Em Portugal, o cancro da mama é o tipo de cancro mais comum entre as mulheres. Estima-se que, anualmente, surjam cerca de 7.000 a 7.500 novos casos de cancro da mama no país, de acordo com dados recentes do Registo Oncológico Nacional (2020).
Em relação à média de idades, o cancro da mama é mais frequente em mulheres com mais de 50 anos, sendo que o pico de incidência ocorre geralmente entre os 55 e os 65 anos. No entanto, pode afetar mulheres mais jovens, embora seja menos comum antes dos 40 anos.
A deteção precoce através do rastreio mamográfico é essencial para aumentar as possibilidades de sucesso no tratamento.
Nos últimos anos, surgiram novos tratamentos para o cancro de mama que têm melhorado as taxas de sobrevivência e a qualidade de vida das doentes. Além disso, estão em estudo muitos tratamentos inovadores, com foco na personalização das terapêuticas e na redução dos efeitos secundários.
As terapêuticas-alvo são direcionadas e atuam em moléculas específicas das células tumorais, minimizando o dano às células normais. São exemplos, os inibidores de CDK4/6 que, usados em combinação com terapêuticas hormonais, mostraram eficácia no tratamento do cancro da mama com receptor hormonal positivo (dependente da estimulação hormonal) ou os inibidoras da PARP que são usados em doentes com cancro da mama hereditário (com mutações nos genes BRCA1 e BRCA2) e tornam as células tumorais mais suscetíveis à morte celular. Por sua vez, os anticorpos conjugados com drogas combinam um anticorpo que se liga à célula tumoral com um medicamento de quimioterapia que é libertado diretamente na célula alvo tumoral, aumentando a eficácia e reduzindo os efeitos secundários.
A imunoterapia estimula o sistema imunológico para atacar as células tumorais e é utilizado principalmente no tratamento de cancro de mama triplo-negativo, que é um dos mais agressivos.
Os testes genéticos auxiliam em muitos casos para personalizar os tratamentos com base no perfil genético do tumor.
Avanços na radioterapia permitem a entrega de doses altamente focadas de radiação diretamente no tumor, poupando tecidos saudáveis e reduzindo os efeitos secundários.
A cirurgia é hoje cada vez mais precisa e direcionada, nomeadamente, na necessidade de cirurgia da axila, com resultados curativos e estéticos com menor possibilidade de complicações e efeitos secundários.
Tudo isto reforça o papel fundamental das equipas interdisciplinares no diagnóstico e tratamento do cancro da mama.
A importância do rastreio
A mamografia é o método de rastreio mais comum e eficaz para a deteção precoce do cancro de mama. A tomossíntese mamária é uma variação da mamografia que cria imagens tridimensionais da mama, combinando várias “fatias” finas de imagem.
A ecografia pode ser usada como complemento da mamografia nomeadamente para esclarecer achados duvidosos ou em mulheres com mamas densas.
A ressonância magnética usa campos magnéticos e ondas de rádio para criar imagens detalhadas da mama. Geralmente é usada para mulheres de alto risco (mutação BRCA1/BRCA2, história familiar relevante), para avaliar melhor tumores já identificados ou em mulheres com mamas densas.
As biópsias são fundamentais para colher amostras de tecido de áreas suspeitas detectadas por mamografia ou outros exames de imagem.