A vida é uma montanha-russa – literal. Tão depressa conseguimos atingir o topo da montanha, como no momento seguinte, quase sem esperarmos, já o estamos a descer a toda a velocidade, sem saber como será o resto do percurso.
É sempre um cliché dizer que o tempo é o bem mais precioso que temos. Na realidade, somos da opinião que não é tanto o tempo que é precioso, mas a forma como o usamos. Esta, sim, é a fórmula mágica para usar um recurso que parece limitado na nossa condição humana, mas que continuará depois de nós.
Já parou para pensar como é que usa o seu tempo?
Provavelmente dirá o mesmo que grande parte das pessoas: trabalho, família, lazer. E o seu tempo? O tempo para cuidar de si e para usufruir da sua individualidade, para promover o seu autodesenvolvimento e a sua saúde – física e mental? O que fez no último ano por si? O que quer fazer neste novo ano que tem pela frente?
Não é fácil gerir a nossa vida, sobretudo quando a vida é uma correria, em que dependemos de horários para tudo.
Quase não há tempo para vivermos, mas apenas para existirmos em determinados papéis sociais (mãe, pai, filhos, profissionais, amigos), sem haver espaços livres na agenda e sempre com cobranças de pessoas que reclamam por tempo de qualidade connosco, ou de atividades que gostaríamos de experimentar. Mas no final do dia, no final da semana e, por vezes, no final do mês, essas atividades ficam no final de uma lista que poderá acabar algures esquecida numa qualquer gaveta do nosso cérebro.
De uma forma geral, as pessoas pensam que não merecem cuidar de si próprias, ou nem se conseguem lembrar dessa importante necessidade.
Não se trata apenas da desculpa da falta de tempo, mas também de outros recursos. Quantas vezes, pensamos que o dinheiro que poderíamos investir em alguma coisa para nós, será mais bem gasto noutra coisa qualquer? Muitas pessoas acreditam que não merecem coisas boas ou que há “prioridades” materiais que roubam o lugar às experiências que poderiam ter. Todos merecemos relaxar e ter o nosso “me time”, o tempo para cuidarmos de nós próprios e usufruirmos da nossa vida.
Mas por que deveremos ter tempo para nós?
A resposta é muito simples e, no entanto, muito poderosa: porque a forma como cuidamos de nós próprios sinaliza o quanto valorizamos o nosso tempo. Este é um claro sinal de que o amor-próprio é a melhor forma de começarmos e terminarmos o dia.
Deixamos alguns exemplos do que pode fazer para cuidar de si, apostar em si e potenciar o momento:
- Determine que tipo de experiências quer viver e não as coloque apenas na “Lista sem fundo”. É importante contemplá-las na sua agenda, por isso, defina datas específicas. O processo é semelhante a um compromisso de trabalho que assumimos na agenda, só que passa a ser um compromisso connosco próprios. Está escrito, logo é para cumprir.
- Questionar-se como pode continuar a evoluir. Já pensou em fazer um Workshop de Cerâmica? E aquele curso de Línguas que queria fazer? E as viagens de fim de semana que andam sempre a ser adiadas e que lhe trazem experiências gastronómicas deliciosas? Para cada possibilidade, o seu cérebro vai rejeitá-la imediatamente, criando desculpas. A parte boa é que para cada problema, há, pelo menos, uma solução! Concentre-se nas soluções.
- Crie uma rotina de pequenos rituais de autocuidado, que podem ser desde cuidar do seu corpo e da sua mente, a atividades que o fazem sentir-se em paz. Se vive numa casa com crianças, tente perceber qual o melhor momento do dia ou da noite, para ter os seus 15 minutos de paz. Desde a leitura de um breve capítulo, um artigo que o interessa, ou escutar aquela música que tanto gosta.
Já pensou na diferença que estas coisas podem fazer no seu dia a dia? Para começar, o seu humor vai melhorar! Além de se sentir bem ao tratar de si, os outros vão começar a perceber essa diferença e a qualidade das suas relações irá melhorar. Além disso, terá a oportunidade de manter a sua saúde emocional e mental, porque estará a ter estratégias proativas para evitar o burnout e ter os seus níveis de bem-estar em dia.
Chega de desculpas: chegou o momento de apostar em si!
NOTA: Texto escrito por Mauro Paulino e Laura Alho (Mind | Psicologia Clínica e Forense).