O assédio moral no trabalho tem sido designado internacionalmente por Mobbing. O termo Mobbing começou a usar-se nos anos oitenta pelo psicólogo suiço Heiz Leyman, para designar o assédio laboral. A palavra mobbing deriva do verbo inglês ‘to mob’ que, em português, significa atacar, maltratar, tratar mal alguém, cercar, rodear, tumultuar e amotinar. Este autor definiu o Mobbing como uma forma de terrorismo psicológico que implica uma atitude hostil e não ética praticada de forma sistemática – e não ocasional ou episódica – por parte de uma ou mais pessoas, no confronto com um só indivíduo, o qual, por causa do mobbing, acaba por ficar numa situação indefesa e tornar-se objecto de uma série de iniciativas vexatórias e persecutórias. Estas iniciativas devem ocorrer com uma certa frequência (pelo menos uma vez por semana) e durante um certo período de tempo (durante pelo menos seis meses). Por causa da grande frequência e da longa duração do comportamento hostil, esta forma de mau trato provoca considerável sofrimento mental, psicossomático e social.
Estudos recentes estimam que 20% de todos os trabalhadores tenham experimentado nos últimos 6 meses algum tipo de comportamento compatível com o mobbing e 43% dos trabalhadores revelam que testemunharam alguma destas situações nos últimos 6 meses.
Um caso de assédio moral
No meu livro “A vida num degrau” é descrito, num dos capítulos, o caso de Pedro, um trabalhador que evoluiu bastante até atingir uma posição de topo numa empresa, a custo de uma entrega total, com prejuízo das suas relações familiares, de tempo passado com os seus filhos… Subitamente quando a empresa é comprada por uma multinacional, por motivos que lhe são alheios, vê-se sendo hostilizado pelos novos donos, desinvestido, destituído das suas funções, e pressionado através de uma atitude de assédio moral flagrante para se demitir.
Desenvolve uma depressão grave e inicia um período de baixa médica em que recupera forças para fazer frente à respectiva entidade patronal com auxílio de um advogado, e o processo acaba por terminar bem com a sua saída da empresa em troca de uma indemnização justa.
Este foi um caso de mobbing que terminou bem. Infelizmente em grande parte dos casos a luta pelos direitos dos trabalhadores-vítimas termina com o seu esgotamento, após vários avanços da entidade empregadora.
A sociedade de hoje favorece o assédio moral
No contexto socio-económico que vivemos, com uma busca incessante de lucro e descuido crescente dos direitos dos empregados, estes casos são cada vez mais frequentes e causa importante de depressão reactiva.
Nem todos os casos terminam bem como o de Pedro. Muitas vítimas de Mobbing não conseguem suportar a luta e desistem de lutar pelos seus direitos, saindo sem reclamar uma indemnização. Não é infrequente que, em casos de assédio profissional grave, os trabalhadores acabem cometendo suicídio, muitas vezes consumado.
É urgente falar de assédio moral no trabalho
É, sem dúvida, uma situação muito actual, que acontece diariamente, e afecta todos os estratos socio-económicos, com consequências devastadoras para a saúde mental das vítimas, e que a meu ver é menos debatido do que devia.