A importância da nutrição na gravidez

Mónica Pitta Grós Dias // Julho 19, 2020
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Na primeira fase dos «primeiros 1000 dias» (o período pré-natal) a mulher, como não poderia deixar de ser, adquire o papel central. Muito embora o progenitor masculino seja determinante pela contribuição com «material genético», ela é, efetivamente, o receptáculo para o desenvolvimento e o crescimento do feto, desde a conceção até ao nascimento, pretendendo-se que o ambiente seja o mais favorável possível.

É durante o primeiro trimestre de gestação que decorre o desenvolvimento do embrião e a formação da placenta e dos órgãos; durante o segundo trimestre regista-se o desenvolvimento dos órgãos e o início dos movimentos fetais e, finalmente, no terceiro trimestre, ocorre um rápido crescimento de todo o corpo e dos órgãos, e um aumento da gordura corporal. Daqui se depreende que o peso ao nascimento é um forte marcador da qualidade nutricional do ambiente in útero.

A importância de controlar o peso antes da concepção.

O estado nutricional pré-gestacional tem uma influência significativa na concepção, devendo o peso corporal estar adequado em relação à estatura.

A aferição mais usual desta relação é feita pelo Índice de Massa Corporal (IMC), que é calculado pela divisão do peso (kg) pela altura em metros ao quadrado (m2). Durante a preconcepção, o IMC da mulher deve situar-se no intervalo de 18,5/24,9 kg/m2, considerando que valores abaixo ou acima desta faixa podem constituir risco para a saúde materna e/ou fetal. 

O excesso de peso em mulheres na idade reprodutiva representa um dos principais fatores de risco para a gestação.

No atual cenário nutricional verifica-se que o excesso de peso em mulheres na idade reprodutiva representa um dos principais fatores de risco para a gestação, sendo a prevalência de sobrepeso e obesidade bem superior aos casos de baixo peso. Por esta razão, recomenda-se a perda de peso, planeada e supervisionada, antes da gravidez, visando minimizar possíveis intercorrências clínicas como a diabetes gestacional, síndrome hipertensivo, tromboembolismo, parto prematuro, entre outros, mais frequentes nestes casos de sobrepeso ou obesidade.

O controlo de peso antes da gravidez não requer dietas restritivas, nem tão-pouco devem ocorrer de forma abrupta.

As recomendações de uma alimentação saudável para mulheres que desejam engravidar e necessitam de perder peso preconizam uma alimentação equilibrada em quantidade e qualidade, atendendo aos princípios da variedade, moderação e prazer, e baseada em práticas produtivas adequadas e sustentáveis.

A alimentação saudável caracteriza-se pela ingestão ideal de nutrientes, com o objetivo de manter o estado de saúde do organismo e o seu funcionamento da melhor forma possível.

Não há uma dieta perfeita para todas as pessoas, embora existam normas que se aplicam à população em geral. 

A adoção de hábitos alimentares saudáveis promove o rendimento mental e intelectual, o equilíbrio emocional e o rendimento físico. Estão associados a uma menor incidência de doenças crónicas e a uma maior duração de um padrão de vida saudável. 

Ter hábitos alimentares saudáveis não significa fazer uma alimentação monótona ou restritiva, sendo a variedade a recomendação fundamental para uma alimentação equilibrada. Quanto mais variada for a seleção dos alimentos, melhor será a escolha. Diferentes alimentos fornecem nutrientes distintos, o que potencia e enriquece o plano nutricional diário.

O principal fator determinante do crescimento fetal é o ambiente nutricional e hormonal em que o feto se desenvolve.

O termo «programação metabólica» descreve um fenómeno através do qual a intervenção nutricional precoce, durante um período crítico e específico do desenvolvimento do feto, acarreta um efeito duradouro e persistente ao longo da vida do indivíduo, predispondo-o ou não a determinadas doenças.

A forma como a grávida se alimenta marca o desenvolvimento genético do feto e pode ser determinante para o proteger de várias patologias crónicas. 

A nutrição fetal é onde tudo começa.

Os aportes nutricionais influenciam o desenvolvimento da estrutura e da expressão genética do feto no período que vai da concepção ao parto. Se esses efeitos serão positivos ou negativos dependerá da forma como a grávida agir durante esta fase.

É importante que a grávida tenha boas indicações nutricionais, já que está provado que os primeiros dias após a concepção são talvez os mais importantes da programação genética.

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