Há quem use a expressão “estou a deixar fluir” ou mesmo “deixa fluir”. São expressões da New Age Movement que “caem” e parecem sempre bem, do género “estou muito conectada comigo, com a Vida e com o Universo, e agora é só deixar fluir”. Só que não… Entramos num bypass espiritual, desconectados e desenraizados da realidade, desresponsabilizando-nos do que quer que seja que nos aconteça. Entregamos o poder aos outros, a factores externos, ao cosmos e a mais um “par de botas”, para não assumirmos a responsabilidade das nossas ações (ou da falta delas) e das suas consequências. E isto é preocupante!
Em cada início do ano pedimos desejos, colocamos as nossas intenções, fazemos uma festa e depois “sentamo-nos à espera” que tudo se concretize, “deixamos fluir”. E, claro que, na maioria das vezes, chegamos ao final de cada ano continuando nessa onda e permanecemos praticamente iguais.
A verdade é que todos nós queremos mudar.
Todos queremos crescer, evoluir e tornarmo-nos melhor pessoas, mas não fazendo (praticamente) nada.
Mudar implica compromisso e responsabilidade. Só que isso é desafiante, especialmente numa época de “fast” tudo em que vivemos, onde apenas clicando num botão conseguimos ter comida, um date ou até mesmo sexo.
Mas, afinal o que é isso de “deixar fluir”?
Costumo dizer que quando não sabes onde estás e para onde queres ir, vais para onde “o vento te leva”, completamente vítima de tudo o que te rodeia, apesar de acreditares que estás a “deixar fluir”. E isso chama-se, em bom português, Desresponsabilização! Sim, é esta a palavra, por mais que custe ler.
Para deixarmos fluir, que é como quem diz: «Agora que fizeste a tua parte, assumiste a tua responsabilidade, sabes onde estás, sabes para onde queres ir e já fizeste tudo aquilo que podias fazer… Agora tens a “tarefa” mais difícil de todas: Confiar ou “Deixar fluir”, ou até mesmo, largar o controlo, porque aquilo que podias “controlar” (se lhe podermos chamar desta forma) já o fizeste». E, “deixar fluir”, na verdade, é muito difícil porque nenhum de nós gosta de deixar o controlo.
Deixar fluir é trabalhar na estrutura do que se É para se Ser.
Sim, às vezes, é tão complexo, como entender esta frase anterior.
Portanto, aquilo que te sugiro no início deste ano é fazeres a festa, colocares as tuas intenções, pedires os teus desejos e depois passares à ação durante o ano e levares à prática, nos verdadeiros sentidos das palavras, a responsabilização, o compromisso, a entrega de ti mesma e a consistência. E, assim, entre tudo isto, vais “deixando fluir”, confiando na Vida, porque o que depende de ti, já o fizeste.
Não te adies, porque se o fizeres, nem assumes a responsabilidade, nem o teu poder pessoal e muito menos “deixas fluir”.
Então, agarra esta possibilidade que este novo ano te está a dar para fazeres diferente e manifestares todo o teu potencial enquanto Ser que és, pois só assim podes dar-te a ti, dar ao outro e dar ao mundo.
E o mundo está à tua espera… Há muito, muito tempo!