As crianças são o futuro. São mesmo! Como tratamos ou investimos no futuro reflete-se diretamente na forma como cuidamos, nutrimos, desenvolvemos as nossas crianças. Estou a falar de investimento ao nível físico, mental, emocional e espiritual.
A grande maioria de nós tem crianças na família ou próximas, ou trabalhamos com elas, ou podemos um dia a vir a ser influenciadores no crescimento de crianças. Falo inúmeras vezes em conexão como trabalho fundamental do ser humano e, no final, as crianças refletem os nossos comportamentos individuais e de relação/conexão.
As crianças vão ser o resultado daquilo que estamos dispostos a abdicar de nosso em benefício delas.
Como seres humanos desenvolvidos que queremos que sejam, as crianças vão ser o resultado daquilo que estamos dispostos a abdicar de nosso em benefício delas – tempo, persistência, dinheiro, paciência, o que for necessário para as tornar melhores seres humanos do que nós mesmos. Acredito que ensinar a uma criança a cuidar de si mesma, a desenvolver-se autonomamente e a relacionar-se com compaixão, fazendo Yoga e aprendendo tudo o que esta prática tem para ensinar, pode fazer do nosso “futuro” um “lugar” bem melhor.
Se colocarmos as coisas em perspectiva, podemos comparar as crianças (e a nós mesmos) com árvores de fruto.
Cuidamos delas hoje para colher a “fruta” no futuro. E, a comparação com árvores não é desprovida de propósito… Yoga significa raiz, e tal como nas árvores, a raiz é a base de tudo.
As árvores são regadas todos os dias sem nenhuma certeza de que vão dar frutos, porém regamos e esperamos pacientemente sem saber se este ser vivo irá dar frutos, ou em que quantidade, ou com que dimensões ou sabor… Esperamos e cuidamos, a nutrir o presente constantemente, desinteressados do futuro, tendo como certeza apenas que se não forem cuidadas, nutridas, não dão fruto.
Ensinar uma criança a cuidar do seu próprio corpo, desenvolvendo as suas capacidades, será a chave para que esta seja autossuficiente no longo caminho para o sucesso (seja lá o que isso for para cada um de nós) e principalmente na conexão com os outros (que é para isso que estamos cá).
Explicar em vez de exigir
Entre tantas outras expressões que pertencem ao nosso dia-a-dia, já todos proferimos expressões ditas banais (na direção uns dos outros, mas principalmente das crianças), tais como:
- “Respira fundo”;
- “Acalma-te”;
- “Foca-te” ou “Concentra-te”;
- “Sê educado/a”;
- “Tens de te desenrascar com…”.
E, se ensinássemos às nossas crianças (ou aos adultos) como se fazem estas coisas que tão bem sabemos exigir, mas nunca explicamos como se fazem, como se materializam, como se passa à prática? Sim, pode e deve ser praticado, experimentado na primeira pessoa, treinado.
No caso do Yoga as competências são desenvolvidas de maneira mais naturalista e corpórea, sendo experimentado através do corpo todos os processos de frustração, desfoco e stress de forma diferente. Sentem, aprendem e treinam através do próprio corpo competências exigidas na idade adulta, as quais serão transversais às relações que estabeleçam, seja onde for, seja com quem for.