satisfazer as necessidades do parceiro na intimidade.

É muito bom contribuir para o bem-estar das nossas pessoas queridas. Porém, o que não reparamos é que não nos incentivam a cuidar de nós e que sejamos cuidadas também

Culpa e vergonha não combinam com prazer! 

Apresento-lhe as duas principais emoções da sexualidade feminina: a vergonha e a culpa. Assim não há mesmo prazer que resista e o desinteresse sexual instala-se. 

Não acumule, por favor, mais esta culpa. Lembre-se que foram crenças adquiridas e que pode mudá-las. 

Costumo dizer que tudo parece programado na sociedade para nos fazer sentir culpa. Ora vejamos: é mau dizer “não”, é mau ter celulite, é mau deixar os filhos na creche para ir trabalhar, é mau ter tido vários parceiros, é mau “dar nas vistas”, é mau não pintar os cabelos brancos… Aff, depois disto tudo ainda sentimos culpa por estarmos cansadas e só nos apetecer dormir. 

Já a vergonha é mais profunda e geralmente é sentida por mulheres que, devido à educação, religião ou abuso, foram reprimidas e agredidas. 

O sexo está associado a experiências pouco agradáveis.

Imagine que o gelado era uma sobremesa amarga e com textura áspera. Deixava de ser uma tentação e passava a não pensar mais nele, certo? 

Precisamos entender que o mesmo acontece com a libido. Quando uma grande parte das mulheres não desfruta de orgasmo na relação sexual a dois ou desfruta mas só com a estimulação do clítoris, é natural que o sexo desapareça do pensamento.  

Isso não significa necessariamente que tenha um problema, mas com certeza que o contexto não é favorável. Há que considerar se se trata de um estilo de vida sobrecarregado, do ritmo apressado do parceiro, da má comunicação entre os parceiros e inseguranças ou da falta de conhecimento da sua anatomia e das zonas de prazer do seu corpo.  

Pronta para começar a escrever um novo capítulo da sua história íntima? 

Deixo-lhe algumas sugestões: 

. Encare o prazer como algo que merece

Reflicta acerca daquilo de que se priva, adia para um “momento especial” ou não aceita porque não é suposto. 

Comece a libertar-se por aí, permita-se absorver o que a agrada e sinta o quanto a faz sentir bem. Isso já é permitir-se à libertação da vergonha ou culpa do prazer sexual. 

. Perceba o que faz bem à sua libido

A sua libido não está “morta”, está apenas adormecida. Contudo, não espere que ela funcione como um botão que pode ligar e apagar. 

Sem que tenha noção, a sua libido é como uma calculadora que vai aferindo se as condições são propícias ao seu despertar. Tudo entra nesse cálculo: o quanto se sente vista e apreciada pelo parceiro, se se sente apoiada na divisão das tarefas, o estilo de sedução da outra pessoa e a confiança que lhe transmite; se não encobre a sua sensualidade; se alimenta a sua imaginação erótica, se dorme bem e leva um estilo de vida saudável. 

. Abra o coração e converse

A origem da palavra intimidade em latim é “em, dentro”, ou seja, mostrar e partilhar o que trazemos dentro e do que somos feitos. 

Construir intimidade passa pela conversa de mente e coração abertos, seja com a pessoa com quem se relaciona sexualmente, seja com amigas ou com colegas. Não é desapropriado, é saudável. 

O novo capítulo da sua história íntima, aquele em que desperta a consciência sexual, vai pedir-lhe que derrube crenças antigas, que cure feridas emocionais e que aprofunde o autoconhecimento. 

O final, já sei qual é: vai sentir-se empoderada e vibrante. Os detalhes da história, esses ficam consigo! 

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