Tirei esta fotografia no meu primeiro ano como aluna na Escola Superior de Comunicação Social (ESCS). Nesta altura, ainda não sabia que uns professores especiais me iam “estragar os planos”, como na canção, e mudar o rumo da minha vida profissional.
Ser finalista em tempos de pandemia
Há poucos dias dei a minha última aula do ano e gostava muito de poder dizer “a minha última aula por zoom”. Mas como não sei como vai ser o próximo ano lectivo, assinalo apenas o final de um semestre que foi duro. Muito duro.
Não consigo imaginar o que é ser aluno finalista em tempos de pandemia. Não consigo imaginar o que é lidar com a incerteza e com a pressão do final de uma jornada desta maneira. Mas sei que ser professora não foi nada fácil.
Este foi um semestre duro. Muito duro.
Durante a primeira semana, chorei sempre depois de cada aula que dei em frente a um ecrã com retângulos pretos com os vossos nomes a branco — e sim, estou-me a dirigir a vocês porque eu sei que vocês andam por aqui.
Chorei porque me faltavam vocês. Porque a vossa internet não permitia que todos ligássemos as câmaras e que ao vos ver, me lembrassem porque estava eu ali. Porque a razão era só uma: era por vocês.
A humanidade prevaleceu
Em busca de alguma humanidade, pedi-vos que ligassem as câmaras algumas vezes não para vos controlar, mas só para que me deixassem ver o ingrediente mágico na vida de um professor: os alunos.
Cada vez que vos via parecia que me davam um balão de oxigénio para aguentar mais um bocadinho. E aos poucos, fomos encontrando estratégias para acabar o semestre sem que se perdesse a humanidade – às vezes de forma tão criativa que vão ficar para sempre na minha memória.
A vocês, que espero que acabem o curso rapidamente para nos tornarmos colegas, desejo-vos o melhor do mundo. Que sejam fortes e que não desanimem se o mercado não estiver já pronto para vos receber. Que se mantenham criativos mesmo em tempos de confinamento. E que façam as pazes, com qualquer dor que vos surja por isto vos ter acontecido no último ano do vosso curso.
O melhor está-nos a acontecer
Pode parecer estranho ou ingénuo dizer isto — mas é em temos duros que faz sentido relembrar. Mesmo sem sabermos bem como “o melhor está-nos a acontecer”. E eu não podia ter escolhido outros alunos para partilhar esta aventura.
Boa sorte e que a vida vos sorria sempre!
Nota: Fotografia por Verónica Silva
